A Música reinventando a contagem do tempo

Por Isis Mastromano Correia

Pare tudo o que está fazendo agora e vamos brincar um pouquinho de observar nossas estantes de CDs, DVDs, playlists no MP3, no computador ou as últimas cinco canções que tocaram no rádio há poucos minutos. Temos a certeza de que nesse espaço do seu universo particular mora muita gente, no entanto, mais do que pessoas, na maioria dessas obras habitam idosos, ou seres com mais de 60 anos, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Muitos dos nossos ídolos da criação musical alcançaram a maturidade e continuam ativos, prestes a surpreender qualquer aluno ou músico no vigor da sua capacidade criadora. Porque puxamos esse assunto? É porque hoje, dia 1º de Outubro comemora-se no Brasil o Dia Nacional do Idoso e 10 anos da promulgação do Estatuto do Idoso.

Socialização-é-um-dos-benefícios-da-musicalização-na-maturidade

Ainda há pouco tempo podíamos achar insólito levar o vovô para assistir, que fosse, uma apresentação nossa de música por aí. A longevidade dos idosos tem merecido a atenção da sociedade que já nomeia esses sessentões cheios de disposição como a “nova terceira idade”. Hoje, não raro, são eles quem incentivam os mais novos a trilhar o caminho da Música e também aproveitam a liberdade que a maturidade trás para se musicalizar. Inclusive, já falamos disso aqui mesmo no blog (https://blog.santoangelo.com.br/sim-todos-podem-2/)

Para se ter uma idéia, o numero de pessoas acima dos 60 anos que participou da Expomusic esse ano foi 54% maior do que o ano passado, segundo a ABEMUSICA (Associação Brasileira da Música). Foram 786 visitantes em 2013 contra 508 em 2012. E esse aumento da freqüência tem se mantido no decorrer dos anos.

O fato é que com mudanças de hábitos e avanços da Ciência e da Medicina, acrescentamos mais anos em nossas vidas, porém o desafio agora é acrescentarmos mais Vida a esses anos! O perfil dos idosos que conhecíamos até pouco tempo mudou radicalmente. Você se imagina parando um dia de tocar um instrumento musical por algum motivo? Se a resposta é NÃO, certamente uma das causas de sua renúncia musical não seria a simples e natural passagem do tempo!

Inclusive quem apostou suas fichas nisso se deu muito mal. Mick Jagger, quando tinha seus 20 e poucos anos disse que jamais tocaria “Satisfaction” aos 40. O incauto inglês, prestes a se tornar bisavô, aos 70 anos, caiu na própria armadilha e hoje tira sorrisos tímidos e com certo embaraço dos netos que têm de ver o avô cantar “Let’s spend the night together” por ai.

Jagger um dia achou que os 40 anos seriam demais para ele!

Mas um fenômeno não tão conhecido é o americano Sixto Rodríguez, de 71 anos. Músico de Folk, descendente de mexicanos, Sixto teve inicialmente uma carreira de vida curta, com dois álbuns pouco vendidos no início de 1970. Sem que ele soubesse, no entanto, a sua obra tornou-se extremamente bem sucedida e influente na África do Sul na década de 1990. Os fãs sul-africanos determinados conseguiram levar Sixto a um inesperado renascimento de sua carreira musical que segue hoje em sua maturidade com a força que não teve na juventude.

 

Sixto Rodriguez viu a carreira tomar rumo com a chegada da maturidade

Quem não tem o menor tino para rock star precisa pensar que Saúde não é apenas a ausência de doença. Saúde é o completo bem estar físico, mental e social e a Música está de braços abertos para receber os mais maduros para cumprir essa função.

Algumas prefeituras de municípios brasileiros apostaram nessa fórmula para melhorar a qualidade de vida de seus idosos e assim, oferecem aulas gratuitas de Música para essa faixa etária. Vale a pesquisa no site da prefeitura de sua cidade. Se você é um jovem músico, que tal sacar o lado transformador da canção e ensinar os mais velhos, seja em um canto improvisado na casa deles mesmo ou na casa? Chega da ditadura da Hidroginástica! Vamos levar Música para essa gente e cobrar de nossos representantes políticos que olhem a Música como um aspecto integrante de nossas vidas em todas as fases dela!

Na década 1980, a probabilidade era que o brasileiro chegasse apenas até os 60 anos de idade, ou seja, ele sequer vivenciava a chamada terceira idade. Agora, temos de mirar novos horizontes onde, em breve, mais idosos do que crianças habitarão o planeta: em 2050, a estimativa é que tenhamos 2 bilhões de pessoas acima dos 60 no mundo.

Diante dessa nova realidade, governos e iniciativa privada viram-se em xeque e estão  fazendo brotar desde políticas públicas mais modernas para os idosos até maiores  investimentos em produtos e serviços que vão desde cosméticos a  incentivo ao estudo e trabalho.

As escolas de Música não ficaram para trás e oferecem cursos dedicados à maturidade não para formar novos músicos para o mercado, mas sim, para pessoas que tenham na Música não só uma maneira de exercitar o próprio cérebro, mas também um meio de descontração, entretenimento e socialização. O mais importante é que a pessoa incorpore o hábito de praticar um instrumento musical e fazer Musica em seu cotidiano para tornar a Vida mais saudável.

A música na terceira idade é a mesma coisa que a música nas outras idades, sentimos prazer, cuidamos da saúde e nos divertimos!

A EMESP (Escola de Musica do Estado de São Paulo Tom Jobim), por exemplo, oferece oportunidades de aprendizado musical para a comunidade com cursos de iniciação musical que incluem vagas aos mais maduros. Para acompanhar a abertura de inscrições, acesse http://www.emesp.org.br.

A Faculdade Santa Marcelina também oferece curso de extensão para pessoas a partir dos 50 anos voltadas as artes, coral e opera entre outros temas no chamado curso Sabores do Saber. Para acompanhar o calendário de inscrições acesse http://migre.me/gfm3C.

Você tem um caso interessante sobre esse tema, que tal compartilhar com os nossos amigos aqui no blog da SANTO ANGELO? Já passou da hora de tornar essa iniciativa mais interativa com mais pessoas e o convidamos para participar com a gente.

Até o próximo post.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *