Afinando guitarras com…
por Dr. Alexandre Berni
Olá pessoal? Como todos já sabem, a guitarra não é um instrumento que se pode tocar em perfeita afinação. E para quem ainda não sabe, sugiro a leitura do post sobre temperamento, clicando aqui ou até mesmo o ebook sobre “Saude da Guitarra” que você baixa gratuitamente (até quando eu não sei) clicando. Desta forma, você entenderá melhor o assunto de hoje sobre Afinação.
Quem garante que sua guitarra está 100% afinada?
Quando afinamos uma guitarra, mesmo com um afinador muito preciso, percebemos que os acordes não soam bem afinados, principalmente para os ouvidos mais exigentes. E mesmo para quem já tem um nível intermediário pode perceber, por exemplo, que quando se toca um acorde C, sua terça pode soar levemente “sustenido”. Tocando o acorde D, o F# está desafinado. O acorde G, pode parecer muito bom, já no E, é o G# que soa desafinado. Vá até a 9ª casa e toque o acorde D. Já passou por essa experiência? Posso até arriscar dizer que uma guitarra bem regulada consegue tocar cerca de 80% afinada. Exagero?
E como podemos resolver essa questão?
Existem várias teorias e métodos a respeito, mas dividirei com vocês o que aprendi sobre o Sistema de Afinação conhecido como “Buzz Feiten”.
Tudo começou em 1992 quando um músico chamado Buzz Feiten sentindo-se frustrado com a afinação de sua guitarra, em relação ao piano do colega de banda, decidiu estudar melhor o assunto. Observou que o piano, com 88 notas, tocava brilhantemente por toda noite de show e sua guitarra, com apenas seis cordas, “soava” desafinada quase que constantemente para seus ouvidos. Sua proposta, então, foi abandonar a afinação tradicional e estudar outra forma que “soasse” melhor em relação ao piano.
Após rever e relembrar a história dos instrumentos musicais e respectivos tipos de afinações, Feitein “emprestou” parte da teoria de um sistema de afinação chamado Werckmeister. Em poucas palavras, o método Werckmeister propõe que o ouvido humano, por limitações fisiológicas, tolera (aceita) alterações de afinação nas quartas, quintas e oitavas. E não tolera (não aceita) alterações de terças, sextas ou décimas. Com isso, Werckmeister “transferiu” parte das desafinações das quartas, quintas e oitavas para suavizar as terças, sextas e décimas. Bingo: Feiten adotou esta mesma técnica. Assim, o Sistema Buzz Feiten propõe a resolução da afinação em dois passos simples:
Primeiro:
A substituição do NUT do instrumento por um NUT patenteado aproximando as cordas do primeiro traste, eliminando desta forma, as notas semitonadas dos três primeiros trastes. Cada NUT é produzido com osso de alta qualidade e fácil identificação com um raio em baixo relevo como observamos na figura abaixo.
Segundo:
Ajuste da Entonação através dos Saddles da ponte também através de fórmula patenteada.
Considerando que se trata de um sistema patenteado, as informações acima são para conhecimento, eu não tenho a pretensão de ensinar ninguém a aplicar o sistema, mesmo porque, essa é uma tarefa do dono da patente e seus agentes autorizados. No entanto, é importante saber que existem no Brasil alguns luthieres licenciados que realizam este serviço. Portanto, não custa nada perguntar e checar o certificado de autorização Buzz Feiten antes de entregar sua guitarra para esse tipo de serviço.
E quem me garante que a afinação ficou 100%
Bem, como considerei os métodos tradicionais de afinação ao redor dos 80% de eficácia, para o método Feiten eu dou um nível de 95%. Afinal, que serviço, produto ou equipamento pode comprovar 100% de eficiência? Mas para garantir a seriedade desse sistema, assim que o serviço é executado, o luthier licenciado coloca na guitarra ou baixo um selo especial, com número de série como mostrado na figura abaixo.
Um dos guitarristas que conheço que adota este sistema de afinação e que o endossa é o virtuoso Rick Furlani, endorsee paulista da SANTO ANGELO.
Vale a pena lembrar que existem outras marcas que, seguindo a mesma teoria, vendem NUTs conhecidos como “compensados”, como na figura abaixo:
Acredito que depois de algum tempo, com a experiência adquirida, o músico se preocupa muito com a afinação, pois seus ouvidos já estão mais treinados. Não nos custa, ou melhor, custa sim, mas de qualquer forma experimentar este outro tipo de Temperamento poderá nos surpreender, não é mesmo?
E se quiser comentar, sugerir ou contar sua experiencia com esse ou outros métodos de afinação, é só deixar uma mensagem logo a seguir. Tenho certeza que todos aprenderemos juntos.
Um grande abraço e até a próxima.