Bloco de carnaval: o negócio está feio e o seu nome está no meio

2016-02-08 - FB

Chegamos ao Carnaval, esse feriadão que, para muitos brasileiros, é o momento irreverente que marca o real início do ano, como se houvesse um buraco cósmico e temporal nesses quase 45 dias de 2015. Época de diversão, alegria e festa mais procurada pelos turistas, mas que também podem significar muito trabalho para os músicos. Assim, ao invés de falarmos da festa em si, vamos abordar o tema dos blocos, onde estão as reais oportunidades para quem toca um instrumento musical.

Podemos definir o Bloco de Carnaval como manifestações populares locais e organizadas, que contam com pessoas desfilando, trajando fantasias ou mesmo vestidas de forma comum, com o intuito de se divertir pelas ruas de um bairro ou mesmo uma cidade. Alguns até constituem uma agremiação com estatuto e diretoria, quase sempre com nomes engraçados e irreverentes. E esse movimento é bem antigo, datado de meados do século XIX, onde a premissa sempre foi se divertir.

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Em 1889 apareceram os primeiro blocos “licenciados” pela polícia da cidade do Rio de Janeiro, momento no qual já contavam com certa organização e responsáveis por atrações e regras do bloco. Com o crescimento desse tipo de movimento, alguns continuaram como os chamados cordões (grupos menores) e outros ascenderam ao status do que conhecemos hoje como escolas de samba. Vamos nos concentrar nos blocos mais acessíveis, aqueles que não necessitam de local específico, como por exemplo, uma Sapucaí no Rio, e onde ninguém precisa pagar entrada.

Vocês com certeza já viram um trio elétrico, caminhão que vira palco ou mesmo um carro equipado com som para divertir o pessoal na rua durante o carnaval. E são nesses “palcos moveis” que surgem as vagas para músicos fazerem um caixa extra no Carnaval.

Muitos podem dizer: “não vou subir lá pra tocar músicas de Axé porque gosto mesmo é de Rock”. Claro que você pode ter preferência por um estilo, mas tocar de tudo o torna um músico mais experiente e com maior conhecimento, fora o “networking” com promotores de eventos que você pode fazer. E ninguém está dizendo que você não pode montar o seu próprio bloco com as músicas que quiser. Boa ideia, não é?

Os blocos mais tradicionais no Brasil estão no Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Na cidade do Rio, o Cordão da Bola Preta (que reúne cerca de 1 milhão de pessoas por ano) é um dos blocos mais tradicionais, entoando marchinhas de carnaval e sambas (não confundir com pagode). Em Olinda e Recife, os blocos, como o Galo da Madrugada passam a noite com a animação do Frevo. Aliás, nosso endorsee Luciano Magno é um dos grandes interpretes a se apresentar nesse e em outros blocos da Recife.

Já em Salvador, o Axé domina as ruas, sem falar de outros estilos que surgem e morrem durante os dias de Carnaval. Dessa forma, os estilos podem ser bem diferentes, mas todos eles precisam de guitarristas, violonistas, baixistas e bateristas (dos maiores aos menores).

Em São Paulo, os blocos voltaram com tudo desde o ano passado (2015), inclusive um muito interessante, o Sargento Pimenta, bloco com referência ao álbum dos Beatles, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (olha o rock ai) onde as marchinhas são inspiradas nas músicas deles.

Esse tipo de trabalho sazonal, normalmente, gera um retorno financeiro bem interessante (não espere milhões, ok?) e uma visibilidade monstruosa. Imagine se vocês tocarem bem aquela música da Ivete ou aquele Frevo tradicionalíssimo e as lentes das câmeras de TV te focalizarem? Com certeza, muita gente vai lembrar. Fora toda a animação e energia de quem assiste que certamente influenciará novos convites para trabalhos melhores.

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Existem formas de vocês entrarem nesses grupos já existentes (que são muitos, e não só os citados acima), como se afiliando a um bloco ou escola informando que tocam um instrumento musical. Além deles, existem também agremiações de bairro que tem seus próprios carnavais de rua ou mesmo, como dissemos acima, criando seu próprio bloco. Lembre-se de usar as dicas de apresentação pessoal ou da banda conforme ensinamos aqui no blog.

Pronto, você conseguiu uma vaga para um desses blocos. Agora, para se manter impecável durante a apresentação, lembre-se dessas dicas básicas:

Bebeu agua? NÃOOOO” – Tome muita agua, mas muita mesmo. Cerveja é bom, mas não hidrata o suficiente e você não quer desmaiar no meio do show por causa do calor, certo!?

Foi a Camélia que caiu do galho…” – Dica que vale para qualquer palco em movimento, principalmente em trios elétricos. Eles são equipados com barras de proteção, mas não abuse da sorte e da presença de palco, você pode se machucar feio caindo dentro ou fora dele.

O sol é seu, o som é meu” – Em blocos pela manhã, proteja-se do sol usando protetor solar de fatores altos (30 no mínimo). Você não quer terminar o carnaval lotado de bolhas e queimaduras na pele.

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“Me dá um dinheiro aí.” – Carnaval passa rápido e os empresários costumam esquecer o cachê que combinaram. Faça um “contratinho” garantindo valores, datas e formas de pagamento e horário de trabalho.

“Olha a camisinha do Zezé” – Tenha sempre uma no jeito. Vai que …..

Enfim, o importante de toda essa experiência de tocar no Carnaval é criar outros laços com a Música, expandir seu universo sonoro, divertir-se e, é claro, alavancar mais a sua carreira e conhecimento como músico.

Aproveite o carnaval e depois nos conte como foram suas experiências musicais, ok?

Até a próxima porque “Quem é forte, vai sambar, até de manhã”.

Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.




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