Como nasceu o mercado Custom Shop

2016-04-20 - FB

Fala galera, tudo bem? Nesse meu 2º post aqui no blog SANTO ANGELO (se não leu o 1º clique aqui) queria dividir com vocês uma matéria bem interessante sobre o mercado Custom Shop. Isso mesmo, aquele mercado de customização e produtos (instrumentos) personalizados.

Por ser um assunto bem extenso, vou tentar ressaltar os pontos mais importantes de uma maneira bem objetiva e funcional.

Vamos lá!

Para entender o crescimento desse tipo de mercado, faremos uma rápida viajem no tempo, analisando as circunstancias que levaram a esse direcionamento.

Anos atrás, tínhamos uma variedade de produtos muito menor do que hoje. No início de toda essa história, existiam os fabricantes Rickenbacker, Fender e Gibson disputando um mercado em que havia ainda muito a ser descoberto e aprimorado.

Com o passar dos anos, essas marcas se mantiveram na busca do aprimoramento e na criação de novos modelos ao mesmo tempo em que novos fabricantes foram surgindo como a Ibanez, por exemplo. Isso foi expandindo o mercado e exigindo mais de todos esses participantes.

Assim, modernas técnicas de fabricação e padronização de componentes foram sendo agregados de maneira a baixar os preços finais e dar conta da crescente demanda por instrumentos musicais. Era a época de ouro do Rock e cada dia surgiam novos candidatos ao papel de músicos.

Detalhe: estamos falando apenas de guitarras. Ainda não começamos a falar dos eletrônicos tais como pedais, pedaleiras ou mesmo dos racks e amplificadores.

Continuando e pensando no antes e depois da era digital, percebemos nitidamente que o acesso à informação, antes privilegiada e restrita, e agora exposta pela internet, tornou o músico mais seletivo e consciente quando se refere a qualidade.

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Houve o “boom” da China, trazendo benefícios de menores custos às grandes empresas.

É sem dúvida tentador para uma companhia terceirizar para aumentar sua produção gastando menos, você não concorda? Se por um lado era vantajoso, no entanto, esse processo gerou um outro lado não tão interessante e até um pouco polêmico.

Com um aumento enorme da produção, ficou complicado manter o mesmo padrão de qualidade a menos que houvesse uma fiscalização e controle muito grande por parte da empresa contratante. Sendo assim, percebeu-se que as companhias que se preocuparam com isso, consolidaram-se no mercado e as empresas que deixaram a qualidade de lado, tiveram queda significativa da procura dos respectivos produtos.

Esse cuidado com a Qualidade vale para tudo, não só nas guitarras.

Foi nesse momento que nasceu uma nova tendência entre os consumidores: a procura por empresas menores (até mesmo de um só empregado – o próprio luthier) que atendessem além de padrões mais elevados de qualidade, determinadas preferencias pessoais de construções de instrumentos.

Verdade seja dita que nem todas empresas de maior porte sucumbiram à essas mudanças de comportamento dos músicos. Marcas consolidadas por seu comprometimento com os consumidores, como por exemplo a SANTO ANGELO, que sempre estiveram em constante aprimoramento e ligadas no mercado mundial, adequaram-se à nova realidade. Ou seja, disponibilizar ao músico produtos que vão além da fabricação de padrões, atendendo necessidades específicas de músicos e instrumentos.

Como exemplos nessa gama de produtos cito o cabo “African GB”, específico para Guitarras Baianas e instrumentos mais agudos e o “Shogun”, cabo recomendadíssimo para aguentar turnês e muita estrada.

Voltando aos consumidores mais exigentes com a qualidade de seus instrumentos e não satisfeitos com os modelos de fabricação em linha que percebemos o crescimento do conceito “CUSTOM SHOP”.

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A “compra customizada”, traz a tona a ideia lúdica de um “instrumento dos sonhos”, algo feito com o que existe de melhor, sob medida para você. Assim como o “drive perfeito”, o “ampli perfeito”, entre outras expressões normais no meio “guitarrístico” (De cientista e louco, todo guitarrista tem bem mais do que um pouco, quando falamos de equipamentos).

Podemos vislumbrar que essa busca pela “coisa única” trouxe muitos benefícios ao mercado, como por exemplo, o aumento da competitividade, que obrigou as grandes marcas a mudarem seus patamares de (maior) qualidade.

O músico melhora suas opções de investimento.

