Meu violão e o nosso cachorro…

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E ai pessoal, tudo bem?

Aproveitamos o hit da Sofrência para sairmos das regulagens dos instrumentos elétricos que falamos nos posts anteriores (guitarra e baixo, respectivamente), para entrar na manutenção de um dos instrumentos acústicos mais conhecidos em nosso país: o violão.

Cachorros e violões são comuns em quase todas as casas brasileiras que respiram Música, não é mesmo?

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Isto porque o Violão é o instrumento musical mais vendido no Brasil até hoje. E cachorros… quem não gosta deles?

Via de regra, os brasileiros e brasileiras curtem o violão por vários fatores tais como preço, facilidade de encontrar e não precisar de outro acessório ou equipamento eletrônico.

Portanto, se na sua casa não tiver um deles, com certeza alguém na sua família tem um, mesmo que seja um modelo antigo que pertenceu ao seu avô.

Ah…! Foi você quem abandonou o violão por falta de tempo para tocar ou mesmo para aprender?

Não se preocupe. Sabemos que muitos desses violões estão por ai, encostados em algum canto da casa, dentro de um baú enrolados em uma cortina (acredite se quiser isso já aconteceu) ou empoeirados em cima do armário.

Você pode até pensar que esse violão não tem mais utilidade.

#errou

Pois saiba que pegamos um antigo violão e com alguns ajustes conseguimos trazê-lo de volta a vida. Claro que não podemos esperar que um velho e surrado violão se torne um Takamine ou um Martin, mas bom o suficiente para te animar a tocá-lo novamente.

Que tal pensar numa canção para quem você ama ou mesmo planejar um luau com a galera (com certeza vai rolar Legião Urbana)?

E como temos dito em posts anteriores, se nós conseguimos, por que você não faria o mesmo? Por isso, convidamos novamente o Dr. Alexandre Berni e o luthier Renato Moikano para compartilhar conhecimentos conosco e deixar seu violão tinindo. Confira.

Ao contrário da guitarra e do baixo, o violão não tem uma ponte complexa e regulável, que te possibilita um ajuste mais preciso.

Na guitarra podemos, por exemplo, regular a altura das cordas através de parafusos.

Já no violão deveremos trabalhar no rastilho que fica inserido no cavalete do violão, conforme mostra a figura abaixo:

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Nesta regulagem usamos apenas a chave Allen e uma lixa para madeira. As vezes para adaptação do rastilho necessitamos usar uma grosa pequena.

Com um procedimento simples de lixar a base do rastilho para abaixar a ação das cordas, você consegue resultados incríveis na “tocabilidade”. Porém, deve-se estabelecer um limite para isso.

Se as cordas ficarem muito baixas (próximas à escala), poderão causar trastejamento. Assim, é muito melhor deixá-las um pouco mais altas para evitar este tipo de desconforto sonoro.

Não existe regra para esta regulagem: você deve lixar o rastilho e, quando necessário, a pestana/nut também, testando regularmente até chegar na altura mais confortável para você tocar.

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Claro que esta avaliação vai depender de pessoa para pessoa e, por isso, tanto o rastilho quanto a pestana/nut devem ser lixados com cuidado e aos poucos.

Com calma e destreza, temos certeza que essa forma de regular um violão pode ser feita tranquilamente.

Lembramos também, como sempre, que caso tenha dúvidas ou até mesmo medo de danificar o instrumento, procure um profissional de sua confiança ou nos pergunte nas mídias da SANTO ANGELO. Estamos aqui para ajuda-lo, e não destruir seu instrumento.

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Os violões antigos não possuem tensor do braço, mas os modelos mais novos tem e, para esses, recomendo que procurem um luthier habilitado para fazer os devidos ajustes com ferramentas adequadas.

Se por acaso o luthier não estiver disponível na sua cidade, lembre-se que a regulagem é semelhante a qualquer guitarra ou baixo que tenha esta peça inserida no braço.

Ou seja, volte no post que trata desse tipo de regulagem para guitarras e tente fazer você mesmo, usando as ferramentas que recomendamos.

A única função do tensor é compensar a tensão no braço de maneira contrária à ação das cordas. Este tensor nada mais é que uma haste metálica instalada dentro do braço do violão ocupando desde a junção com o corpo do instrumento até a cabeça (headstock).

Lembrando que a tensão de cordas de nylon é bem menor que as de aço.

