Beethoven é Punk, é Heavy Metal
Olá pessoal, tudo bem?
Ainda no nosso túnel musical e mítico do tempo, relembramos uma matéria da Isis Mastromano Correia com um dos grandes compositores clássicos e um dos mais conhecidos do público leigo: Beethoven e suas histórias de superação e algumas lendas que giram em torno desse nome. Confira esse post e aguce seu conhecimento.
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Na série sobre os compositores clássicos que até hoje influenciam a Música Contemporânea, não poderia faltar esse virtuoso. Aliás, o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) bem que serviria para personagem de livro de autoajuda. Superou o alcoolismo do pai e o fato de ainda bem jovem ter de se tornar arrimo de família por causa disso, passou por severas crises criativas, enfrentou brutais tensões no casamento, tudo não sem antes ter de lidar com a surdez que o levou à reclusão, à depressão e a beira do suicídio.
Se hoje é totalmente possível pessoas com problemas auditivos seguirem adiante na Música em muito pelo moderno aparato tanto médico quanto psicológico e social, Beethoven quase não pôde. Começou a perder a audição por causas desconhecidas aos 26 anos, quando já tinha uma próspera carreira de pianista em Viena, na Áustria, onde fez vida e carreira.
Punha a culpa do agravamento de seu estado de saúde à ignorância dos médicos e seguiu perdendo a audição progressivamente até sua morte aos 56 anos. Para quem começou muito jovem na Música (aos 5 anos o avô já o obrigava a estudar piano), e só tinha essa aspiração para viver, o fardo era pesado.
Em seu testamento ele relata que se sentia humilhado ao perceber que pessoas escutavam os sons e ele nada ouvia. “Isso quase me levara ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou!”, diz o documento. Ainda que com a audição quase que totalmente perdida, compôs obras grandiosas como a 9ª Sinfonia onde pela primeira vez na história da Música um coral foi inserido nesse tipo de obra.
Curiosamente foi atribuído justamente à surdez, o caminho artístico que Beethoven tomou. Sua música ganhou um caráter quase abstrato, muito diferente dos demais compositores e ser diferente, claro, criou bastante indignação na época. Um exemplo disso é que a Sinfonia Nº 5 em Dó menor, sem dúvida sua música mais famosa, foi considerada por muitos como uma evidência da sua “loucura”.
Em um depoimento em agosto de 2013, o maestro Roberto Minczuk disse que Beethoven foi o “heavy metal da época”. “Antes de Beethoven, nunca tinha se ouvido uma música tão forte. É de uma velocidade jamais atingida”, disse à Folha de S. Paulo. E pode-se dizer que ele tinha também um pezinho no Punk, no faça você mesmo, pois, criava sem a preocupação de respeitar as regras musicais vigentes e era ligado aos movimentos rebeldes da sua época como o Iluminismo e a Revolução Francesa.
Foi Beethoven quem inaugurou a tradição de compositor livre, que escreve música para si, sem estar vinculado às encomendas de um príncipe ou a um nobre como era o costume. Hoje, talvez estivesse lançando discos independentes, sem gravadora, pela internet!
Beethoven não brincava mesmo em serviço: aos 24 anos, logo ao chegar em sua nova cidade, Viena, começou subvertendo a Música de Câmara, que até então tida como somente uma canção para ambientar a conversa dos nobres ou para os estudantes treinarem. Nas mãos dele ganhou um novo tipo de andamento e foi comparada à complexidade de uma sinfonia completa de Mozart!
Entender a história de Beethoven é entender que, não à toa, o rock se apropriou tanto da Música Clássica e de obra de gente como ele e o ponto de contato entre as duas vertentes parece ir muito além das causas estilísticas. O grande legado da música do passado pode ter sido exatamente essa rebeldia, essa subversão da ordem das coisas através da arte, uma proposta muito bem incorporada pelos roqueiros, um casamento que nunca aconteceu de forma tão satisfatória entre outra dupla de gêneros musicais.
Nos dias de hoje, mesmo quem não é exatamente fã de música clássica acaba esbarrando com ela ao escutar Metal Melódico, uma vertente totalmente inspirada na música sinfônica, que levou tantos roqueiros às cadeiras de universidades para se tornarem maestros! Em “E de Agora em Diante”, Oswaldo Montenegro canta que “Beethoven era roqueiro”!
O Viper, banda de André Matos, tem sua releitura de Moonlight Sonata, de Beethoven e também a maluquíssima guitarrista de Speed Metal, a americana Great Kat, que tem todo seu repertório baseado na música clássica, não podia deixar de fora sua versão para a 5ª Sinfonia.
Dessa vez não escute o que Chuck Berry disse na música “Roll Over Beethoven”*: não esqueça Beethoven. Jamais!
Quer tentar passear pelo mundo de Beethoven? Separamos esses links com partituras e tablaturas:
*o trecho brinca com o refrão traduzido da clássica música de Chuck Berry, Roll Over Beethoven (Esqueça Beethoven).
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E ai, o que acharam? Além de superar muita coisa, tornou-se, graças às barreiras que apareceram e sua forma disruptiva de pensar e agir, um dos maiores nomes da música de todos os tempos, influenciando estilos diversos e sendo lembrado até hoje.
Aproveite os links e estudo, pois isso só aumentará seu conhecimento musical (teórico e técnico).
Nos vemos em breve.
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Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.