Aprenda com quem já curou seu improviso!
Por Isis Mastromano Correia
A cena é clássica: você se vê diante da oportunidade de participar de um concurso de Música, sabe que tem o potencial para se destacar, mas, quase sempre resta aquela pulguinha atrás da orelha sussurrando: será que eu devo mesmo? Será que os outros se apresentarão melhor do que eu? Será que …..?
Os desassossegos nessa hora são muitos, por isso, resolvemos mostrar um pouco de como fica a vida de alguns músicos sob a influência de terem participado de um concurso, como os da SANTO ANGELO. Estamos falando do pessoal que encarou as inseguranças e hoje faz parte da primeira leva vencedora da série “Curando Seu Improviso” realizada pela empresa em fevereiro desse ano.
Arthur Queiroz, 24 anos, de Goiânia, Goiás, angariou o primeiro lugar do ranking e conta que devido sua participação no concurso seu trabalho solo foi valorizado uma vez que, até então, sua função profissional era acompanhar outros músicos.
“Pessoas do Brasil inteiro me contataram para pedir meus serviços de gravações, aulas, workshops, etc.”, explica Arthur que se diz orgulhoso por ter representado Goiás na disputa. “Pessoas têm a falsa imagem que aqui no Estado predomina o sertanejo e pude provar que não”, conta.
Arthur é um músico nato: começou batucando aos 5 anos quando o irmão montou uma bateria com panelas de cozinha para ele. Violão, teclado e canto popular vieram na seqüência, trazidos pela mãe, depois veio o baixo. “Minha família é muito musical. Cresci observando, ouvindo, tocando e aprendendo com todos desde meu avô até meus primos tios e irmãos”, diz Arthur.
A guitarra surgiu aos 12 anos, um instrumento ainda inédito na família tão musicalizada. Ele conta não ter um método especifico de estudo atualmente e busca sanar as deficiências que sente a cada momento específico do seu relacionamento com a guitarra.
“Hoje em dia não tenho o tempo disponível que tinha na infância e adolescência, quando chegava da escola e passava o resto do dia com o instrumento na mão e finais de semana estudando 24 horas. Atualmente, 30 minutos na semana já são suficientes. Tiro um dia no mês que chamo de ‘meu dia musical’. Tranco-me dentro do estúdio para tocar coisas que gosto, para estudar e pesquisar sobre Música e tocar com os amigos coisas diferentes das comerciais que são objeto do meu trabalho”, conta Arthur.
A dica do nosso vencedor é para que o estudante não tenha preconceitos sobre os estilos caso almeje viver da Música e se empenhe na musicalização como um todo, sem enfoque único em um instrumento.
“Pesquise muito. Não fique focado só nessa de Youtube. Existem coisas grandes fora da internet que tem de ser trabalhadas. Tenha uma vida musical de verdade e não uma vida musical virtual”, aponta Arthur sobre a clara necessidade de colocar o pé na estrada para quem deseja ser profissional. “Uma indicação que faço é o livro de Almir Chediak, Harmonia e Improvisação I e II. Ele aborda o Improviso de maneira geral para qualquer instrumento, não é aquele livro que fica ‘puxando sardinha’ só para a guitarra”, recomenda.
Raoni Maciel, 25 anos, de Salvador, Bahia, é guitarrista da conceituada Banda Eva e revelou que participar de um concurso é importante para divulgação do trabalho. Ele alcançou o segundo posto no 1º Concurso Curando Seu Improviso e atualmente cursa Violão e Guitarra na UFBA (Universidade Federal da Bahia). Ele faz ainda a direção musical de vários artistas e está produzindo seu CD com foco na guitarra percussiva (ou guitarra de atabaque).
A trajetória atual remete à infância: seu primeiro contato musical foi com a percussão e hoje ele se inspira em instrumentos e cultura musical africana. Ainda criança, o piano fez parte dos estudos por dois anos em conservatório e hoje é matéria obrigatória na faculdade.
Sobre aulas de atualização, Raoni conta que o cotidiano passa a ser um constante aprendizado: amigos, estrada, a descoberta de novos sons e o proveito das experiências práticas do trabalho são uma eterna aula que muitas vezes não se aprende com aula particular, segundo ele.
