Marketing Pessoal em tempos de internet

por Isis Mastromano Correia

Há 20 anos era muito comum que o músico que precisasse promover seu trabalho tivesse de recorrer a revistas especializadas enviando fotos e demonstrações de suas canções, por vezes na finada fita cassete. Na mesa do editor, o músico ou a banda entravam numa fila incalculável para disputar atenção com gente na mesma situação. Passivo a um olhar estrangeiro do crítico musical, as coisas nem sempre saiam publicadas ou tomavam o rumo da maneira que o profissional da música planejou.

Duas décadas depois, graças à internet, a influência de terceiros sobre o trabalho dos músicos no que diz respeito à sua promoção mudou radicalmente. Hoje é possível dominar todos os passos da divulgação, sem interferência e, assim, exibir os pontos que considera forte e subtrair aquilo que, nas mãos de estranhos poderia ganhar uma proporção até mesmo irresponsável e negativa.

Publicar vídeos com suas músicas instantaneamente, sortear ingressos, CDs, camisetas e até mesmo marcar um horários para trocar ideia com a galera por chat são mecanismos de Marketing Pessoal que a Internet possibilitou, sobretudo, com o uso de ferramentas como o Facebook, Google+, Twitter, Skype e Instagram. Na vanguarda desse movimento houve outras ferramentas para os artistas visionários como o Orkut e o My Space que perderam a força com a chegada das novas plataformas que se tornaram mais populares e que, por isso, se fazem quase que obrigatórias no repertório de táticas publicitárias de um músico.

Para contribuir com a formação de uma boa imagem na rede, alguns artistas têm apostado na interação total com seus seguidores, seja respondendo às postagens do pessoal, seja seguindo de volta o perfil do fã que, claro, sente-se prestigiado na mesma dose.

Não precisa ser muito antenado para sacar que até mesmo artistas que sempre declararam claramente não gostar de internet, ainda assim, fixaram base nesse território, claro, nem sempre administrado por ele próprio e sim por uma equipe. O resumo da ópera é que o importante é estar lá, mesmo o músico que não almeja, mas, precisa mostrar seu portfólio para conseguir trabalho. O que não pode é se dar o luxo de não estar na rede.

Vocês podem estar se perguntando: e onde vou conseguir recursos para bancar toda essa comunicação pelas redes sociais? Se fosse fácil, imaginem quantos já teriam feito na sua frente, não é verdade? Meios existem e um deles é o sistema de “crowdfunding” ou seja, uma forma de arrecadar doações de várias pessoas amigas ou estranhas, mas que estão a fim de te ajudar por meio de plataformas já existentes.

O Patreon é utilizado por músicos e artistas de outras áreas

Bons exemplos têm pintado nessa área e que podem te inspirar como o da paulista Isis Vasconcellos, tecladista e cantora que identificou um nicho interessante para trabalhar sua música com o uso da plataforma Patreon, uma das ferramentas que simplificaram a maneira de se financiar arte com crowdfunding, novidade na web.

Isis se especializou em interpretar trilhas sonoras de vídeo games e animes e, para monetizar seu trabalho em plataforma virtual, entre outras artimanhas, convida seus seguidores a pagarem por apresentações suas com hora marcada: ela do lado de lá e o expectador do lado de cá da tela.

Voz, teclado e músicas de jogos ou animes chamaram atenção do público de Isis

A artista declara: “um pequeno gesto pode mudar o mundo e doando um pequeno valor por vídeo que eu produzir você irá mudar o meu. Além de me ajudar investindo em minha música, você também ganhará prêmios por isso, desde um sincero agradecimento em uma live até um pocket show de 4 músicas exclusivo via Skype. Todo dinheiro arrecado no Patreon será investido em minha música”, descreve Isis que tem 47 patronos no Patreon e que sugere a doação de US$ 1 por música.

Com 60 canções disponíveis no Patreon, Isis arrecadou até o momento US$ 584 por vídeo publicado, segundo o Patreon indica. “Se você acredita na minha música, me apoie no Patreon, 1 dólar já ajuda demais”, declara a artista. O Patreon é ainda uma forma de manter muito clara a relação entre fãs e o artista financiado, pois, logo na home page a quantidade doada por todos os seguidores a cada artista é indicada. Quando isso seria possível no quase extinto mundo das gravadoras, onde financiávamos nossos músicos prediletos com a compra de seus discos, mas, jamais saberíamos ao certo o quanto do nosso dinheiro foi de fato revertido para ele de verdade?

Além do Patreon, Isis tem uma verdadeira legião de seguidores em todas as plataformas sociais da internet. No Facebook tem 463 mil seguidores e no YouTube tem 356 mil inscritos. Sua marca é ser uma musicista afinada com o estilo de vida e de quem fala a língua dos otakus e amantes de games, uma tendência que o guitarrista e professor Marcelo Naudi (sobre quem já falamos aqui no Blog Santo Angelo) confirma. “A frequência de alunos que me procuram para aprender a tocar músicas de vídeo games tem crescido bastante. É um movimento novo, que, em anos lecionando, é novidade para mim”, conta. E Isis é um exemplo de quem soube entender as novas demandas e fazer bom uso disso, claro, respeitando seu próprio estilo. Outro músico que investe no tema games e desenhos é nosso endorser Ozielzinho (confira o aqui o vídeo aqui)

Mas nem só de jovens que nasceram “via USB” é feita a rede. Nosso conhecido médico e guitarrista Roberto Torao é outro dos desbravadores brasileiros que estão se beneficiando do Patreon. Por lá, seu trabalho conta com 129 patronos. Torao descreve que produzir vídeos de qualidade custa caro e que tudo o que publica é financiado por ele próprio. “Decidi que em 2014 se o canal (no YouTube com 32 mil inscritos) não ajudar a pagar as despesas extras, ele pode acabar ou provavelmente diminuir o ritmo dos vídeos. Se você é fã do meu trabalho, por favor, participe deste Patreon e seja mais de que um fã, seja um parceiro e vamos continuar a manter vivo o melhor conteúdo em música no Brasil!”, ele descreve.

Outro exemplo que podemos citar é do nosso amigo Rodrigo Itaboray que se ocupa no Patreon com todo tipo de informação para homestudios ajudando centenas de músicos a lidarem com essa tecnologia.

A internet joga na nossa cara que conceitos precisam ser revistos, agora, a todo o instante e que quem souber fazer bom uso das redes pode, mesmo de dentro de seu quarto, passar adiante de gente escolada, mas, que não soube entender o clamor de seu público ou mesmo cativar uma fatia do público em geral, cada vez mais exigente de interatividade.

Concorda com esse conceito ou não? Escreva seus comentários, dicas e sugestões de como melhorar o Marketing Pessoal.

Até a próxima.

SERVIÇO

www.patreon.com

 




Um comentário em “Marketing Pessoal em tempos de internet

  • 11 de março de 2016 em 4:03 PM
    Permalink

    Isis é gaúcha. 😀

    Resposta

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