Levando música para quem não escuta

 

Fala meu querido leitor, tudo bem? Seja bem vindo ou bem vinda, se for sua primeira vez por aqui.

Tem sido muito gratificante para mim coordenar os recentes painéis sobre Educação Musical, tanto presencial como via online através das várias regiões e estados brasileiros, aqui no blog SANTO ANGELO.

Afinal, foram tantas opiniões diferentes sobre o tema, não foram?

E se você ainda não leu, ou não se lembra de ter lido, sempre é bom recordar clicando aqui para ouvir os paulistas Kleber K. Shima e Maurício Alabama, nesse outro post  com os paranaenses Alexandre Almeida e Airton Mann, nesse outro  para escutar os gaúchos Sasha Z e Bruno Mello e, se ainda quiser aprender mais, ouvir os baianos Ricardo Primata e Jonathan Raphael nesse post dahora.

Antes de prosseguir com o tema de hoje, quero fazer uma pergunta: quantas vezes você deixou de estudar guitarra ou outro instrumento essa semana? Pensou muito e não sabe ao certo porque procrastinou tanto sem nenhum motivo aparente.

Reflita o quanto você pode evoluir e crescer na música.

No entanto, você reparou que citei várias vezes o verbo OUVIR?

Há dois meses atrás, nós alteramos o formato do blog para adicionar, além dos textos, partes daqueles depoimentos em áudio para incluir nossos amigos músicos que, infelizmente, não enxergam totalmente, como eu e você.

É justamente nesse ponto que eu gostaria de interromper a série de painéis sobre Ensino Musical, para te perguntar como nós todos poderíamos incluir também outras pessoas que não escutam totalmente, como eu e você?

Ou seja, será que a Música poderia realizar o milagre de incluir pessoas surdas ou com grave limitação auditiva?

Por mais incrível que possa parecer, a resposta é SIM e quem nos dá mais detalhes sobre esse tema é o professor Fábio Bonvenuto,  aqui mesmo de Guarulhos/SP.

Um músico dedicado que certamente você irá se emocionar ao ler nossa entrevista. Bora lá?

 

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SANTO ANGELO: Hoje em dia, fala-se muito em Inclusão Social, tanto em Gênero e Raça, como em Pessoas com Deficiência. Como a Música pode ajudar nessa missão, principalmente entre os PCDs?

FABIO BONVENUTO: A música é uma linguagem universal, a pessoa com deficiência, quando se utiliza deste recurso, aprende e compreende seu lugar numa sociedade ainda em construção.

Ela se reconhece como protagonista, entendendo suas limitações e possibilidades de superação. Portanto, cresce como indivíduo e sociedade.

SA: Quem é o Professor Bonvenuto e como se inspirou a desenvolver o Projeto Música do Silêncio aqui no Brasil e em outros países?

FB: Sou descendente de imigrantes italianos, filho de militar e músico e neto de fabricante de instrumentos (meu avô trabalhou na Weril Instrumentos Musicais Ltda. toda sua vida).

Tive dois tios com deficiência visual, o que sempre me sensibilizou para a causa das limitações visuais. Estudei na Escola Municipal de Música de São Paulo, fiz Musicoterapia, Musicografia Braille e Licenciatura em Pedagogia.

Atualmente, sou professor titular concursado na Prefeitura de Guarulhos em São Paulo. Além do idealizador da Banda Música do Silêncio  e Coordenador do Núcleo de Inclusão Musical.

Nota do Revisor: A Weril Instrumentos Musicais Ltda. encerrou suas atividades fabris, mas você pode conhecer o que representou essa centenária indústria brasileira clicando aqui

SA: Esse projeto é bem aceito ou ainda existe muito preconceito contra os PCDs?

FB: O projeto tornou-se referência em inclusão por meio da Música, multiplicando as ações nas universidades, entidades ligadas à inclusão e outros países como: Portugal, Alemanha e Uruguai.

A Agência Reuters publicou matéria em 36 países sobre a banda. Isso é uma grande honra para quem batalha todos os dias pela Música e causa.

SA: O quê é necessário para que outras escolas de Música e professores se engajem nesse projeto e sigam seu exemplo?

FB: Vamos lá. É necessário entender que a inclusão não é mais uma opção, mas sim uma necessidade e já existe uma legislação e regulamentação própria.

Como músico e professor entendo que existe muita carência de informações a respeito. Temos, por exemplo, um software que possibilita a transcrição de partitura para o Braille, desenvolvido pela UFRJ. Um projeto incrível que deve ser divulgado e prestigiado.

SA: Poderia nos contar com são as reações de quem sente a experiência da Música pela primeira vez, mesmo sem o sentido da Audição?

FB: Nossos alunos com deficiência auditiva se emocionam todas as vezes que reconhecem um novo elemento musical. Na verdade, eles sentem essas vibrações desde sempre, mas não tinham um significado.

Dessa forma, as aulas de Música permitem discriminar essas vibrações, permitindo fazer arte com elas, proporcionando emoções e sensações que só é possível por meio da Música.

SA: Que conselhos o senhor daria para uma família ou mesmo os amigos que desejarem conceder essa experiência a um PCD? 

FB: A orientação mais importante é que “Nada que for feito por eles, pode ser sem Eles”. Eles (os PNE’s) precisam participar de todo o projeto: escola, repertório, método de estudo e todas as apresentações.

Enfim, quero convidar os interessados em levar esse projeto para suas escolas e cidades que entrem em contato comigo para maiores detalhes.

Gostaria também, de agradecer a SANTO ANGELO por proporcionar um espaço para divulgação da Música e da sua acessibilidade aos PNE’s.

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Sou eu e toda a equipe aqui da SANTO ANGELO quem agradecemos ao professor Bonvenuto pelo trabalho verdadeiramente missionário que realiza e esperamos, que você leitor, que tem todos os sentidos em ordem, que valorize ainda mais seu aprendizado musical.

Lembre-se: depois de ler toda essa história de superação e força de vontade. Você ainda vai continuar procrastinando? Espero que tenha ânimo para seguir em frente com todo empenho. E se for preciso, observe o que faz você adiar os estudos e que tipo de atividade tira sua concentração. Crie mecanismos para evitar todos os tipos de abstrações.

Feito isso, peço-lhe que compartilhe esse conhecimento com seus amigos e amigas nas redes sociais, para que mais pessoas com necessidades especiais possam ter acesso à Música em suas vidas.

Abraços e até a próxima.

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Lygia Teles, é Relações Públicas e especialista em Gestão de Marketing pelo SENAC-SP. Desde janeiro/16 integra a equipe de Marketing e Comunicação da marca SANTO ANGELO.

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