Interação analógico x digital

2016-05-16 -FBOlá amigos, tudo bom?

Quero aproveitar essa semana, com o gancho do ultimo post sobre racks, para falar mais sobre um assunto tão interessante e que gera certa polêmica (entre puristas e adeptos da tecnologia) quanto “valvulados x transistorizados” (leia mais aqui): a interação entre o sinal digital e analógico. Meu amigo Kleber K. Shima também já explorou esse tema nesse post e também o consultor de áudio, Denio Costa, nesse outro.

Mas, afinal, o que é melhor?

Há quem diga que analógico e digital são como água e óleo, nunca se misturam. Outra corrente de pensamento (até parece filosofia) concorda que em inúmeras situações ambos se completem, mas nem sempre. Outros acreditam que tudo combina com tudo.

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Indiferente da sua visão ou opinião sobre o assunto, entender de que maneira podemos transformar (de acordo com o momento) esses dois recursos em poderosas armas, trabalhando a favor do nosso timbre, torna a conversa muito mais interessante (e as amizades são mantidas, garanto).

Primeiro devemos diferenciar os processadores analógicos e digitais. Os primeiros não convertem o som, mantendo o sinal elétrico. Já o segundo faz duas conversões, iniciando com o sinal analógico tornando-se digital, sendo sua resolução medida em bits, e em seguida, transformando-o novamente de digital para sinal analógico.

Está aí uma das grandes sacadas. Ao entendermos que, o ponto chave na qualidade de um pedaleira digital está no conversor AD/DA (Analogic Digital/Digital Analogic), temos a explicação do porquê de alguns modelos “soarem” mais analógicos que outros.

Vamos um pouco além.

Existem excelentes recursos que podem deixar ainda mais real o som e, ao mesmo tempo, proporcionar a otimização dos recursos que você utiliza, como por exemplo, o uso de drives analógicos ligados ao loop da pedaleira. Os “loops” da pedaleira tem a função de interagir com sistemas externos, acrescentando mais “cor” ao som projetado.

Um exemplo interessante das pedaleiras digitais é a linha BOSS GT onde é possível, na inserção dos pedais em loop, especificarmos qual a posição deles, antes ou depois do pré-amplificador e até o tipo de loop que teremos. Confira na foto abaixo onde nota-se o uso de pedais em uma GT-6:

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Nessa ligação, a sequência é a saída pelo SEND onde podemos colocar uma cadeia de pedais analógicos, retornando, no último pedal para a entrada RETURN da pedaleira. Dessa maneira é possível misturarmos o som do pedal analógico ao som processado, com a vantagem de, em apenas uma “pisada,” acionar tudo que você configurou já que, nesse caso, o efeito ficaria ligado o tempo todo e a opção de liberação do sinal vem de um acionamento no switch.

Isso, sem dúvida alguma, tornou mais fácil a vida de quem não usa muito tipos de drive e precisa de vários efeitos.

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De uma maneira mais prática, vamos supor que nos bancos da pedaleira eu use respectivamente:

  • Som limpo no banco 1;
  • Drive com Chorus e Delay no banco 2;
  • Drive com Delay em outro tempo e Phaser no banco 3; e
  • Drive com Chorus, Reverb, Delay e Harmonizer no banco 4.

Todos esses “presets” poderiam ser acionados com apenas uma pisada mesmo com pedal externo que, estando agora mapeado ao loop, conectou-se à pedaleira, no caso a BOSS GT-6, que só libera o som do Drive externo com o controle do loop de efeitos acionado.

Essa é uma possibilidade muitas vezes deixada de lado pelo mito de que a alteração de um som processado com buffer interno destruiria a qualidade do drive, quando muitas vezes devido a excelente qualidade dos conversores resultam em timbres incríveis.

Esse “nirvana” (não a banda) de interações não se resume aos inseridos em pedaleiras, mas também com pedaleiras que se tornam “footswtiches” ou “midi controlers” de inúmeros equipamentos de ponta como na foto abaixo. Observe o BOSS GT-6 controlando um JVM da Marshall.

