Show ao vivo e online: uma nova forma de gerenciar a carreira

por Isis Mastromano Correia

OK, você toca pra caramba, domina todas as técnicas e agora quer viver do seu talento musical, gerenciando sua carreira de maneira eficaz. Pois bem, eu vou te contar o que nunca alguém te ensinou nas escolas sobre apresentações “ao vivo” tanto individuais como em grupo (ou banda). Vamos lá.

Entre as boas práticas para desenvolver financeiramente a carreira musical, marcar presença na internet é algo essencial para gerenciar a vida profissional do músico e disso já sabemos com propriedade. Mas ter um perfil no Facebook, no Instragram, no LinkedIn ou qualquer outra rede social pode não mais bastar. E pior, limita-lo de angariar boas cotas de público, mais precisamente os membros da turma que tem praticamente a vida toda baseada online e por isso todo seu contato com o mundo, principalmente o das artes, acontece em ambiente virtual.

A internet mudou todo o jogo da divulgação e distribuição da Música com as grandes gravadoras deixando de apostar na cena. Aliado a isso, a demanda por novidades também é crescente e, no meio dos esforços dos artistas em descobrir formas inovadoras de explorar a rede mundial de computadores a favor de seu trabalho é que surgiram os shows online.

Sem palco, sem barzinho, sem agente para negociar as apresentações (e cobrar comissões), sem produtor eles simplesmente marcam um horário com os fãs para aparecerem via Skype, Youtube ou outra plataforma de teleconferência e tocar ao vivo. E claro, são remunerados por isso, principalmente pelo sistema de crowdfunding (financiamento coletivo) onde os investidores são unicamente as pessoas interessadas em acompanhar o show que pode acontecer em qualquer lugar, desde o quarto do músico até um palco de uma casa de espetáculos ou uma sala de estúdio.

Computador e fone ao invéns de ingressos e caravanas de fãs nesse novo modelo de shows

Claro que essa forma de trabalhar com o dinheiro exige também um jeito novo de lidar com o público e por isso é praxe as bandas oferecem recompensas para quem compra uma cota de sua apresentação e elas podem ser CDs autografados ou acesso a conteúdos exclusivos de seu site e afins.

Outro chamariz é o fato de que o artista pode se relacionar diretamente com os fãs e oferecer conversas por chat, além da clara vantagem de não precisar se mobilizar e sair do conforto de sua casa, seja ela em qualquer parte do mundo, para assistir um show e nem ter de esperar em filas ou disputar espaço com outras pessoas para poder acompanhar a apresentação. O público também pode interagir entre si, pedir músicas para a banda e compartilhar na rede suas impressões.

Até agora o que já se tinha bem estabelecido em termos de gerenciamento de carreira eram os casos de bandas reveladas (e até formadas) na internet como Detonautas, NXZero e Restart que usaram da rede para se lançar ao público tendo como base as redes sociais em geral e principalmente as dedicadas à Música, como o quase extinto MySpace.

Shows da sala ou do quarto do músico direto para o seu!

Agora, o resultado dessas iniciativas de se apresentar online vem aparecendo a medida em que mais artistas apostam nessa ferramenta de gerenciar a carreira e que amplia o acesso à produção artística. Alguns pioneiros já são bem sucedidos na empreitada como a tecladista Isis Vasconcellos (já falamos dela aqui no blog).

Com apresentações ao vivo pelo YouTube com  dia e hora marcados, muitas diretamente do quarto da artista, os fãs apoiam financeiramente as apresentações e deixam sugestões das músicas que querem escutar. Nessa forma de se apresentar ao público, Isis já angaria mais de 870 mil seguidores só no Facebook.

Mas não só de pompa vive a iniciativa. Os artistas têm de absorver e arcar com os riscos inerentes a esse tipo de negócio sendo o principal a falha ou má qualidade da conexão com a internet e problemas de transmissão de dados que podem impedir o show de chegar à casa do expectador. O artista tem de estar preparado para devolver os valores pagos ou para outras formas de retornar ao consumidor o que foi investido.

Novos caminhos

Essa nova forma de se apresentar tem ganhado força e empresas do ramo artístico têm investido nos shows online. Até mesmo festivais transmitidos exclusivamente para o público detrás do computador tem acontecido, como o Quero Rock Fest, realizado no mês de outubro durante cinco dias. Foram 10 bandas que se apresentaram virtualmente, oferecendo seus shows no formato “pague quanto puder”. O objetivo foi atrair o usuário de internet interessado em conhecer novas bandas e criar uma nova referência de consumir Música para o público que está conectado.

De olho nesse mercado, empresas dedicadas a esse segmento tem surgido como o Netshow.me, uma plataforma online para a criação de shows ao vivo, onde os artistas podem criar suas apresentações gratuitamente e podem definir inclusive o quanto vão cobrar e para quantas pessoas vão tocar. Para não perder a aura de um show, as apresentações nunca são gravadas e arquivadas.

Você deve se preparar para esse novo tipo de plateia.

Atualmente, assuntos pertinentes ao gerenciamento de carreira e marketing para os negócios da Música têm surgido com mais força nas rodas de conversas dos músicos. Antes, o habitual era apenas ter a preocupação voltada em se preparar para tocar, com ênfase de ganho técnico no instrumento já que quem cuidava dos tramites burocráticos eram as gravadoras e os empresários.

Sem a dependência dessa estrutura atrás do profissional, um músico ou banda pode ganhar autonomia, mas também ter aumentada a responsabilidade de gerenciar seus próprios passos. As ideias e as ferramentas para isso estão ai, bora pensar nisso tudo e tentar?

Até a próxima.

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