Para regular o tensor do violão, basta localizar o parafuso de regulagem, que fica alojado perto da “boca” e dentro do violão na base da escala do braço.

Geralmente usamos uma chave sextavada tipo Allen para realizar o aperto, lembrando que deve ser feito ¼ de volta por vez (com calma e atenção).

Após apertar, afine o violão e observe se já não foi suficiente pra deixar o braço reto. Neste caso pode ser usado uma régua metálica colocada em sua posição vertical em cima dos trastes.

Vale a pena informar que se no momento de apertar com delicadeza o tensor você poderá escutar um estalo.

Fique calmo, isso é natural e não é sinal de dano no tensor ou no braço. Depois de tanto tempo parado, o movimento de apertar ou desapertar o tensor pode causar este tipo de ruído (sabe aquelas portas de filme de terror que rangem?).

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Importante lembrar sempre que ao girar a chave no sentido horário (direita) você estará apertando o tensor e quando girado no sentido anti-horário, consequentemente, desapertando.

Após a regulagem do tensor concluída (podendo ser vista com uma régua acima do braço), você deve limpar ou até mesmo fazer um breve polimento com produtos comercializados em lojas de instrumentos musicais.

Vale a pena lembrar também que quando a escala do braço é envernizada pode-se usar o mesmo produto de limpeza do corpo do instrumento. Se não for envernizada, utilize produtos a base de extrato de limão para hidratação e limpeza (se você leu todos os posts até agora, já sabe bem disso).

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Hora de colocar as cordas.

Esse procedimento é muito importante, igualmente aos descritos acima, pois cordas mal colocadas não vão manter a afinação.

No caso de cordas de nylon, você deve enrolá-las na “ponte”, gerando uma tensão, ou seja, você vai virando a tarraxa e tracionando a corda para o lado contrário.

Lembrando que girando as tarraxas no sentido horário você faz o aperto e no anti-horário, o afrouxamento das cordas.

Você já deve ter pego violões com cordas apertadas invertidas. Isso dá um nó na cabeça.

Cordas de boa qualidade são fundamentais.

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Se você está atento aos nossos posts provavelmente já leu sobre as recomendações sobre boas ferramentas para não danificar os parafusos são fundamentais (não, então leia aqui).

Quando as tarraxas estão um pouco endurecidas pelo tempo, costumamos aplicar um jato de WD40 que resolve muito bem.

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Nos violões antigos, às vezes, aparecem crostas de sujeira sobre os trastes, que ficam tão duras (dependendo do tempo que ele está guardado) que você precisará usar uma lima para trastes realizando um lixamento superficial para removê-las.

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Se sentir insegurança, lembre-se: luthier de confiança.

Caso o violão tenha um tampo na cor preta, pode-se usar uma caneta de tinta permanente da cor preta para cobrir as marcas do tempo (é uma solução passageira, mas bem funcional).

Entretanto, fique atento porque as canetas vendidas para cobertura de riscos, geralmente usadas por marceneiros, são muito caras. Se conhecer algum profissional, peça emprestada.

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Tenha certeza que depois desses leves reparos, seu violão estará pronto para qualquer GIG e gerando uma economia e tanto.

E se você quiser mais informações sobre a história do instrumento e dicas mais técnicas sobre manutenção e regulagem, baixe o ebook “A Saúde do Violão”.

Esperamos tê-lo ajudado.

O que acharam desses conhecimentos? Continuaremos trazendo informações legais para você manter sempre em dia os seus instrumentos musicais, inclusive, em breve, alguns “lifehacks” para resolver situações inusutadas.

A gente se vê em breve.

Alexandre A. Berni é cirurgião geral, músico, produtor musical e apaixonado por guitarras. Escreve regularmente para o blog Santo Angelo com o pseudônimo de Dr. Santo Angelo.

Dan Souza é Relações Artísticas, Baixista e fissurado em tecnologia e música, além disso, é apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela Uninove/SP, atualmente é CMO da equipe de Marketing da Santo Angelo.

Renato Moikano é jornalista de formação e hoje é proprietário da Major Tone Guitars. Apaixonou-se pelo ofício no começo dos anos 90 quando comprou sua primeira guitarra e hoje se dedica full-time à luthieria.




Um comentário em “Meu violão e o nosso cachorro…

  • 30 de abril de 2013 em 4:01 AM
    Permalink

    mas e os violoes q nao tem tensor?

    Resposta

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