A Música voluntária afinando a Saúde
por Isis Mastromano Correia
Luzes, geradores e os sons de aparelhos sem fim estruturam costumeiramente a sinfonia que rege hospitais. Essa canção, pouco habitual para qualquer um de nós, gera ansiedade para além do próprio motivo que nos carrega para dentro de uma unidade de saúde.
Pensando nisso e em nossa ideia de doar talento musical nesse final de ano, achamos uma boa falar dos benefícios de ser voluntário em hospitais – ou qualquer outra unidade de tratamento médico – e tocar para quem está com a saúde debilitada. A Música nesse contexto pode se transformar de entretenimento para um recurso terapêutico muito relevante.
Ouvir Música durante uma internação ajuda a resgatar questões esquecidas do lado de fora do hospital e faz com que os pacientes se sintam mais motivados a se recuperar.
O remédio é tão bom que, há 10 anos, o projeto ‘Música nos Hospitais’ alegra pacientes em diversos locais e é fruto de uma parceria entre Ministério da Cultura, a Associação Paulista de Medicina e o laboratório Sanofi, com apoio da lei Rouanet.
Desde 2004, a iniciativa já contabiliza 130 apresentações e cerca de 35 mil beneficiados, entre médicos, pacientes, colaboradores e visitantes das instituições de Saúde. Desde 2009 os músicos também se apresentam nas áreas de internação para os pacientes que não podem se locomover.
Os trabalhos ficam a cargo da Orquestra do Limiar, regida pelo médico, maestro e compositor Samir Wady Rahme, e é formada por jovens e talentosos músicos de cordas. As apresentações seguem um repertório diversificado para que o ouvinte usufrua na sua plenitude as mais importantes escolas musicais do período renascentista ao moderno.
Se para os Músicos, que se voluntariam a levar alegria e bem estar para quem se recupera de uma doença, tocar traz alegria e sensação de plenitude, para a ciência, no entanto, a Música vai além: os benefícios não são somente emocionais, mas, também se refletem na redução da pressão arterial e da frequência respiratória e na normalização das taxas de batimentos cardíacos.
É o que mostram alguns estudos, como o da Cochrane Collaboration (rede global dedicada a revisão e análise de pesquisas na área da saúde). Foram avaliados 23 estudos com dados de 1.461 pacientes que se submeteram a sessões de música durante a internação após cirurgia ou infarto.
A maioria dos trabalhos comprovou que a Música ajudou a reduzir pressão sanguínea, ritmo cardíaco, frequência respiratória, ansiedade e dor nos pacientes estudados.
Os pesquisadores avaliaram a ação de diversos estilos musicais – boa parte com harmonias consonantes e ritmos constantes (como algumas músicas eruditas, baladas e músicas próprias para relaxamento) – em sessões de Musicoterapia ou audições de até 30 minutos e apontaram que a Música diminui a atividade de regiões cerebrais que afetam as respostas emocionais e psicológicas.
Isso reduz a liberação de hormônios estressores que podem afetar a frequência cardíaca e a pressão arterial e assim diminui a necessidade do uso de sedativos e remédios para dor.
Vem de Portugal outra iniciativa super frutífera e duradoura, também chamada de “Musica no Hospital”. Desde 2002, Músicos voluntários portugueses percorrem hospitais para tocar violão e outros instrumentos para quem está internado e para os familiares que os assistem. Neste ano, o “Música nos Hospitais” de Portugal tocou para mais de 16.500 beneficiários, entre crianças, idosos, familiares e profissionais de saúde.
Músicos profissionais que queiram apoiar a Música nos hospitais podem fazê-lo simplesmente procurando informações nos sites dos hospitais mais próximos de suas casas sejam eles públicos ou particulares e descobrir se a entidade dispõe de programas de voluntariado.
Se não houver grupos voluntários, porque não lançar a ideia à instituição e formar um? Quem sabe você não se torna o mentor de uma boa e duradoura iniciativa que pode até começar nesse fim de ano, mas, que seguirá durante muito tempo?
Para se inspirar, dá uma olhada no site do Música nos Hospitais Brasileiros e no português Música nos Hospitais.
Se você já faz um trabalho voluntario na Música, não deixe de dividir sua experiência com a gente!
Até a próxima!