Siga os conselhos do Marcelo Barbosa e faça sua escola acontecer em 2017
Olá, pessoal. Aqui é o empresário Marcelo Barbosa e não o guitarrista que você está acostumado a ouvir há tempos.
Em primeiro lugar gostaria que soubessem que é um prazer para mim dividir um pouco da experiência que tenho, como empreendedor no ramo de escolas de música, aqui no blog da SANTO ANGELO com você e todos os amigos que pensam em empreender nessa direção.
São vinte e dois anos me dedicando à Educação Musical de maneira comprometida e, mesmo assim, a impressão que tenho é que comecei ontem.
Sinceramente, acredito que ainda tenho muito o que aprender.
Por isso, acho importante estabelecer que, antes de qualquer dica, você tenha em mente que tudo o que ler nesse post, trata-se da minha própria experiência e visão pessoais.
Não tenho a pretensão de atingir a verdade absoluta (se é que isso existe) de maneira que aceito suas dúvidas e sugestões para continuar minha evolução, primeiro como ser humano, depois como músico e empresário, combinado?
Escrevo este post durante um vôo de Brasília/DF para Florianópolis/SC, onde está instalada uma das unidades do GTR Instituto de Música, a fim de me reunir com um de meus sócios locais e afinar a estratégia da escola em escala nacional.
Eu, quando inicialmente pensei em empreender (à época nem sabia o que essa palavra significava), pensava que, desta forma, teria mais tempo livre para estudar e tocar guitarra, o que depois se provou um mito.
A verdade é que, desde os meus vinte e poucos anos, eu já tinha muitos alunos.
Cheguei a dar cinquenta e duas aulas por semana e ter uma grande lista de espera. Trabalhava muito, mas por outro lado, tinha condições financeiras para pagar os professores com quem quisesse estudar, comprar livros e videoaulas que me interessassem, além de comprar bons instrumentos e equipamentos.
Paralelamente às aulas, eu atuava na noite como músico profissional e tinha uma banda autoral. Ou seja, sobrava pouco tempo para dedicar ao meu desenvolvimento enquanto músico, o que sempre foi de suma importância para mim.
Estando no auge da minha disposição física e mental, dormia tarde e acordava bem cedo para dar conta de tudo. O fato de não beber e não usar drogas me ajudava a manter o foco e mesmo dormindo no máximo cinco horas por dia (quando isso acontecia era uma ostentação…) conseguia com certa tranquilidade cumprir com todos os meus compromissos.
É claro que é humanamente impossível manter um ritmo tão frenético por muitos anos e assim nasceu o sonho de ter um espaço legal para minhas aulas.
Planejei, mantive os olhos abertos para as possibilidades e quando uma delas apareceu, eu não tive dúvidas: abracei com todas as minhas forças.
Quando digo que não tive dúvida, de forma alguma significa que não tive medo. Dizem que a coragem só de dá na presença do medo, certo?
Incertezas, mudanças de paradigmas e status quo, sair da zona de conforto, crescer ou ao menos tentar crescer, tudo isso gera insegurança, incertezas e dor.
É óbvio que abrir uma escola não é a única maneira de crescer como músico, mas é uma das dezenas de formas de se empreender na música e, para mim, fazia muito sentido.
Aqui vem a pegadinha. O que a maioria pensa é: “OK, sou um bom guitarrista, tenho vários alunos, portanto, vou abrir uma escola de música”.
Foi o que também pensei. Só que essa maioria (comigo junto) não vê que empreender não tem nada a ver com tocar bem um instrumento ou saber cativar pessoas e alunos.
Na verdade, em tese, os artistas de maneira geral, tem menos vontade, disposição e interesse para empreender e gerir um business do que pessoas de outras áreas.
Não por serem menos capazes, mas sim porque na maioria das vezes têm um mindset (leia mais sobre isso clicando aqui: mais voltado para a criatividade, a emoção do que para números, indicadores, metas e técnicas gerenciais.
De certa forma, como um grande amigo coach me diz: “Marcelo, você é a exceção que confirma a regra”. Ou seja, eu era esse avatar, um músico que, por confiar na qualidade de seu trabalho e por ter demanda, pensa que já pode abrir uma escola.
Mas eu era também uma pessoa com mente empreendedora e disposto a aprender cada vez mais nesta área. Isso eu só descobri depois, enquanto já rodava um business com apenas vinte e um anos de idade.
Se neste momento, eu tivesse percebido que o meu desejo era passar as horas apenas com a guitarra em mãos, sem ter que me preocupar com todas as demandas que qualquer negócio nos impõem, provavelmente hoje eu estaria dando aulas na escola de alguém e estaria tudo bem também.
Exemplos de outros (bons) guitarristas que optaram por esse caminho não faltam. Ou seja, é apenas uma questão de escolha que cada um deve fazer em busca de ser feliz.
O fato é, quer você acredite ou não, é mais fácil um empreendedor de qualquer área, que nunca encostou em um instrumento musical, abrir uma escola de música (e ter sucesso com ela), do que um bom músico, que não saiba nada sobre gestão e empreendedorismo, realize o mesmo feito.
O conhecimento e talento necessários para rodar um business não passa apenas por tocar perfeitamente um solo do Steve Vai ou ensinar alguém a tocar.
É muito fácil as coisas darem errado quando um padeiro acha que, para abrir uma padaria, é necessário apenas saber fazer pão.
