Tragédia e Solidariedade

Links - Solidariedade 11-09-15

Por Dan Souza

Olá pessoal, Dan Souza, RA da SANTO ANGELO, por aqui novamente.

Difícil essa data de hoje, não é? Até a galera mais nova deve lembrar (mesmo não tendo visto) do 11 de setembro de 2001, quando as duas torres do World Trade Center foram destruídas por um grupo terrorista em Nova Iorque, EUA.

Esse fato, como tantas tragédias ocorridas pelo mundo, acabou inspirando muitas músicas de grandes compositores e intérpretes, homenageando as pessoas que faleceram e as que impediram que outras catástrofes maiores ocorressem com os passageiros do avião que se dirigia à Casa Branca. Eles reagiram e não deixaram que o voo fizesse mais vítimas.

Entre os nomes que deixaram músicas para esse dia estão: Michael Jackson, Bruce Springsteen, Living Colour, Sheryl Crow, Jacky Hard, dentre tantos outros.

Porém, relembrando a catástrofe e deixando um pouco a dor de todos que sofreram, um ponto me marcou muito: a Solidariedade.

Ninguém mediu esforços para ajudar (alguns até perderam a vida para ajudar outros), a cidade e o mundo se mobilizaram juntos. Todos queriam ajudar, com informações nos arredores, socorrendo quem conseguisse sair do prédio ou mesmo noticiando. Apesar de não poderem impedir a tragédia, o sentimento de solidariedade dos cidadãos ficou aparente demais. Posso até dizer que a tragédia uniu ainda mais os americanos do norte.

Mas o fenômeno não está restrito somente a América. Lembram-me também os recentes tsunamis no Japão, que devastaram cidades e geraram problemas em uma usina nuclear? E novamente estava lá, a Solidariedade movendo a união de todos. Pessoas ajudando a limpar e reconstruir as cidades afetadas, pessoas se dispondo a entrar na usina e ajudar a conter os vazamentos, fora toda a força do país inteiro e do mundo em ajudar com mantimentos e vestuário.

Pesado não é? Por isso pergunto:

Por que precisamos esperar tragédias e crises para nos solidarizarmos e nos unirmos?

Perceba que, em todos esses casos, o trabalho em equipe amenizou muito a situação de todos e fez uma diferença tremenda. Escombros removidos, cidades reconstruídas, sorrisos no rosto.

Trago então esse pensamento para o nosso mercado da música.

Tragédia 1

Não sei se posso levar em conta a cultura egocêntrica de grande parte dos brasileiros de “olhar apenas para seu umbigo”. Entendo completamente essa visão unilateral, visto que temos um país com inúmeras dificuldades para todos, mas que país não tem?

E na Música, o “…” centrismo (deixei reticências para você completar com o que achar melhor) é muito evidente: “eu toco melhor que ele”, “eu tenho pedais mais caros que ele”, “eu faço melhor de olhos fechados”. É o que mais tenho escutado nas redes sociais da SANTO ANGELO, “eu” e mais um monte de “eus” fazemos e acontecemos. Enquanto isso, o MIMIMI corre solto toda vez que alguém se destaca ou sai do pensamento comum nas redes sociais.

Entendem onde quero chegar?

Se em dado momento, pensarmos em “nós” como pertencentes ao cenário musical, será que as oportunidades não aumentariam? Não acho que teria lugar para todo mundo, mas as “vagas” para ingressar nesse difícil mercado seriam mais vastas.

União gera possibilidades. Festivais de bandas independentes são exemplos dessas ideias. Eles juntam os públicos de cada grupo e criam algo para todos tocarem e curtirem. O espectador verá o show de sua banda favorita e conhecerá o som das outras bandas (mesmo que não esteja na grade para assistir). Quem ganhou foi a música, os músicos e o mercado.

Tragédia 2 2

Apesar de concorrentes, já assisti ações com duas ou mais escolas de música que se mobilizaram para levar mais música a quem não tinha condições. Mais um ponto para quem se une e faz acontecer.

Outro exemplo interessante e que diz respeito às empresas do nosso mercado: os eventos paralelos a Expomusic. Ao invés de todas se unirem para organizar um evento inesquecível para nós (que compramos instrumentos musicais e seus acessórios), algumas promovem eventos exclusivos para lojistas e que músicos não podem entrar. Onde está a lógica disso?

Vou minimizar o cenário ainda mais. Se na sua banda não há união e um foco comum, você acha que sairá do estúdio (ou mesmo do quarto) facilmente? Sinto dizer que a resposta é não.

Uma corrente sempre será tão forte quanto seus elos mais fracos.

Por isso, eu recomendo: não esperem uma tragédia acontecer para se relacionar (não falo só das redes sociais), juntar forças, esforçar-se em prol de um bem maior. Fazendo isso, você aumenta suas próprias possibilidades e abre portas para outras pessoas. Músicos, produtores, letristas, professores, luthiers e outros profissionais desse mercado maravilhoso: solidarizem-se e se unam. Eu tenho certeza que esse exercício de somar trará resultados significativos e com maior frequência para a música.

Pense nisso e nos vemos na Expomusic.

Até a próxima!




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