“Hoje tento criar exercícios e situações musicais pra sanar minhas dificuldades, tentando sempre trazer tudo para meu estilo e forma de tocar”, explica. “A guitarra é um instrumento já muito explorado e às vezes abordado de forma precipitada. Há muita gente tocando igual e sem verdade. A busca do músico tem que ser no desenvolvimento da sua musicalidade, da sua Verdade. Acho que, quando criamos nossos exercícios, tentando reproduzir coisas que passam por nossas cabeças, há maior possibilidade de desenvolver nosso estilo próprio e avançar na busca em ser o primeiro para ser, sim, o único”, exalta.
Para Ton Alves, 25 anos, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, nosso terceiro colocado, o concurso rendeu parceria com uma marca de guitarras dos Paraná.
Músico desde os 12 anos, ele se preparar para lançar seu CD “Meus Anseios” e gravar uma faixa no disco de blues do guitarrista Lorenzo Tassinari. “Em 2014 vou tirar do papel meu projeto mais desafiador: ‘The Combo Groove Orchestra’, onde abordarei a música instrumental em linguagem bem singular”, promete.
Ton explica que estuda por conta própria com métodos de jazz, soul, funk e rock. “Ouvir música também é uma maneira de estudar”, considera ele que aos 13 anos estudou violão popular e aos 16 o erudito, tendo a guitarra surgido aos 18. “Gosto de estudar harmonia, por acordes, estudar a chamada harmonia em bloco. Vejo que hoje os guitarristas só se preocupam com notas, com velocidade e técnica, mas, sabemos que a guitarra não é só isso. Não podemos confinar um instrumento tão complexo e resumir como padrão de guitarrista perfeito o mais veloz, técnico e mecânico. Portanto, vejo que não devemos ser apenas ‘guitarristas’, mas sim músicos”, relata.
Filipe Paiva, 25 anos, nosso quarto colocado, volta para contar que após o concurso sua carreira entrou em um momento muito produtivo com o desenvolvimento de atividades com três empresas de Música que o patrocinam. Workshops pelo país também engrossam o cardápio além do lançamento de seu CD de rock e fusion instrumental chamado Euphoria.
“Com a visibilidade do concurso, aumentou o número de pessoas que conheceram meu trabalho e passaram a acompanhar a minha carreira nas redes sócias”, conta Filipe que é de Brasília.
“Hoje o meu método de estudo é aprimorar algumas áreas na improvisação, harmonia, técnica e performance. Já tive aula com excelentes professores como Ian Guest, Nelson Farias, Lula Galvão, Paulo André”, conta.
Mais uma vez, a liberdade de aceitação de variados estilos aparece como chave: “A minha dica de estudo é para que o aluno não tenha preconceito. Ouça vários estilos musicais, entenda a linguagem de cada um. Isso é fundamental para saber se expressar musicalmente. A segunda dica é: o ouvido! Valorize isso, tire músicas de ouvido, harmonias, solos. O maior dom do músico é o ouvido!”, considera.
Alexandre Hard, 41 anos, é de São Paulo e toca há 26. Espirituoso, brinca que ainda não aprendeu a tocar, mas, a prática mostra exatamente o contrário: ele tem trabalhando com produtoras e ficará um mês na Europa em turnê a partir desse mês.
Alexandre é professor e explica que seu método de ensino é focado nas necessidades individuais de cada aluno. “Tenho ainda vontade de estudar mais, mas, por enquanto meu tempo está ‘fora de órbita”, ele diz.
A dica do professor é a seguinte: “toque fácil, se adapte a situações que te deixem confortável com o instrumento. Não faça da técnica um sofrimento e sim um meio de expressão”.
SERVIÇO
Quer rever a apresentação dos músicos do 1º Concurso Santo Angelo Curando Seu Improviso? Segue o link da participação de cada um deles para você se inspirar e quem sabe, participar dos concursos que estão por vir!
Arthur Queiroz – www.youtube.com/watch?v=krfzEH-NpOY
Raoni Maciel – www.youtube.com/watch?v=8ZFXa-vqujo
Ton Alves – www.youtube.com/watch?v=IOumkU5B4e8
Filipe Paiva – www.youtube.com/watch?v=WZHBb-uxx6M
Alexandre Hard – www.youtube.com/watch?v=agflSIi6TU4
Até a próxima!