Tecnologia a serviço da Educação Musical

Por Isis Mastromano Correia

Simuladores de instrumentos, interfaces digitais/ analógicas, dicionários de acordes, ferramentas para anotar suas idéias de melodias são algumas das ferramentas atuais que ajudam no aprendizado musical. Desta forma, os engenheiros da computação têm sido os melhores amigos dos músicos ao desenvolver e disponibilizar em rede um sem número de programas livres voltados ao ensino da Música. É sobre alguns deles que vamos falar neste post para exemplificar um pouco do mar de possibilidades disponíveis na web.

Esses programas têm como objetivo facilitar o aprendizado da Música nos instrumentos de verdade, claro. Os webwares (softwares que funcionam sem instalação) são feitos de maneira a ajudar tanto um curioso a aprender um pouco de guitarra, violão e baixo, ao aluno em busca de facilitar sua saga no comando do instrumento e aos que já tem algum domínio e não podem se deixar “enferrujar” por falta de tempo para frequentar cursos.

Solfege (http://migre.me/fuizO), por exemplo, é um programa gratuito para a educação musical utilizado para treinar ritmos, intervalos, escalas e habilidades na formação dos acordes. É possível aprender o reconhecimento de intervalos melódicos e harmônicos, comparar tamanho dos intervalos, identificar acordes, padrões rítmicos e etc.

Projetado para auxiliar músicos que querem enriquecer sua capacidade de audição, o EarMaster Pro (earmaster.com) oferece 651 lições diferentes com até 60 questões cada para que o trilhar o caminho do “ouvido absoluto”. Mas, para usar esse programa – gratuito para testar – é preciso saber um mínimo de teoria musical, isto é, ter a aptidão para reconhecer as notas no seu instrumento nativo, mas não é preciso saber ler partitura: guitarristas e baixistas podem resolver as questões apenas identificando intervalos em uma réplica da escala dos instrumentos.

O curso tem 12 etapas, desde a promessa básica de se comparar intervalos, passando por tríades, acordes e progressões para chegar até os elaborados ditados melódicos. Todo exercício começa com questões fáceis e progride a testes que englobam todo o material estudado.

Há ainda recursos para estudos rítmicos. Nesse método, o usuário usa o teclado para identificar o valor das notas. Quem quiser, também pode usar um controlador MIDI para fazer tanto a função rítmica quanto para responder às questões que envolvem melodias.

Por fim, para garantir um acompanhamento completo do desenvolvimento do estudo, o software dispõe quadros estatísticos que relatam com detalhes a porcentagem de acertos em cada um dos exercícios realizados. Há um modo de estudo de Jazz, com desafios que envolvem harmonia modal  e acordes recheados de acidentes, por exemplo.

O EarMaster faz parte do Programa Europeu de Aprendizagem ao Longo da Vida Leonardo da Vinci destinado a promover a cooperação e a mobilidade de sistemas de ensino em diversas áreas do conhecimento.

Interface do EarMaster

O Instinct (getinstinct.com) dá aulas online e gratuitas de violão e guitarra. Ele funciona como um professor virtual que divide os estudos em partes principais para o aluno. O serviço ensina a tocar o instrumento através de músicas conhecidas. É possível aprender com seu instrumento de verdade posicionado-o próximo ao microfone do computador para que o programa interaja com seus acertos ou erros ou usar o simulador de braço com seis cordas oferecido pelo próprio Instinct.

Interação entre usuários no Instinct

Os ensinamentos tornam-se mais avançados conforme o aluno progride e em caso de dificuldade, as aulas podem ser repetidas. Dá também para trabalhar colaborando e desafiando com outros alunos ou encarar as tarefas que outros usuários propõem. Se criar um riff e quiser compartilha-lo, há um assistente com o qual é possível determinar o número de batidas por minuto, o compasso (4/4, 3/4) e as notas que compõem a música.

Por enquanto o Instinct é destinado a iniciantes, com aulas que ensinam o necessário para começar e tocar uma música em minutos. Os criadores prometem adicionar em breve ferramentas mais avançadas. O Instinct não tem lições de acordes, apenas sequências ensinadas nota a nota, mas, para os mais experiente há a seção de riffs.

Mas, a pergunta que não quer calar: então tudo isso substitui o professor? É claro que não! Sem dúvida esses programas ajudam, entre outras coisas, a deixar seu perfil de aprendizagem muito mais autônomo e faz você garantir autoconhecimento sobre sua vida a dois com o instrumento. Os próprios desenvolverdores do Instinct alertam o usuário: “este serviço não substitui, no entanto, um bom professor de verdade”.