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O grande truque, nesse exemplo, é possível controlar, através da pedaleira, a escolha de qualquer um dos 4 canais do JVM em conjunto com quantos e quaisquer efeitos da pedaleira seja necessário, simultaneamente (o que, cá entre nós, é estupendo, tendo em vista a praticidade gerada pelo mapeamento de sistemas via MIDI como já falamos na última matéria).

Observando as tendências do mercado, por mais que a tecnologia MIDI tenha ficado em evidência com os racks há algum tempo, ela foi recentemente “esquecida”. Entretanto, sua funcionalidade vem voltando com força total, devido a praticidade e a possibilidade de inserção a equipamentos de ótima qualidade sem comprometer a qualidade final dos resultados.

Lembrando que o MIDI IN do amplificador está conectado ao MIDI OUT da pedaleira (se o amplificador não contar com entrada MIDI, não funciona). Importante também dizer que esses sistemas são encontrados em inúmeras pedaleiras de outras marcas, como por exemplo, a linha POD da Line6 (que funciona da mesma forma).

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Mas em geral, enquanto as pedaleiras comuns têm apenas um loop, a concorrência fez fabricantes, como a TC Electronics, revolucionarem o mercado com as linhas “Nova System” e “G System”, que trazem um processador digital de múltiplas funções e excelente qualidade, contando com mais opções de loops e altíssima resolução sonora.

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No caso da “Nova System” e também da linha M9 ou M13 da Line6, temos um exemplo de pedaleiras sem os pré-amplificadores e simulações de caixa, com um sistema de buffer interno que se assemelha ao “true by-pass”, trazendo a possiblidade de ligar drives externos sem precisar do loop de efeitos. Os outros pedais entram no INPUT desses pedais e depois de processados, entregam um resultado surpreendente (deixando puristas de queixo caído).

Outra pedaleira que conquistou o mercado internacional, inclusive nos pés de grandes artistas como o grande mestre Steve Vai, foi a “G-System” que trouxe consigo uma proposta inovadora de controle total entre sistemas MIDI, amplificadores e pedais simultaneamente combinados a seus efeitos de alta resolução.

Isso possibilita ao musico que, com apenas uma pisada, tenha controle absoluto de todos os recursos disponíveis.

Fácil!

Confira o exemplo abaixo:

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Com relação aos custos, posso afirmar que temos equipamentos que fazem excelente interação digital/analógico com preços muitos acessíveis, encontrados principalmente em modelos mais antigos, mas com ótimas funcionalidades.

Portanto, vale a pena pesquisar qual deles é ideal para o seu som!

Existem muitas opções de produtos disponíveis, mas agora que entendemos o básico disso tudo, de uma maneira prática, tudo ficará muito mais fácil! Entender o funcionamento dos sistemas que integram nosso instrumento nos traz clareza na hora da escolha e na concepção do que realmente vai nos agradar quando falamos de timbres.

Isso faz toda diferença na hora de tocar!

Estar à vontade com o seu setup representa 80% do caminho na busca do seu timbre pessoal ou, se preferir, da sua assinatura sonora.

Gostaram? Então comentem e me mostrem como vocês montam seus sistemas de interação AD/DA. Se não gostaram, me digam como podemos melhorar nossa abordagem da próxima vez.

Enfim, aguardo vocês no próximo post, onde falarei sobre mais um assunto importante à vida do músico. Curioso? Fique de olho nas mídias sociais da SANTO ANGELO e nos meus perfis para aprender um pouco a mais sobre essa maravilhosa carreira de músico.

Um grande abraço e até a próxima.

Éric Paulussi é guitarrista profissional há 10 anos. Atua também como sideman e professor de Setup de instrumento nas licenciadas do EM&T do interior de São Paulo. Endorsee de marcas nacionais e internacionais, Éric desenvolve workshops passando conhecimentos sobre assuntos envolvendo guitarra e tecnologia.




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