Comprando pedais, pedaleiras e outros equipamentos eletrônicos de áudio usados

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Olá meu amigo, tudo beleza?

Meu nome é Kebler K. Shima e para quem ainda não me conhece, sou professor do curso de Setup do EM&T, além de dirigir a meu próprio instituto musical, o IMKS  e guitarrista de duas bandas de rock.

E para quem já sabe quem sou, não custa nada recordar meu último post , aqui no blog SANTO ANGELO, quando dei algumas dicas sobre como sua banda poderia acontecer em 2017. Note que elas ainda são válidas para sua banda em 2018.

Entretanto, é sempre com muita alegria que mais uma vez escrevo para você e todos os leitores do blog. A ideia de hoje é pegar uma carona no post anterior do Dr. SANTO ANGELO (nosso amigo médico dr. Alexandre A. Berni) e passar algumas dicas para você comprar bons equipamentos musicais usados.

Vou começar com alguma perguntas básicas, que meus alunos sempre me perguntam durante os cursos de setup.

1 – Pedaleiras: Elas ficam obsoletas com o tempo?

Na hora de comprar pedaleiras usadas, tome cuidado para ver se o modelo em questão ainda é fabricado.

Se for um modelo descontinuado, pode ser difícil encontrar peças e normalmente se uma pedaleira der problema, será necessário trocar toda a placa, mesmo se o defeito acontecer em apenas um de todos os efeitos disponíveis naquele equipamento.

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Isso ocorre porque as pedaleiras possuem um sistema de construção chamado SMD (Surface Mount Device) onde são usados até milhares de nano componentes na placa, instalados por máquinas robotizadas de inserção, sendo praticamente impossível fazer o reparo do componente avariado.

Se for necessário trocar toda a placa, esqueça porque muitas vezes o custo é excessivamente alto em comparação com outros modelos mais atualizados.

2 – Pedais analógicos: Quais cuidados devo tomar?

Pedais de circuitos analógicos são mais tranquilos, pois raramente dão dor de cabeça e talvez seja o item mais comercializado no mercado de usados, devido a grande variedade de opções.

Antes de comprar, confira se a chave de footswitch não está com mau contato ou falhando. Verifique também se os knobs não estão raspando ou fazendo barulho. A boa notícia é que esse serviço na assistência técnica autorizada é barato e pode ser trocado facilmente.

Outro cuidado é verificar se não foi feito nenhum “MOD” interno. Algumas empresas fazem modificações no circuito dos pedais para alterar o timbre original, mas nem sempre ficam melhores.

Procure por fotos internas do pedal desejado e quando for comprar abra a tampa traseira com uma chave tipo Phillips para ver se o circuito está idêntico ao da foto. Mas tome cuidado com as versões pois alguns modelos, como o Fulltone OCD por exemplo, possuem várias versões e os componentes sofrem alterações de acordo com a versão.

É raro, mas alguns modelos muito famosos podem ser falsos (exemplo: Xotic BB Preamp, Fulltone OCD, MXR Phase 90, etc.), portanto, verifique os detalhes comparando-os com a foto do site oficial do fabricante.

Pedais que possuem presets, displays e várias funções entram na mesma categoria de pedaleiras que já alertei no item 1.

3 – Amplificador valvulado usado: como escolher?

Na hora de comprar um valvulado usado, verifique se o amplificador não está gerando microfonia. Se estiver, será necessário trocar as válvulas de preamp.

Se acontecer do amp dar uns estalos, enquanto estiver ligado, com certeza a válvula de power deve estar com problemas.

Quando estiver experimentando, dê pequenas batidas em volta do amp para ouvir qualquer barulho estranho. Se o amp tiver reverb de mola, deixe o controle de reverb no zero e refaça esse teste simples.

Válvulas são simples de trocar, fáceis de encontrar e duram anos, desde que esses reparos sejam feitos por um técnico de sua confiança.

Toque num volume alto para ver se os alto falantes estão funcionando corretamente. Pode ser que tenha ocorrido algum recondicionamento desses itens, mas é difícil saber apenas olhando.

Um amplificador valvulado não é tão frágil ou sensível como muita gente pensa. É mais fácil ver um amp valvulado dos anos 50/60 funcionando perfeitamente do que ver um amp transistorizado dos anos 70/80 nas mesmas condições.

