Carnaval 2018: muita Criatividade com pouco dinheiro!

Capa - 14-02-2018

Fala pessoal, tudo bem?

Passado mais um carnaval e fica sempre a maravilhosa impressão do que vimos: milhares de pessoas atrás dos trios elétricos, nos blocos de rua, percussão a mil, ritmistas incansáveis, passistas que sambam até o amanhecer, além de cantores e instrumentistas tocando o mesmo ritmo por mais de uma hora e, às vezes, debaixo de chuva.

Claro que sempre existem fatos negativos e que devem ser melhorados, como a falta de educação com o lixo, gente urinando pelos cantos e a violência que não dá trégua.

No entanto, evolui bastante a questão do assédio, com a campanha “Não é Não” além de melhores esclarecimentos sobre o tema, como fizemos nesse post

Mas o que queremos destacar, além da maior presença das pessoas no Carnaval de rua, mas uma vez é a organização e disciplina de uma típica escola de samba, daquelas que aparecem na TV, nas multidões atrás dos trios elétricos nos circuitos bainos ou até mesmo dos blocos nas ruas, avenidas e sambódromos por todo o país.

E a diminuição das verbas oficiais, além do desemprego e da falta geral de dinheiro da população, não impediu que a galera deixasse de participar, como cantou o samba enredo 2018 da escola Mangueira, veja aqui

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Além dessa vontade de esquecer um pouco da dura realidade brasileira, tanto os blocos como as grandes escolas de samba, se valeram da garra nacional para perseguir os primeiros lugares e garantir a sobrevivência para os próximos anos.

Ou você achou que, vendo pela televisão, pareceu que é só vestir a galera com um monte de fantasias diferentes, andar por quilômetros cantando e dançando, esperando que os juízes fossem condescendentes com as eventuais falhas?

Como já dissemos várias vezes aqui no blog, não existem almoços grátis e a vida não perdoa os mais fracos.

Assim, que lições podemos tirar sobre o Carnaval 2018?

Por trás da festa, a organização e foco mais uma vez falaram muito alto.

Por isso, nessa batida de pós Carnaval, vamos refletir sobre os acontecimentos, de maneira que todos nós, músicos, empresários e todos nós que vivemos do Show Business possamos levar para nossa vida profissional ou até mesmo na própria vida pessoal?

Vamos trazer mais uma vez a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira (RJ) para o nosso post de hoje.

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 A antropóloga Maria Júlia Goldwasser, fez um estudo da escola em seu livro “O Palácio do Samba – Estudo antropológico da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira” (Zahar Editores, 1975) e demonstrou, que ela funciona como uma organização corporativa que gera muitos empregos (muito antes mesmo do Carnaval), mantém todos os funcionários criativos e empolgados, desenvolve novos sistemas e ainda conta com um grau de estruturação fora do comum.

Assim, imagine que cada ala do desfile é como se fosse um departamento de uma empresa, com suas obrigações, seus direitos, mas todos com o mesmo foco da escola: apresentar o samba enredo com qualidade, dentro do tempo estipulado pela Liga das Escolas de Samba (de 65 a 82 minutos) e vencer a competição entre as demais participantes.

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Uma diferença gritante entre uma escola de samba e uma banda ou algumas empresas é que o objetivo final sempre está acima dos objetivos individuais ou setoriais (que não deixam de ser atendidos, claro).

Em empresas não muito bem estruturadas, como muitos de vocês já devem ter visto, existe competição entre setores e muitas vezes eles não se “bicam”, exatamente como em uma banda, em que os egos dos músicos acabam sobressaindo do objetivo final (e você conhece bem um desses casos, entre um tal de Axl e um tal de Saul).

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Tanto que escolas de samba são exemplos internacionais de organização e gerenciamento em tudo o que fazem, o que nos gera estranheza é que, às vezes, muitos empresários recorrem a teses de grandes gurus internacionais, que fazem sucesso em países onde a realidade é completamente diferente da nossa para aplicarem em seus negócios.

As referências estão aqui mesmo, em nosso solo brasileiro e não é preciso recorrer aos gringos.

Podemos destacar outros pontos fortes das escolas de samba, como o foco na satisfação do cliente (que pode ser o publico do sambódromo ou os juízes), a coletividade e generosidade (a escola não é formada só por destaques famosos e atores de grandes redes televisivas, ela é formada por pessoas de todas as classes sociais) e nível de detalhes (as fantasias e carros alegóricos são feitos minuciosamente) com muito trabalho em equipe (que já comentamos anteriormente) e uma virtude que devemos destacar que é o senso de propriedade.

Isso tem a ver com a famosa frase “vestir a camisa”. Empresas e bandas às vezes têm dificuldades de que seus colaboradores/músicos acreditem na marca, o que, no Carnaval, parece estar na pele dos integrantes.

