Por trás de um músico bem sucedido tem sempre uma…

por Carolina Gasparini

Neste 3º post dedicado à Mulher, depois do belo apelo do Dr. SANTO ANGELO para incentivar mais mulheres a trabalharem com música como luthiers, nosso tema será abordar um pouco sobre como é a vida de quem apóia ou suporta quem brilha nos palcos. Enganou-se quem pensou nas empresas que endorsam ou patrocinam os músicos porque hoje direcionamos os holofotes para aquelas mulheres que se dedicam e cuidam da carreira e da vida do marido ou das filhas (ou filhos). Já pensou se cada uma delas é reconhecida por esse trabalho ou estão satisfeitas como os seus “cuidados” são percebidos pelos músicos?

Todos os artistas sentem prazer em tocar e ver sua obra ser admirada, e esse sentimento certamente passa para as mulheres que os acompanham, seja ela namorada, esposa ou mãe. Afinal, para elas verem quem gostam serem bem sucedidos, ainda mais em um ramo peculiar como a música, é gratificante.

Marido músico

Acompanhar shows, gravações, ensaios e turnês pode ser algo extremamente cansativo, mas ao mesmo tempo, prazeroso. Para Isabela Batista, esposa do guitarrista Ozielzinho, ser um apoio é o maior presente que se pode dar. “Sempre dou sugestões e fico atenta às coisas que ele faz, sempre me mantenho atualizada com relação a tudo que envolve a carreira dele, mesmo trabalhando e cuidando dos filhos.” Para dar conta de tudo, Isabela conta com uma secretária.

Homenageada pelo marido com uma canção exclusiva, Isabela lida bem com o assédio dos fãs do Ozielzinho: “Para mim, é o termômetro de que está fazendo um bom trabalho. Acho muito legal quando ele é parado para uma foto e autógrafo”, confessa. Entretanto, confessa que determinados assédios podem ocasionar muitas brigas ao casal, e por isso a mulher deve manter a cabeça no lugar. “Isabela é uma das músicas de maior sucesso do Ozielzinho e por isso muitos fãs pedem para tirar fotos ou me mandam mensagens nas redes sociais. Gosto desse reconhecimento do trabalho dele”, complementa Isabela.

Apesar das dificuldades, dos filhos que sentem saudade quando o pai sai para turnês ou workshops e viaja, Isabela acredita que as pessoas têm que estar felizes no que escolheram para seguir. “Se é esse o chamado do meu marido, o talento, e a profissão dele, tenho por obrigação apoiar e acompanhar.”

Mas, sem se considerar uma “Amélia”, Isabela vê seu apoio como fundamental para a carreira do marido. “Sinto que meu apoio o deixa mais seguro e tranquilo. E isso para um músico que precisa criar, precisa de inspiração para compor, é fundamental.”

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Apesar de não tocar mais – ela tocou violão quando jovem, mas decidiu não se aprofundar no instrumento – Isabela acredita no potencial feminino na música, com mulheres de talento que tem muito a contribuir. “As mulheres têm um jeito especial e único que faz toda diferença nesse meio”, comenta.

Acompanhando o marido, ela já conheceu diversas namoradas/esposas de músicos que como ela acompanham seus companheiros. Segundo ela, o apoio é recíproco e todas sabem que devem ser incentivadoras e entusiastas das carreiras de seus cônjuges.

Mãe, roadie, fotógrafa e fã número um

Paula Yamaoca acompanha suas filhas em tudo. Leva para ensaiar, comprar novos instrumentos musicais e aos shows. Além de acompanhar, fotografa, é roadie, fã e assessora da banda Power Girls, formada por 3 meninas, duas das quais suas filhas (Cacau tem 11 anos e é guitarrista enquanto Sayuri toca baixo e canta com 17 anos – durante os shows elas trocam de instrumentos, incluindo também a bateria).

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Segundo Paula, o preconceito existe e pode ser até mesmo ofensivo, mas seu suporte às filhas é fundamental. “Acredito que a partir do momento em que o apoio surge de dentro de casa, fica tudo mais fácil e inspirador para as meninas. Toda criança que tem apoio dos pais ou responsáveis para realização de seus sonhos, é uma criança mais feliz e segura.”

Acompanhando a Power Girls, Paula tem contato com diversas adolescentes que tocam e cantam e diz que muitas não têm apoio nem mesmo dos pais e por isso, acabam desmotivadas. “Para uma menina ter uma banda, é preciso envolvimento da família toda. Os pais têm que disponibilizar um tempo enorme, levar aos ensaios toda semana, acompanhar em shows, fora o gasto financeiro disso tudo”, comenta Paula.

Já para as adultas, Paula vê um cenário menos complexo, mas ainda assim desafiador. “Sinto falta de bandas femininas, que muitas vezes são independentes, em grandes festivais. Seria uma ótima oportunidade para as mulheres ganharem mais visibilidade e diminuir o preconceito”, argumenta.

Para Paula, a mudança no preconceito e machismo no meio musical ocorre aos poucos e abrir espaço para as mulheres é o melhor caminho. “Para as mulheres que não tem onde tocar, eu sugiro montarem um evento. Dá trabalho, mas é possível um festival ou noite só para bandas femininas e conquistar mais espaço a cada dia”, analisa Paula.

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Acompanhar o marido ou as filhas na música não é uma tarefa totalmente simples e requer dedicação, organização e muito, mas muito amor. No entanto, a recompensa sempre vem, seja sendo homenageada com uma canção ou vendo a evolução das pequenas, ganhando cada vez mais terreno e se destacando naquilo que fazem de melhor.

Da mesma forma que no Brasil, inúmeras mulheres do mundo todo acompanham ou já acompanharam seus entes queridos na música, como Mary Ford, mulher de Les Paul, ou mesmo June Carter, que conheceu Johnny Cash quando os dois eram jovens e cantavam. O amor inspira a música e a música inspira o amor, seja ele o de marido e mulher ou o de mãe, quem ama, acompanha e apoia.

Compartilhe com a gente se você, Mulher, viveu ou tem vivido experiências como as da Isabela ou da Paula em suas vidas. Afinal, não dizem que as mulheres sabem compartilhar melhor que os homens.

Até a próxima.

 




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