Não lembro exatamente dos números, mas sei que no Brasil, a esmagadora maioria dos negócios não sobrevivem ao primeiro ano e um percentual bem abaixo dos 10% chega a 10 anos de idade.
Portanto, é importante que você tenha clareza e uma boa noção do que envolve ter uma escola de música e foi para isso que reuni as 10 dicas a seguir.
Muitas delas, eu apliquei em minha vida e outras só pude me dar conta depois de muita tentativa e erro. Espero, sinceramente, que elas te ajudem a maximizar as chances de sucesso.
- Empreender é basicamente sobre alavancar. Se você vai deixar de dar aulas particulares ou ter uma escola, certifique-se de que existe margem para crescimento. Sem esse potencial e essa vontade de trabalhar nas horas em que não estiver dando aulas, não faz sentido começar esse negócio. Imagine-se com o triplo de trabalho e responsabilidades que tem hoje para ganhar o mesmo tanto ou um pouco mais isso sem contar o fator risco, que é todo seu. Caso você não queira, sugiro que procure um bom parceiro e desenvolva um trabalho diferenciado deixando a parte do business para quem gosta de lidar com isso. Tenha em mente que você pode, de certa forma, empreender mesmo como prestador de serviço.
- Procure a ajuda do Sebrae. Eles têm excelentes consultores que podem te dar um mapa geral de por onde começar e como fazer. Isso pode encurtar muito as distâncias para você. E sabe quanto custa? Nada.
- Faça o curso do Sebrae chamado EMPRETEC. É um curso vivencial de uma semana que. além de um conteúdo incrível, vai te dar uma amostra de como ser um empreendedor na vida real. O custo não é dos mais baratos, mas vale cada centavo pela experiência que oferece. Pense que não há como empreender sem investir e esse investimento é mínimo perto dos retornos que podem ser gerados a partir dele.
- Estude sobre Finanças e Marketing. São muitas as áreas importantes em uma empresa para que se obtenha sucesso, mas considero essas duas fundamentais. Sem um bom controle do fluxo de caixa, você nada e morre na praia. Lembre-se que nosso negócio é sazonal e, por isso, precisamos garantir os meses de férias com os meses de atividade. Paralelamente, sem um bom marketing, você não atrai clientes e sem eles não geramos fluxo de caixa.
- Contrate um Coach. Este é mais um investimento que considero muito importante. Já trabalhei com esses profissionais em várias situações diferentes e, de maneira geral, eles são excelentes para ajudarem-nos a caminhar para o próximo nível, traçando estratégias e definindo objetivos claros. Se você tiver condições e oportunidade, não deixe de contratar um deles, sempre fazendo uma pesquisa prévia com ex-clientes do Coach sobre a eficiência do trabalho.
Desenvolva parcerias com lojas de instrumentos musicais, importadoras, fábricas etc… Lembre-se que você tem dentro do seu negócio, uma amostra do mercado que essas empresas desejam atingir.
Todo aluno vai precisar, em algum momento, comprar um instrumento melhor, trocar as cordas ou os cabos, enfim, movimentar a economia. É um tipo de parceria ganha/ganha entre os envolvidos e bastante interessante tanto pra sua escola quanto para as marcas / empresas.
Identifique os grupos de interesse dos alunos: Tenha mente que existem pelo menos três tipos de alunos que procuram uma escola de música: o hobbista , ou seja, aquele que tem a música como um passa-tempo em sua vida (a maioria), o profissional ou que deseja se profissionalizar e o estressado, que tem aula de música como uma terapia.
Esse terceiro tipo, muitas vezes tem a vida muito corrida e vê a aula de música como um raro momento lúdico no meio de tantas aflições e angústias. Não raro, muitos desse grupo vêm por indicação de médicos ou psicólogos, como complemento aos respectivos tratamentos de saúde mental.
Identificando o tipo de cada grupo de alunos, fica mais fácil saber seus anseios para entregar uma aula que o satisfaça e o mantenha empolgado e ativo no curso.
Mantenha o foco tanto na CONVERSÃO quanto na RETENÇÃO dos alunos. A conversão trata de quantos alunos por mês você consegue matricular. A Retenção trata de quanto tempo em média cada aluno fica na sua escola.
De maneira geral, sai mais barato para qualquer empresa a manutenção de um aluno já inscrito do que a inscrição de um novo.
Use essa imagem mental para firmar o conceito: não adianta ter bastante água saindo pela torneira se tem o mesmo tanto ou mais saindo pelo ralo. A sua escola é a pia e ela nunca vai encher se você não fechar o ralo e abrir a torneira.
“Você se torna a média entre as cinco pessoas que mais convive.” Eu gosto muito dessa dica típica de um Coach: não perca uma oportunidade de, sempre que possível, estar e conversar com empreendedores de sucesso da sua área ou de qualquer outra. Isso nos mantém aberto às possibilidades. Para isso que servem associações, feiras do setor e até visitas aos concorrentes.
Não está fácil para ninguém: Ofereça planos de pagamento anuais, semestrais e até de (por que não) aulas únicas. Isso diminui a rotatividade e é bom tanto para o seu negócio como para o cliente que, por sua vez, paga mais barato em troca da fidelidade.
Acesse aqui e aprenda mais.
Se esses meus conselhos ajudarem uma pessoa que seja, já terá valido à pena. Sucesso para todos nós.
Grande abraço!
—
Marcelo Barbosa é guitarrista da banda Angra e Almah e atua como sócio fundador e controlador do GTR Instituto de Música . Além disso, faz parte do time de endorsees SANTO ANGELO.