Mitos e Verdades: Strings Retainers são só enfeites?

2015-11-06 - FB

por Dr. Alexandre Berni

Seguindo a linha dos “Mitos e Verdades”, iniciada com o tema dos NUTS no post anterior, hoje abordaremos um assunto que, com todo respeito a quem não entende, julgo ser muito importante e parte integrante para o bom funcionamento de qualquer instrumento de cordas.  Acertou que lembrou dos ”famigerados” abaixadores de cordas,  conhecidos também  como Strings Retainers ou “String Tree”, participantes fundamentais na questão “afinação estética”.

Selecionei alguns abaixadores de cordas mais conhecidos para vocês terem uma ideia precisa do que falaremos adiante:

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A ação de “abaixar as cordas” propriamente dita é necessária para adequação do ângulo de entrada de cada uma das cordas nas respectivas tarraxas. Dessa forma, conseguimos ajustar as alturas entre o nut e as tarraxas, preferencialmente formando um ângulo de 90 graus em relação a haste da tarraxa.

Claro que tudo isso depende da angulação que o headstock que cada modelo de guitarra é projetado. Se o designer souber compensar as alturas através de um “shape” inteligente, não haverá a necessidade desses acessórios. Um exemplo muito comum são as guitarras modelo Les Paul, nas quais além da angulação do headstock ser perfeita, o posicionamento das tarraxas também propicia angulo adequado entrada das cordas, não havendo, portanto, a necessidade de usar abaixadores. Na maioria dos casos, quando um headstock apresenta três tarraxas de cada lado também não há a necessidade dos abaixadores, como na figura abaixo:

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Compare com o posicionamento das tarraxas em linha no headstock:

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Assim como nos nuts, é de fundamental importância que o abaixador de cordas apresente um coeficiente de atrito muito baixo, para que a corda ao se movimentar durante a execução da musica consiga retornar ao seu local de origem, sem perder a afinação. Entretanto, nunca analise esses acessórios em separado para manutenção da afinação, preferindo considerar todo o conjunto: tarraxas, nut, carrinhos da ponte (saddles) e molas, pois todos estão diretamente inter-relacionados com as cordas e a tensão que elas exercem no braço e no corpo do instrumento.

Ao contrario dos carrinhos da ponte e nuts, não acredito que a lubrificação do abaixador de cordas melhora em seu desempenho, seja feito com pó de grafite ou qualquer outro tipo de óleo. Obviamente, esta é minha opinião, mas acredito que o abaixador de cordas deva ser de boa qualidade.

Vamos conhecer os modelos mais comuns de abaixadores. Veja o modelo abaixo, popularmente chamado de “gaivota” e muito conhecido por ser usado nos modelos Stratoscaster de guitarras. Nesse modelo, é importante analisar a parte de baixo da peça, pois caso apresente “ranhuras” ou “imperfeições” na fabricação, aumentará o coeficiente de atrito com a corda e poderá provocar até o seu “travamento”.

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O modelo abaixo é muito comum nos contra-baixos e em guitarras também, toda vez que o instrumento musical necessite utilizar encordamentos  com calibres maiores. Desta forma, a construção mais “robusta” do abaixador utiliza maior base de sustentação  evitando desprender-se da madeira do headstock quando o músico estiver tocando.

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Este outro modelo, conhecido como “roller”, é muito conhecido pela melhor eficiência devido às roldanas que facilitam o deslizamento das cordas. Alguns modelos de Stratocaster saem de fábrica com este tipo de abaixador e nem preciso dizer que é meu preferido caso precise trocá-los como regulagem ou manutenção de alguma guitarra.

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Já esse outro modelo é muito usado em guitarras com ponte tipo Tremulo da Floyd Rose, mas também podem ser encontrados em guitarras com pontes normais e nuts sem trava. Funcionalmente, são muito bons porque abaixam todas as cordas e não apenas algumas como os modelos anteriores.  Alguns luthiers acreditam que este tipo de abaixador pode aumentar a pressão das cordas sobre o nut, acelerando o desgaste. Neste caso, é recomendável o uso de nut com trava, como mostrado na 2ª figura:

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Da mesma forma que existem fabricantes de NUTS em fibra de carbono (explicados no post anterior), geralmente a mesma marca oferece também os abaixadores de cordas do mesmo material, como na figura abaixo. Mais uma vez lembramos que o objetivo principal, tanto do primeiro como do segundo acessório é diminuir o atrito gerado pelo deslocamento das cordas. Infelizmente, não são facilmente encontrados nas lojas de instrumentos musicais, mas disponíveis em algumas lojas online.

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Muitos que estão lendo este post podem perguntar: “ como eu faço para tirar os abaixadores de cordas da minha guitarra porque acho muito feio?”. Esta questão tem uma resposta simples, porém com um custo não tão acessível. Quem tiver essa dúvida e desejo, deverá procurar por tarraxas com hastes de vários comprimentos que compensem as alturas diferentes, como já explicado anteriormente. Veja uma adaptação típica dessa questão na figura abaixo:

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Observe também que o emprego de tarraxas com hastes de comprimentos diferentes deixa o aspecto estético do headstock mais “clean”, além de eliminar uma das peças que em contato com as cordas poderia ocasionar um atrito indesejado ou desafinação.

Reforço mais vez a ideia de que não devemos acusar os abaixadores de cordas como únicos responsáveis por desafinar nossos instrumentos. Caso você fique inseguro nessa análise, levando em consideração os demais itens da sua guitarra, procure conversar com um bom luthier para lhe ajudar porque, muitas vezes, uma regulagem adequada e bem feita do instrumento poderá resolver problema e economizar o seu dinheiro.

Grande abraço e até a próxima.




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