Direito autoral no YouTube

28-09-15 Links - Direito Autoral no Youtube

Por Dan Souza

Olá pessoal, tudo bem? Aqui é o Dan Souza, responsável pelas relações com o time de artistas da SANTO ANGELO e blogueiro, quando necessário, para divulgar estratégias de comunicação e direitos autorais com todos vocês. Dois exemplos recentes do que escrevi são os posts sobre “Manual de Network” e “Direitos Autorais: o que eu recebo pela minha música”.

Conversando sobre esses temas com músicos e visitantes na Expomusic 2015, surgiram algumas questões na minha cabeça. Imagine comigo a seguinte situação:

Você está caminhando pela feira, aproveitando o clima e a música que exala dos estandes e, de repente, passando pelo estande da SANTO ANGELO, vê o nosso grande endorsee Ozielzinho tocando sua música autoral mais conhecida, “Isabela”. Automaticamente, você saca o celular e filma aquela bela apresentação, sem contar que só o carisma e humildade do Oziel (que quase trouxe o Guitar Idol para o Brasil, depois do Gustavo Guerra) vale o show e porque não dizer ter estado na feira.

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Chegando em casa, você corre para o seu computador, descarrega o vídeo no HD e o posta no seu canal do YouTube para que os seus amigos vejam que você estava lá e além da selfie, também filmou o Ozielzinho e toda a sua técnica, certo? Aproveitando que, enquanto configura os vídeos, você decide monetizá-lo (se você não sabe o que é isso, clique aqui e se informe). Uns centavinhos de dólar nesse momento difícil fazem muito bem, não é verdade?

De repente, os seus amigos começam a compartilhar freneticamente o seu vídeo e as visualizações começam a subir: 1.000… 2.000… 3.000 visualizações… nossa!!!… Você produziu um viral. No entanto, como alegria de pobre dura pouco (como ensina a cultura popular), em certo momento, você recebe uma notificação dizendo que está utilizando conteúdo de terceiros para ganhar dinheiro e a monetização é interrompida. Pior… a advertência avisa que seu canal no YouTube vai tomar um STRIKE se não regularizar a exibição.

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Como você fica nessa situação?

Imagino que deva ficar “p.” da vida porque, afinal, o YouTube te sacaneou e tirou sua possibilidade de ganhar dinheiro com o vídeo que você mesmo filmou e editou. Ou seja, uma criação sua. Será?

Lembra-se quando citei meu post acima sobre direitos autorais?

No caso da música “Isabela”, você não tem motivos para esbravejar. Como nós sabemos bem, o Ozielzinho tem essa composição registrada na Biblioteca Nacional, logo, nada mais justo do que ele receber por sua obra, mesmo que você tenha filmado.

Mas e se a música não fosse registrada?

Existe a política da boa vizinhança. Você conseguirá monetizá-la, mas será que é o certo a se fazer? Seria a mesma coisa que copiar uma tese de mestrado do Google Books e colocar o seu nome para tirar um 10. É justo?

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No caso da internet, a questão do direito autoral é (ainda) obscura e a legislação não tão funcional. Por isso, no caso do YouTube, existem algoritmos ou robôs que reconhecem, através de varreduras periódicas nos zilhões de vídeos postados todos os dias, aqueles cujo conteúdo pertença a alguém de direito.

Ozielzinho tem todo o seu conteúdo original monetizado devidamente. Logo, se alguém postar uma música dele, em breve será avisado de que o autor do conteúdo reivindica os direitos da música. Mas como isso funciona?

Para garantir esses direitos autorais, nasceram as networks.

Como o trabalho dos funcionários do YouTube começou a ficar pesado na questão de reivindicação de direitos autorais, eles resolveram abrir as portas para a criação das “empresas de network” que fazem esse trabalho como parceiros do YouTube.

Normalmente, elas se focam em um único nicho (música, games e culinária são os mais comuns) e exercem as seguintes funções:

Organização de publicidade: não adianta ter um vídeo de um solo do “Dream Theater” aparecendo ao lado de um vídeo de “como fazer pão de queijo”. As networks fazem um caminho para que você chegue aos canais que são mais interessantes visto o que você procurou.

Cross-promotion: termo bonito que podemos chamar de “ajuda para os Brothers”. Você impulsiona o canal de outro membro que faz o mesmo para você. É um círculo virtuoso.

Contato com o YouTube: falar com alguém dentro do grande “PLAY” às vezes é difícil e as networks facilitam esse contato como intermediários.

Direitos Autorais: a política autoral online não é tão diferente da vida real, porém, os “robozinhos” conseguem achar com mais facilidade os conteúdos duplicados, dando direito ao autor real do vídeo. Além disso, eles tratam de liberações de outros conteúdos para que os parceiros possam usar sem dores de cabeça jurídicas.

Além de tudo isso que é feito online, temos a parte off-line que engloba agenciamento de talentos, espaço físico para produção (não é de graça, mas tem todo o equipamento para deixar seus vídeos ótimos) e a comunidade em si, te apresentando pessoas que têm os mesmos interesses que você.

“Legal, se o YouTube é de graça, esse serviço também deve ser”.

Errado se pensou assim, meu querido Youtuber. A network é uma empresa e precisa ganhar algo com o trabalho que fazem. Normalmente elas ficam com uma porcentagem da monetização do seu conteúdo. Por exemplo, se esse valor for de 35%, a cada U$ 1,00 que você ganhar, U$ 0,35 são deles. E esse valor já é encaminhado para a empresa, via um sistema do YouTube. Logo, se você for afiliado a alguma delas, o que você verá de crédito no painel do seu canal, será efetivamente seu.

Alguns músicos se beneficiaram bastante com as networks uma vez que, com o trabalho focado no conteúdo, acabaram obtendo mais inscritos em seus canais e impulsionando ainda mais as respectivas visualizações.

Dentre essas networks temos a Machinima (games), oneRPM (música, a qual a SANTO ANGELO faz parte), Fullscreen (humor), Tastemade (culinária) e muitas outras. É uma estratégia interessante em fazer seu trabalho aparecer.

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Porém, preciso lembrar a todos sobre como ter uma canal no YouTube que possa interessar a essas redes.

Resumo em quatro palavras: originalidade, roteiro, qualidade e frequência. O motivo de comentar isso é que, se você procurar os grandes canais, eles são originais no que fazem (sempre conteúdo que interessa), seguem um roteiro bem feito (não saem atropelando assuntos), mantém qualidade de áudio e vídeo (não precisa ser 4K, mas pelo menos full HD) e, por fim, pelo menos uma vez por semana fazem uma postagem, no mesmo dia e no mesmo horário. Essa fórmula funciona (mais rápido para uns do que para outros).

O importante é valorizar seu “eu criativo” e respeitar a criação dos outros. A internet é democrática e todo mundo tem voz. O difícil é você convencer as pessoas de que sua voz é relevante no meio da multidão. Faça um bom trabalho que o resultado, mais cedo ou mais tarde, aparecerá com certeza.

Um grande abraço e até a próxima!




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