Por mais excruciante que possa ser o trabalho (como exemplo, ficar cortando material reciclável para montagem de carros alegóricos), as pessoas o fazem com alegria e sabendo que mesmo que a contribuição seja pequena, ela fará a diferença no final (quando aquele pessoal com voz grave diz o nome da escola e pronuncia a nota 10 do quesito).

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Agora, tracemos um paralelo mais próximo às bandas (que também pode acontecer na vida corporativa ou pessoal). O desfile de uma escola precisa ter no mínimo 1 hora e 5 minutos e no máximo 1 hora e 22 minutos, certo?

É igual a um show, no qual você precisa fazer duas entradas de 45 minutos com um intervalo de 15 minutos.

Se a escola atrasar para entrar ou para sair, ela recebe penalidades que refletirão no resultado, que podem trazer consequências ruins para todo o trabalho que tiveram até ali.

Na banda, é igualzinho, não adianta tocar 35 minutos, fazer intervalo de meia hora e voltar fechando com mais 40 minutos de som.

Sua imagem se manchará com o dono do bar, afinal, você ficou devendo 15 minutos de entretenimento para os clientes daquele estabelecimento.

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Temos razão ou não? Se ainda tiver dúvidas, faça uma análise rápida das lições que tiramos do artigo de Nelson Fukuyama, do portal Dicas Profissionais.

Espírito de Organização: “Já pensou que bagunça seria se uma escola saísse para a passarela sem um plano definido de trabalho? Mesmo as menores agremiações sabem exatamente o que vão mostrar na durante a sua apresentação.”

Muito Treino: “Ninguém sai na rua sem treinar, sem ensaiar bastante os passos e o enredo. Durante meses os integrantes são submetidos a horas de ensaios para entenderem o conceito e a mensagem a ser transmitida ao público.”

Espírito de Equipe (nunca é demais repetir): “Há um grande entrosamento entre as alas e mesmo entre si, tanto que se pode observar que os componentes das diversas alas se policiam uns aos outros e cuidam para que os passos ensaiados saiam da melhor maneira possível.”

Satisfação e Alegria: “O sorriso estampado na cara de cada integrante demonstra bem o que é o prazer de fazer o que gosta. Não se observa ninguém ali, mesmo aqueles que são encarregados de pequenos trabalhos, com sinais de mal humor por estar ali naquele momento.”

Respeito ao Ritmo: “Já viu um integrante dançando um ritmo diferente daquele que foi definido pela escola?”

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Uniformidade na Alegoria: “Se um modelo de figurino foi definido ele deverá rigorosamente cumprido e assim terá sua avaliação.”

Destaques sem ofuscar os demais: “Mesmo havendo um ou vários personagens de destaque em cada ala, cada um tem seu momento de fama e todos se respeitam pela competência. Mesmo o presidente de uma agremiação aparece pouco durante a apresentação.”

Respeito ao Tempo para execução da Tarefa “Uma escola tem um tempo definido para mostrar na passarela tudo o que pretende e sabe e assim ter uma boa avaliação dos jurados”. Se a escola ou o bloco agradar o público, ela vai delirar e sambar, senão irá passar em branco.

“Se ela agradar o júri vai ter uma avaliação positiva e decisiva para um prêmio, senão poderá custar a sua permanência na categoria e vai ter que amargar um ano fora da categoria principal.”

Respeito ao Orçamento: Talvez a maior lição desse Carnaval 2018: não sair gastando dinheiro sem a devida provisão dos recursos. Com a diminuição das verbas oficiais, nunca é demais o corte de custos em todos os setores envolvidos, mesmo que seja de centavos.

Ficou com dúvidas sobre orçamento e planejamento financeiro? Confira mais detalhes no post.

E muita gente ainda diz que o Brasil só “pega no tranco” depois do Carnaval, mas as escolas de samba dizem o contrário pois o trabalho deles é ininterrupto

Não tenha medo de inovar, acredite no seu objetivo, tenha um sonho e conviva com pessoas que partilham do seu objetivo.

Integre, nunca segregue, pois quanto mais gente pensando e agindo, mais chances de sucesso. Leve a experiência de algo que é natural da nossa cultura para guiar e manter seus passos sempre focados e organizados.

Esqueci-me de alguma outra lição importante? Então me lembre de acrescentá-la, comentando, sugerindo ou até mesmo me criticando aqui no blog ou nas redes sociais da SANTO ANGELO.

Estamos aqui para aprender sempre, concorda?

 Abraços e até a próxima.

Lygia Teles, é Relações Públicas e especialista em Marketing pela faculdade SENAC-SP. Desde janeiro/16 integra a equipe de Marketing e Comunicação da SANTO ANGELO.

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