O sucesso no uso dessas ferramentas de aprendizado online está no fato de permitirem o aluno progredir em quesitos como trabalho e estudo individual, persistência e autoavaliação. Já o insucesso fica por conta muitas vezes da dificuldade de concentração nas aulas desse tipo já que no computador estamos expostos a muitos outros estímulos interferentes, sendo a atenção um requisito essencial para a aprendizagem da Música.

 Há ainda o risco de se perder com as dúvidas que ficarão no ar e esses programas não respondem senão um mestre de carne e osso!

O JamStar (jamstar.co), outro professor de guitarra e violão virtual, parte da mais básica aula, sobre o nome e a ordem de cada corda até chegar aos solos. São 15 conjuntos de lições. As aulas são divididas por etapas e é preciso cumprir uma a uma para liberar as mais avançadas.

JamStar mostra o uso combinado do programa e instrumento

Aquilo que o aluno fizer pelo programa fica registrado na pasta de lições e o programa é ainda capaz de dar uma “nota” para o desempenho do músico-aluno em frente ao computador!

Um braço de seis cordas é mostrado na tela. As notas da música proposta precisam ser tocadas no instrumento real, próximo ao microfone do computador, no tempo correto para ter sucesso. O JamStar lembra até o game Guitar Hero, mas, ressaltamos, nele você desempenha e aprende a tocar Música de verdade e a proposta é que mais adiante você saia da dependência do próprio programa, o que não é o intuito do vídeo-game!

No JamStar é possível comprar músicas especificas para aprender a tocar como Tom Sawyer, do Rush, e Heartbreaker, do Led Zeppelin. O programa, além de funcionar em computadores comuns e pelo Facebook também tem versão para Android e iOS, mas, todas somente em Inglês. Ah, ele também vem com alerta de que não substitui um professor de verdade, servindo sem dúvida como facilitador do aprendizado.

Há ainda o Guitar Trainer HD (disponível apenas para iPhone, iPad) para aprender a localização das notas na escala da guitarra e de outros dez instrumentos de cordas como baixo de 4 a 6 cordas, bandolim, banjo e até ukulele. E também o Tab And Play (tabnplay.com), solução de guitarra online disponível no Facebook que dá noção ao iniciante de leitura de tablatura.

Visual do Tab And Play

Você já ouviu falar no termo Realidade Aumentada? No próximo post abordaremos como a Educação Musical será beneficiada nos próximos anos por mais esse conceito vindo diretamente dos laboratórios de informática!

 

Até lá!

 

 

Um comentário em “Tecnologia a serviço da Educação Musical

  • 4 de novembro de 2017 em 2:19 PM
    Permalink

    Olá Isis,
    Boa tarde!!!
    Sou Ricardo Nascimento de Oliveira. Aluno de Educação Musical da UFSCar. Sou pianista e trompetista. Considero muito interessante a utilização das ferramentas de tecnologia na Educação Musical.
    Estes simuladores de instrumentos, dicionários de acordes, ferramentas para anotar ideias musicais parecem ser úteis ferramentas tecnológicas que colaboram e muito no aprendizado da música. Impensável tais recursos a algumas décadas atrás. Concordo plenamente que “os engenheiros da computação têm sido ótimos amigos dos músicos”, como mencionou no seu texto. Ao desenvolver e disponibilizar na rede vários programas livres voltados ao ensino da Música facilitam de forma absolutamente fantástica o aprendizado musical.
    Não conhecia o programa “Solfege (http://migre.me/fuizO)”, gratuito, como você mencionou e que utiliza-se para “treinar ritmos, intervalos, escalas e habilidades na formação dos acordes”. Como é difícil às vezes aprender a divisão musical com desenvoltura e quão é necessário aos músicos o seu domínio para tocar em conjunto (e muitas vezes tal ponto trata-se de uma falha de formação que parece insuperável para o músico, gerando verdadeiro terror ao tocar em conjunto). Eis uma excelente forma de superar este obstáculo. Da mesma forma, a prática do “reconhecimento de intervalos melódicos e harmônicos”, comparando tamanho dos intervalos, identificando acordes e padrões rítmicos trata-se de algo necessário no processo de Educação Musical.

    Igualmente, desconhecia o “EarMaster Pro (earmaster.com)” usado para o enriquecimento da audição musical. Fantástica a possibilidade de se passar por “651 lições diferentes com até 60 questões” visando atingir-se o “ouvido absoluto”. Algo que parece ser o dom de poucos privilegiados.

    Também criei um blog sobre tecnologia e educação musical o qual convido para que visite em: http://educacaomusicalrno.blogspot.com.br/2017/10/a-musica-e-inclusao-digital.html
    Parabéns pelo texto!!!
    Abraços!!!

    Resposta

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