Tratamento Acústico de ambientes: algumas noções.

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por Rafael Cerqueira

Olá pessoal. Meu nome é Rafael Cerqueira e fui convidado pela equipe da SANTO ANGELO para integrar o time do blog, falando sobre som profissional. Comentem ao final do post se gostaram ou preferem outros assuntos para eu desenvolver, combinado?

Quem sou eu?

Sou formado em Tecnologia de Produção Musical pela Valencia Community College em Orlando, Flórida (EUA) e trabalho profissionalmente com som desde 2005. Ainda tenho muito que aprender, mas o que sei, gosto de compartilhar. Assim, além do blog SANTO ANGELO vocês poderão visitar meu canal no youtube, onde faço diversos vídeos curtos e práticos sobre som profissional. Espero que muitos deles sejam proveitosos para a vida de vocês.

Muita gente que trabalha com som ao vivo, gravação de bandas, mixagem em estúdio, homestudio ou até mesmo a simples gravação de um podcast acaba enfrentando um vilão muitas vezes ignorado: a acústica do ambiente.

Como identificar problemas de Acústica em suas gravações.

Sabe quando você grava um podcast e parece que ele foi gravado dentro de um banheiro? Ou quando você tenta mixar um som de uma banda ao vivo mas parece que não importa o que você faça na mix o som fica embolado? Pois é. É o nosso vilão em ação.  Um ambiente com muita reverberação (ou “eco”), pode te dar muita dor de cabeça e, diferente do que muita gente pensa, é melhor evitar logo no começo do que tentar consertar depois na mixagem.

Vou explicar um pouco mais sobre como funciona esse “eco” em um ambiente e citar algumas formas de resolver esse problema.

Essa sensação de eco ou reverberação é causada quando uma fonte sonora emite um som e ele é recebido pelo mesmo objeto receptor em vários momentos diferentes. Imagine que você está em uma sala quadrada conversando com um amigo. No momento que esse seu amigo fala, ele é a fonte sonora. A fala dele vai diretamente para o seu ouvido. Esse é o som principal.

O problema é que a fala dele não é perfeitamente direcional, ou seja, as ondas sonoras dessa fonte vão bater nas outras paredes da sala e chegar no seu ouvido com um certo atraso. Da mesma forma, essas ondas também batem em vários pontos de reflexo, como o chão, o teto e qualquer outra superfície plana que reflita o som.

A partir do momento que você recebe a fala do seu amigo em seu ouvido e outras vindo de 25 locais diferentes, cada uma delas em um momento diferente, você começa a ter dificuldade de entender o que está sendo dito pois a somatória de todas as ondas sonoras vindo de outras superfícies começam a embolar com o som que veio direto da boca de seu amigo. Isso é chamado de reverberação, como ilustrado na figura abaixo.

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Como a velocidade do som é muito grande, aproximadamente 340m/s, podemos estimar que em uma sala com 5 metros de largura, o som pode percorrer de uma parede para a outra quase 70 vezes em um segundo. Isso gera a impressão de ter várias fontes sonoras, cada uma chegando ao ouvinte em um tempo diferente.

Mas como evitar isso? As duas formas principais de evitar que isso aconteça são difusão e absorção de som.

A Absorção Acústica trata de evitar que o som bata em uma superfície e volte para o ouvinte. Voltando ao exemplo da conversa com o seu amigo, a fala dele iria bater na parede e ficar lá pois a absorção “amorteceu a batida”. Isso já eliminaria um dos vários sons adicionais que chegariam ao ouvinte.

Existem diversos materiais que são utilizados para absorção de som (Ex: esponjas, lã de vidro, etc).

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No caso da Difusão Acústica, empregamos placas com uma superfície não plana com a intenção de dispersar o som. Existem inúmeras formas de fazer isso. As duas formas mais comuns em estúdios profissionais são um semi-círculo e uma parede com vários pedaços de madeira, cada um com um comprimento diferente. Confira nas figuras abaixo.

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E quando utilizar uma ou outra técnica de correção?

Você pode ficar tentado a utilizar muita absorção para chegar naquele som limpinho. Para quem está tentando gravar um podcast ou algo do tipo, isso pode ser a solução ideal. Já para quem deseja fazer gravações profissionais, como um CD de uma banda ou algo do tipo, um excesso de absorção de som pode deixar o som muito “morto”, dando aquela sensação de estúdio. Muita gente prefere um som mais “livre”. Para isso, o ideal seria utilizar mais difusão.

Na maioria dos casos, uma mistura de difusão e absorção acaba sendo a solução ideal. Se você quiser saber mais, indico um vídeo que fiz sobre esse assunto e que contém algumas explicações extras sobre o posicionamento desse material.

Agora chegou a hora de vocês: sugiram e comentem suas opiniões para podermos seguir adiante.

Abraço e até a próxima.




3 comentários em “Tratamento Acústico de ambientes: algumas noções.

  • 23 de maio de 2015 em 11:41 AM
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    show de bola dicas preciosas!!

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  • 10 de junho de 2015 em 11:01 AM
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    Olá Marcos. Nesse caso, o principal realmente seria colocar esponjas para absorção de som (Muita gente usa lã de vidro) e alguns truques a mais como, se possível, até uma parede de espessura maior. Outra coisa que ajuda muito é, ao invés de colocar uma porta muito grossa (como geralmente fazem), colocar duas portas com uma distância de uns 30 cm uma da outra.
    Esse espaço aberto entre uma porta e outra ajuda muito a matar o som. Isso funciona com paredes também, mas aí já fica bem mais caro =D

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  • 31 de maio de 2017 em 12:30 PM
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    Opa boa tarde, me chamo Kennedy estou com uma certa dificuldade, tenho uma sala de 4m² com carpete fiz uma experiencia de áudio e perdi muito do ganho de som, queria uma dica para mais ganho de som na sala, adicionei um painel de madeira nos fundo rendeu mais eu queria mais.

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