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Tome cuidado para não transportar o aparelho com as válvulas quentes ou dar pancadas com o amp ligado.

Quando eventualmente tiver que trocar as válvulas de power, compre pares ou quartetos casados e o leve numa boa oficina técnica para regular o bias.

4 – Marcas importadas que não possuem representação oficial no Brasil

Gostou de um equipamento exclusivo de boutique que ninguém tem no Brasil?

Você pode até ficar muito feliz com isso, mas também reflita que pode ficar sozinho e sem ajuda caso ele apresente algum problema por não possuir nenhum representante oficial no Brasil.

A boa notícia é que hoje em dia é mais fácil achar técnicos e oficinas independentes que fazem reparo daquele amplificador importado que ninguém conhece ou daquele pedal handmade feito no leste europeu no fundo do quintal.

Agora se for um equipamento mais hi tech, como o último simulador de pedais e amps com tela Touchscreen, Bluetooth e 50 recursos extras:  tome cuidado, pois esse tipo de construção (SMD) normalmente não permite fazer reparo em caso de problemas.

O vendedor pode até argumentar que o equipamento está na garantia, mas o que adianta isso se não tiver representação no Brasil?

 5 – Handmade Usado: Vale a pena?

Se você está mais preocupado com um equipamento que atenda às suas necessidades do que saber se ele tem valor de revenda, a resposta é sim.

Já vi muitos casos em que a pessoa comprou um equipamento handmade usado, apresentou problema e o próprio fabricante fez o reparo sem cobrar nada.

A vantagem de se ter um equipamento handmade é que normalmente a garantia é vitalícia e você pode falar diretamente com o fabricante, caso tenha alguma dúvida ou problema, sem contar nas possibilidades de customização e atendimento personalizado.

6 – Placas de som e software

Nesse caso a maior atenção está na compatibilidade do equipamento com o seu computador ou DAW (Digital Audio Workstation).

Se for muito antigo, verifique se ele ainda roda os softwares que você tem instalado na sua máquina e se ainda recebe atualizações no site oficial do fabricante.

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Nesse tipo de situação, é necessário ter muita calma e paciência para checar cada item para não ter a desagradável surpresa do investimento não funcionar no seu set.

7 – Trazendo equipamentos usados do exterior

Se você viajar para o exterior e comprar um equipamento usado para trazer para o Brasil, você deve checar o valor máximo permitido ( com origem nos EUA o limite do que você pode trazer é US$500,00).

Se você gastar mais que isso, terá duas opções:

#Declarar o valor excedido e pagar a taxa equivalente.

#Ir na seção “Nada a Declarar” e tentar a sorte. Caso a Alfândega Brasileira te barre, você terá que pagar multa e mais a taxa sobre o valor excedido. Em alguns casos eles apenas passam as malas pelo raio X e não as abrem caso não desconfiem de nada.

Mas se eles abrirem e questionarem sobre determinados itens, provavelmente irão checar no computador o valor do produto para ter uma ideia de quanto vale, independente de ser novo ou usado. Esse valor será determinado pelo fiscal alfandegário para calcular todos os impostos, multas e taxas envolvidas na importação…

Caso leve algum pedal ou pedaleira na bagagem de mão, retire da mochila e coloque numa bandeja separada antes de passar no Raio-X do embarque. Você não quer ser tratado como um potencial terrorista, certo?

Equipamentos comprados no exterior normalmente não possuem garantia no Brasil, mesmo havendo uma importadora oficial no país. A maioria das importadoras só arcam com os custos da garantia de produtos vendidos por elas no Brasil.

Não desanime com minhas dicas, porque muitas vezes os preços dos equipamentos e acessórios musicais compensam todo o trabalho que expliquei. Mas fiquem espertos, combinado?

Grande abraço pessoal e até a próxima!

Kleber K. Shima é bacharel em música pela FAMOSP e pela extinta ULM. Atualmente é professor do curso de Set Up e prática de bandas (Projeto On Stage) da EM&T Jabaquara (SP), é proprietário do Instituto Musical IMKS e guitarrista da banda Hot Rocks.

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