Mulheres empreendedoras nos negócios musicais

por Carolina Gasparini

Em sequência aos posts direcionados à Mulher, com histórias inspiradoras e homenagens, como você pode ver no post do Dr. SANTO ANGELO e no post sobre mulheres que apoiam maridos e filhos músicos, abordaremos agora sobre mulheres que não somente enfrentam o preconceito no mundo da Música, mas também são empreendedoras referencia a serem seguidas.

Estima-se que mais de 5 milhões de mulheres são empreendedoras no Brasil, o que corresponde a 8% da população feminina do país, e com as constantes mudanças na sociedade esse número tende a aumentar. Diversas associações e blogs auxiliam aquelas que decidem tocar seus próprios negócios e trazem informações relevantes e atualizadas. O Empreendedorismo Rosa e a AME (Associação de Mulheres Empreendedoras) são algumas delas, assim como os sites Endeavor e o SEBRAE, que trazem inspiração, histórias e conselhos de quem já se deu bem como sobre empreendedor.

Diversas mulheres possuem uma trajetória de sucesso, começando por baixo e tornando-se donas de redes varejistas, como a rede Magazine Luiza ou de laboratório, como no caso do Laboratório Sabin, criado por duas farmacêuticas. Em comum, todas acreditaram em seus sonhos e potencial e colocaram a mão na massa. Se uma mulher alcançou a presidência da República no Brasil, porque uma vendedora ou lojista não pode sonhar grande?

Divulgação: Laboratório Sabin
Divulgação: Laboratório Sabin

Em homenagem às mulheres, a Endeavor elencou 7 profissionais femininas que são exemplos de empreendedorismo no Brasil. Você pode conferir a história delas neste link.

E nas lojas de instrumentos musicais?

Trabalhar no ramo musical é um desafio, tanto para o gênero masculino como para o feminino. O mercado brasileiro atual facilita para os homens, mas algumas mulheres estão começando a mudar esse cenário e realizar excelentes trabalhos de empreendedorismo.

Como sobreviver e se impor em um meio tido como machista? Marina Marmentini, do Rio Grande do Sul, dá a dica, contando como consegue ter sua loja e ser respeitada no meio. “Vejo muito preconceito em diversas áreas, mas no comércio não tanto”, comenta.

Divulgação: Facebook
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Responsável pela loja familiar, em atividade há 34 anos e sucessora do pai fundador, Marina vê muito pouco preconceito por parte de lojistas e representantes e conta também com uma vendedora em sua loja.

Apesar do leve preconceito, a lojista vê diversas vantagens que tem perante o meio masculino. “Muitos clientes e fornecedores tem mais confiança por eu ser mulher, acreditam que não serão enganados por sermos consideradas mais transparentes e honestas.”

A organização da loja também é diferenciada, segundo a empreendedora. “Sempre tento deixar a loja totalmente organizada, sem nenhuma poeira, com melhor exposição dos instrumentos, esses toques femininos que somente uma mulher na loja consegue fazer”, comenta a dona da loja Akústica Musical, localizada em Farroupilha, Rio Grande do Sul.

Divulgação: Facebook
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Já na loja A Serenata, em Belo Horizonte, Minas Gerais, o destaque fica com Pâmela Pereira, vendedora do setor de acessórios que vende mais que muito homem. “Sempre tento oferecer alternativas aos consumidores. Se eles procuram um item específico e não temos, consigo mostrar a ele um item semelhante”, explica a vendedora.

Trabalhando no ramo há 3 anos, Pâmela sente que quando está apresentando algum instrumento musical a um cliente, muitas vezes eles duvidam da sua opinião e conhecimento. “O preconceito por eu ser mulher existe. Alguns homens até pedem a opinião de outro vendedor antes de finalizar a compra”, desabafa.

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Estudando saxofone, Pâmela acredita que o conhecimento técnico que tem dos acessórios faz a diferença em sua carreira. “Não me limito, sempre estudo e tento convencer o cliente através dos meus conhecimentos técnicos”, comenta a vendedora.

Além da venda, a fabricação

Um campo no setor musical ainda pouco explorado pelas mulheres é o da luthieria, como já citado em um dos post anteriores. Para quem não toca nem tem uma loja, é uma boa possibilidade de trabalho, tanto no campo da luthieria quanto de “guitartech”, auxiliando guitarristas durante o show.

Paula “Pauleira” Bifulco é um exemplo de que luthier pode sim ser mulher. Há 10 anos, Paula comanda uma luthieria junto de seu marido. Mas quem coloca mesmo a mão na massa é ela. “Quando vamos a feiras ou clientes, sempre me deixam de escanteio até saberem que eu que sou a luthier”, comenta.

Divulgação: Facebook
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Paula começou a aprender sobre a luthieria e quando viu, já estava fabricando seus próprios instrumentos. Junto com seu marido e sócio, comanda um negócio de sucesso e já percebeu a diferença quando falam com ela a sós ou ao lado do marido. “Tem alguns homens que falam de forma ríspida quando estão a sós comigo, mas mantenho uma postura profissional e continuo a conversa naturalmente”, comenta Paula.

Segundo Paula, alguns músicos procuram seus serviços justamente por ela ser mulher. “Talvez pelo gênero, eu passe a impressão de ter mais cuidado, carinho e capricho no trabalho. E tenho mesmo. Ou eles queriam me paquerar e desistem”, explica rindo.

Sobre o mercado, a luthier analisa que a maioria dos clientes são homens, em parte, por representarem a maioria dos músicos em atividade. “Gosto de fazer guitarras femininas, pois as mulheres normalmente preferem cores chamativas e detalhes importantes”.

Divulgação: Facebook
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A luthieria é um bom caminho para quem quer estar no meio musical, mas não nasceu com o dom de tocar. Existem cursos para quem deseja aprender a regular, construir e reformar um instrumento musical e eles não distinguem homens de mulheres, apenas alunos empenhados e dedicados. Algumas pessoas podem imaginar que essa seria uma profissão masculina, até por lidar com madeira, serras e lixas, mas com alguns cuidados como luvas e cabelos presos, uma mulher pode construir e personalizar instrumentos.

Claro que o mesmo vale para indústrias maiores e não poderíamos deixar de citar o caso da SANTO ANGELO, uma empresa familiar, mas com gestão bem profissionalizada. São 9 posições abaixo da diretoria geral, das quais 4 são ocupadas por mulheres. Helena M. Raso, filha do fundador e que ocupa o cargo de gestora de Recursos Humanos e Coordenação Jurídica, resume o papel feminino no comando: “somos uma equipe, na qual cada um tem seus méritos e respeita os limites das áreas gerenciais dos demais, trabalhando na busca das metas traçadas. Mesmo assim, ainda sinto traços machistas no mercado que atuamos, que nos obriga a “falar mais alto” em determinadas situações.”

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Esse “falar mais alto” que a executiva cita é o esforço extra que cada Mulher precisa fazer para defender suas opiniões. “Tenho 2 pós graduações e um MBA na FGV-SP que embasam minha opiniões e posturas” completa Helena. Mais de 28% dos colaboradores da SANTO ANGELO são do sexo feminino, mostrando que em diversos ramos as mulheres se destacam.

Dicas para todas

Sendo mulher ou homem, algumas dicas podem ajudar nas diversas etapas a serem seguidas para ter uma loja de instrumentos musicais ou uma luthieria de sucesso. Aqui no Blog da SANTO ANGELO já falamos sobre algumas dicas, como montar equipes de sucessos, saber precificar os produtos e sobre as vendas na era do smartphone.

Para as mulheres, o ramo pode parecer um pouco mais exigente e difícil. Mas existem inúmeras formas de ser lembrada como uma profissional de sucesso e relevância. Praticar a excelência no que faz é a principal delas, pois atrai e fideliza clientes que passam a vê-la como referência de profissional e empreendedora bem sucedida em seus negócios.

Discuta com suas amigas sobre essas possibilidades e quem sabe teremos mais exemplos para contar nos próximos posts. Aliás, o próximo será sobre alongamento e exercícios para musicistas!

Até lá.




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