Quase 90 anos de Blues: um triste post extra
por Dan Hisa
Noite escura em 14/05/2015 e um dia seguinte que amanheceu cinza por mais ensolarada que pudesse estar o céu.
Ontem, a execução de uma “penta-blues” perdeu um pouco de seu significado. Um “walking bass” alegre no tocar, mas com sofrimento no fundo, ficou até meio sem sentido. O rei do Blues, Mr. Riley B. King ou mais famoso pelo seu nome artístico “B. B. King” nos deixou depois de uma longa agonia.
E por causa disso, resolvemos fazer essa homenagem, contando breves momentos de uma vida dedicada ao Blues.
B.B. King nasceu em setembro de 1925 em uma fazenda no Mississipi/EUA, numa época onde o racismo era causa comum nos Estados Unidos. Desde jovem já tocava seu violão de U$ 2,50 (isso mesmo: 2 dólares e 50 centavos) nas esquinas por alguns trocados. Começou a gravar em 1940 e, em 1947, decidiu ir para Memphis e perseguir uma carreira musical. A cidade era musicalmente importante e tinha uma grande comunidade de Afro-americanos, entre eles, seu primo, que era um músico de Blues conhecidíssimo na época, com quem morou e aprendeu os primeiros passos do Blues.
De onde veio o nome artístico B.B.King?
No ano seguinte à sua chegada em Memphis, ele conseguiu um espaço em um programa de rádio de Sonny Boy Williamson, o que gerou uma abertura para tocar em uma churrascaria (isso mesmo, enquanto carnes eram servidas, o blues ia rolando). Em seguida, conseguiu aparecer em uma chamada publicitária de 10 minutos na rádio onde lhe pediram seu nome artístico.
Inicialmente, tinha sido apelidado de “Beale Blues Boy” em referência à uma música famosa da época. Porém, seu “nickname” foi abreviado para “Blues Boy King”. E assim chegamos ao nome da lenda.
E como Lucille apareceu na vida do artista?
Em meados de 1950, durante um show em Twist, cidade do Arkansas, uma briga ateou fogo no bar em que tocava. Depois que todos saíram ilesos, B. B. percebeu que tinha deixado sua guitarra acústica novinha de U$ 30,00 lá dentro. Voltou, correndo risco de morte, para resgatá-la. Um tempo depois, descobriu que a briga começara por causa de uma garota chamada Lucille. E adivinha? A guitarra, recém resgatada do incêndio, ganhou um nome icônico para sempre.
Uma longa história de sucessos e influencias musicais.
No ano de 1951, lançou “Three O’Clock Blues”, música que alavancou sua carreira e abriu as portas para uma turnê nacional a ponte de em 1956 tocar em 342 shows (quase 1 por dia) tornando-se um dos nomes mais conhecidos dos últimos 40 anos no blues. E ele tocava desde pequenos bares até em concertos em grandes hotéis.
Em suas andanças pelo mundo, B. B. King inspirou e trabalhou com muitos músicos de Blues e Jazz entre eles Albert Collins, Buddy Guy, Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck e George Harrison.
Em 1984, entrou para o The Blues Foundation Hall of Fame e para o Rock and Roll Hall of Fame em 1997, fora várias menções e prêmios. E mesmo envelhecendo, sua energia não diminuía, mantendo uma média de 250 shows anuais. E o mundo todo aguardava sua presença para ouvir grandes sucessos como “The Thrill is Gone” e “Why I Sing the Blues”.
B. B. King, nos últimos anos começou a ter problemas de saúde, afinal, todos envelhecemos, e não podia ser diferente com o ídolo. Entretanto, mesmo com a idade avançando, ainda assim o Blues corria forte em nas veias. Seu reinado foi tão longo quanto o de um monarca comum da idade média (ou maior). Certamente a história dará um lugar muito especial para ele, fazendo justiça à biografia do site pessoal: “Por mais de meio século, Riley B. King – melhor conhecido como B. B. King – definiu o blues para todos os ouvintes do mundo”.
E encerramos essa homenagem sabendo que mesmo ele não estando mais entre os vivos, suas músicas permeará nossos estudos, shows e cada improviso feito em uma guitarra ou violão usando uma “blue note”.
Bola para a frente.
Tem algum comentário que gostaria de fazer como co-homenagem a esse grande artista? Comente, por exemplo, qual música ou solo de B.B.King mais te inspirou.
Valeu pelo legado, B. B. King! Continue tocando Blues de onde estiver.