Temperatura X Afinação de Instrumentos Musicais

2016-05-18 - FB

Olá Pessoal!

Espero que todos estejam bem e otimistas com os “novos” rumos políticos do nosso país. Afinal, a polarização de opiniões não ajuda em nada na solução dos grandes problemas econômicos da nação, como vocês puderam aprender nesse post do Dan Souza.

E por falar em “altas e baixas” temperaturas, o post de hoje vai tratar de um detalhe que costuma passar despercebido de muitos quando os instrumentos musicais desafinam “misteriosamente” (ou seria fantasmagoricamente?) quando passamos de um ambiente para outro com temperaturas diferentes.

Isso só acontece com quem está começando?

Claro que não. Recentemente ocorreu um episódio desagradável no “Programa do Faustão” da Rede Globo quando uma (violonista e) cantora sertaneja famosa começou sua apresentação. Nos primeiros compassos da música ela percebeu que o violão estava desafinado.

Imediatamente interrompeu a música, soltou um sonoro palavrão em pleno ar e justificou que o instrumento desafinara em função do “ar condicionado” do palco estar com a temperatura diferente do camarim, onde supostamente o roadie teria afinado o violão.

Considerando que a cantora tinha uma banda de apoio com um músico tocando violão e outro tocando guitarra, considerei “deselegante” atitude de falar um “palavrão” que, inclusive, desconcertou o escolado apresentador do “Perdidos da Noite”, antigo programa do Faustão onde tudo (tudo mesmo) acontecia ao vivo.

Qual outro desfecho haveria para essa situação?

Em um caso semelhante, outro músico, igualmente famoso, finalizou a música informando à plateia que seu instrumento estava desafinado e que gostaria de repeti-la novamente ao final do show em respeito aos ouvintes.

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Não sei você, mas eu preferiria estar na plateia do segundo artista.

Afinal de contas, desconsiderando um possível descuido do roadie ou do guitartech ao afinar o instrumento (erros acontecem), o que deve ter acontecido provavelmente?

As mudanças bruscas de temperatura, seja frio ou calor, podem proporcionar alterações em nossos instrumentos. Simplificando, lembram-se quando o professor explicava sobre o “coeficiente de dilatação térmica dos materiais”?

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Todos os corpos existentes na natureza, sólidos, líquidos ou gasosos, quando em processo de aquecimento ou resfriamento, ficam sujeitos à dilatação ou contração térmica. O processo de contração e dilatação dos corpos ocorre em virtude do aumento ou diminuição do grau de agitação das moléculas que constituem os corpos, as quais podem ocorrer de três formas: linear, superficial e volumétrica.

O contrário ocorre quando os corpos são resfriados: as distâncias entre as moléculas são diminuídas e em consequência disso há diminuição nas dimensões do corpo.

Lembrando um pouco mais as lições do ginásio:

  • Dilatação Linear: é a dilatação que se caracteriza pela variação no comprimento do corpo (exemplo: uma barra de Alumínio ou um fio de Cobre).
  • Dilatação Superficial: é a dilatação que se caracteriza pela variação na área superficial do corpo (exemplo: chapa de ferro).
  • Dilatação Volumétrica: é a dilatação que se caracteriza pela variação no volume do corpo (exemplo: água).

Dito isso, podemos explicar o motivo de um instrumento musical apresentar alterações em sua regulagem e, no caso, desafinar com facilidade.

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O instrumento musical de cordas é constituído de componentes metálicos e orgânicos, obviamente de matéria orgânica “morta”: a madeira. Com isso, temos coeficientes diferentes de aumento ou diminuição dos componentes do instrumento musical atrelados à temperatura alta ou baixa do ambiente.

A primeira situação que merece nota é sobre o tensor do instrumento que, no frio, pode apresentar um encurtamento no comprimento e, portanto, alterando o equilíbrio da madeira do braço, resultando em provável trastejamento. Já falamos sobre isso aqui no blog e se você quiser aprender mais sobre tensor, é só ler esse texto.

A segunda situação, que em minha opinião, foi o que aconteceu com a cantora é que, sendo a corda de seu violão de material metálico e sob o calor dos canhões de luz do palco, pelos princípios elencados acima, após a afinação no ar condicionado do camarim houve alteração no comprimento das cordas por dilatação, portanto alterando a afinação.

Com certeza devem ter culpado o guitartech, injustamente.

Devemos lembrar que, para um instrumento “segurar” melhor uma afinação, é importante considerar também: tarraxas instaladas de boa qualidade; cordas em boas condições de uso, regulagem perfeita e, principalmente, a forma como este instrumento é tocado.

Felizmente, hoje em dia dispomos de afinadores ao nosso alcance que podem nos salvar, seja no pedalboard ou no headstock do instrumento, como os modelos abaixo distribuídos pela SANTO ANGELO.

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Bem pessoal, espero que mais uma vez eu tenha contribuído para fomentar a curiosidade de vocês na busca pelos detalhes que cercam uma boa apresentação.

Comente aqui no blog ou nas mídias sociais da SANTO ANGELO se uma situação dessas já aconteceu com você e qual foi sua reação e solução ao problema. Todos aprenderemos juntos se compartilharmos experiências boas e más.

Se mais fosse, ver-nos-emos (rs) em breve.

Grande abraço.

Alexandre A. Berni é médico cirurgião geral, músico, produtor musical e entusiasta da Guitarra. Escreve regularmente para o blog SANTO ANGELO com o pseudônimo de Dr. SANTO ANGELO.




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