Batizando a banda: haja criatividade!
por Isis Mastromano Correia
Continuando nossos posts sobre Criatividade, sempre existe na vida do músico um momento crucial em que esse dom precisa ser evocado com especial capricho: a escolha de um nome para a banda, dupla ou carreira solo.
Esse momento na carreira é um divisor de águas já que o batismo do grupo pode tanto eleva-lo a degraus maiores, por chamar a atenção, ou coloca-lo em maus lençóis já que não será todo mundo que terá aquela boa vontade de levar a risca o ditado que ‘quem vê cara não vê coração’. Pode ser que a cara (o nome da banda) já feche algumas portas logo de início. Enfim, o nome será o primeiro ponto de contato do grupo musical com o público.
Nomear uma banda não é missão fácil mesmo, pois, é uma decisão, que, a princípio, é para sempre. Requer o reconhecimento dos membros do grupo sobre a imagem que querem passar ao público. Assim, fica difícil uma banda de thrash metal querer ser chamada de “Os Ursinhos Azuis”, por exemplo! Reuniões se farão necessárias para um exercício que os publicitários chamam de brainstorm, que é jogar a esmo diversas palavras e ideias no ar até que se capte aquela que irá agradar a gregos e troianos (ou bateristas, guitarristas, baixistas, tecladistas e vocalistas!).
A história pessoal do grupo, a trajetória, também pode contar na hora de escolher um nome, evocando episódios de força, luta, garra e até mais divertidos e despojados os quais a banda, de repente, enfrentou. Nessa hora, até quem não tem nada a ver diretamente com o grupo pode entrar na dança.
“Os Netos da Dona Fê” é o nome que uns colegas resolveram dar à banda deles, simplesmente porque ensaiavam na garagem da avó de um dos membros, a tal da dona Fê, a única que admitia o barulho da meninada por perto! Como a banda tem uma proposta sonora de covers de pop-rock nacional e internacional, mais despojada, e toca em festas e eventos informais, o nome irreverente veio a calhar.
Mesmo caso dos “Paralamas do Sucesso”. Não há um só sujeito que já não tenha tentando entender o que diabos esse nome significa! A banda não considerava seu repertório sério e tentaram um nome nessa toada. A primeira sugestão foi “As Cadeirinhas da Vovó” (olha a vovó ai de novo!). O nome “Paralamas do Sucesso” foi invenção do baixista Bi Ribeiro, adotado porque todos acharam engraçado o suficiente.
Nem todo mundo necessariamente vai ter conhecimentos de Linguística, Antropologia e História para compor um nome, então, recorrer ao dicionário é uma boa para enriquecer o jogo de palavras iniciais que os membros do grupo vão participar. A banda brasileira de heavy metal dos anos 1980, “Dorsal Atlântica”, por exemplo, usou o livrão de palavras como oráculo: abriu em páginas aleatórias e escolheu duas palavras e eis o resultado que levou mais em conta sonoridade do que significado.
Se na sua banda também não tem nenhum profissional de design, comunicação e marketing, mas, conta com uma estrutura de grana razoavelmente bacana, vocês podem contratar um profissional de “Naming”, pessoa especializada em batizar marcas e inclusive verificar todas as questões de registro, de URL para que não se tenham uma futura dor de cabeça com plágios ou ter de aos 45 do segundo tempo arrumar outro nome.
Além da sonoridade, é interessante que o nome também seja visualmente adequado e ai, a forma vai se transformar diante do estilo musical. “Borknagar”, da Noruega, e “Korgonthurus”, da Finlândia, ambas bandas de black metal, são nomes que eu só entendo ao ler na fonte Arial. No logotipo original, sem chance! Mas, estão perfeitamente adequadas ao estilo visual do som que levam.
O pessoal da agência publicitária Gatesman Dave reparou que alguns dos móveis da Ikea, uma marca sueca de móveis, têm nomes muito estranhos, assim como boa parte das bandas de black metal e montou um joguinho onde você testa seus conhecimentos a respeito das nomenclaturas: é móvel ou é banda de black metal? Clique aqui e ria um pouquinho!
Para batizar a carreira, duplas caipiras faziam questão de levar aspectos da natureza que cantavam em seus nomes, como “Chitãozinho e Xororó” (dois pássaros) e “Pena Branca e Xavantinho” (um cacique e um rio). Mas o humor também foi ponto-chave pra muita dupla escolher o nome. Já escutou “Poliglota e Porta-voz”? E “Simpatia e Gente Fina”? Que tal “Redator e Jornalista”? (essa eu particularmente adoro!). Juro que existem! Clique aqui e se divirta com a criatividade sem limite das duplas antigas.
A maior dificuldade é conciliar um nome que todo mundo da banda goste, que ainda por cima não esteja em uso por outro músico ou produto e que também não lembre algum outro artista. Já presenciei colegas que apresentam seus CDs e camisetas e a primeira impressão das pessoas é: “olha, vocês são a banda Fulano?”. Seguido disso, sempre vem uma longa história para explicar que eles não são os tais fulanos e que apenas (apenas?) a sonoridade do nome é parecida.
Assim, muita gente aposta em siglas, como o “AC/DC” (indicativo de corrente contínua e alternada na Eletricidade), ou, inventa uma nova palavra, um neologismo. Foi o que fez o “Aerosmith” que não significa absolutamente nada!
Curioso pra saber como surgiram nomes de outras bandas? Quer inspiração? Leia em Qual a origem dos nomes no rock, da revista Superinteressante.
E com você, como foi o processo para escolher o nome da sua banda ou carreira? Chegou a escolher um nome e depois de um tempo teve de mudar por algum motivo? Conta pra gente e compartilhe sua história com os outros leitores do blog e seguidores da SANTO ANGELO aqui mesmo nos comentários ou na nossa fanpage no Facebook, Instagram e Twitter!
Ah, você ainda não formou sua banda? Que tal exercitar sua criatividade para inventar um nome hipotético para uma banda Heavy Metal, por exemplo, como lição de casa até o próximo post?
Até lá!