Aproveitando um gancho da última matéria sobre as madeiras e as sonoridades do meu post anterior, antes de escolhermos uma empresa custom shop, devemos buscar todas as informações (ou boa parte dela) mesmo que não sejamos “experts” naquele determinado modelo de instrumento musical.

No meu caso particular, escolhi uma custom shop que me ofereceu um cardápio variado de madeiras, ferragens e parte elétrica, priorizando altíssimos padrões de acabamento. Além da construção, o luthier Ivan Freitas, da Music Maker diz que a forma como a guitarra é finalizada (limpeza, cordas de alta qualidade) contribui mais com essa visão do que é Custom.

Essa forma de trabalhar gera muita confiança em quem vive da Música e não é à toa que músicos como João Castilho, Kleber K. Shima e o Lucas Bittencourt, todos endorsees SANTO ANGELO, escolhemos essa empresa.

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Expandindo para o mundo, podemos citar marcas que fazem um excelente trabalho com guitarras “quase” custom como a PRS, Tom Anderson, GNG, Michael Kelly e Suhr. Foram empresas que inovaram o mercado nos últimos anos, trazendo produtos que encantaram os consumidores em muitos aspectos.

Podemos citar a escolha de madeiras muito bonitas e uma construção impecável, que pode ser conferida nas mãos de Guthrie Govan, Andre Nieri, Carlos Santana, Mark Tremonti, Orianthi, Tom Quayle, Scott Henderson entre outros.

Posso afirmar que essas marcas reconhecidas como “custom” foram a base de uma nova geração de produtos que vieram em seguida.

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Deixando as guitarras no suporte, o ramo de amplificadores custom ou “de butique” também se aproveita dessa onda. Temos muitas marcas que vem provando que o Brasil também pode fabricar produtos com qualidade superior e timbres incríveis!

Entre essas empresas nacionais podemos citar a Pedrone Amplificadores, T-Miranda, NV e Bruschi.

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Já nas internacionais podemos citar sem dúvida a Bogner Amplification, uma marca que foi pioneira sendo uma das primeiras a lançar um amplificador com três pré-amplificadores antes do Poweramp. Legal, né?

A Suhr e a Custom Audio mostram sua importância, já que ao longo dos anos estiveram presentes nas mãos de artistas como Peter Thorn e Reb Beach. Ainda podemos lembrar da Friedman, ENGL marca que atualmente acompanha Steve Morse, que possui uma linha de amplificadores com tecnologia avançada e recursos de sobra.

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Na área dos pedais não poderia ser diferente.

Marcas nacionais, cada vez mais competitivas, trazem a tona uma gama incrível de pedais de efeito com qualidade altíssima. Marcas como DMT, BFFX e Guitartech (leia mais sobre eles nesse post vêm quebrando paradigmas na criação dos pedais, trazendo visual e timbres interessantes).

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Já no mercado mundial (de maior poder aquisitivo), algumas marcas estão se tornando em verdadeiras grifes ou “de butique” como são melhor conhecidas entre os músicos do mundo todo.

Um exemplo interessantíssimo (mais uma vez) é a Bogner Amplification que, em 2013, ganhou prêmios com os pedais Ecstasy Blue/Red. Drives que tem como proposta trazerem o som de amplificadores consagrados e a possibilidade de que tem por intuito imitar a dinâmica de um amp valvulado.

Partindo para linha de pedais de efeito temos a Eventide, Strymon e TC Electronics criando a cada ano produtos que vão da praticidade necessária ao recurso impensado, materializando sonhos de todos os guitarristas.

Exemplifico com o “Modfactor” da linha Factor, produzido pela Eventide (outros modelos são o Timefactor e o Pitchfactor). Além dos presets distribuídos em até 50 bancos ele possui opção de ser controlado via MIDI. Outras grandes marcas como JHS, Suhr, Klon, Xotic, Mad Professor, Fulltone e até mesmo a Boss com a linha Waza Craft têm se destacado.

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Todas essas empresas e produtos que citamos aqui são dignos de pelo menos 5 minutinhos do seu tempo para uma pesquisa mais detalhada ou eventual “test drive”, se possível. Conheça mais também sobre as marcas brasileiras citadas, comparando o que ouvir com seu gosto pessoal.

Ou seja, pesquise, teste, ouça com cuidado e conclua por sí mesmo. Busque sempre o melhor para o seu som e claro, para o seu bolso também. A grande verdade é que nosso som ou timbre ideal, estará sempre em nossas mentes, na ponta dos nossos dedos e na capacidade de pagarmos por ele, sem comprometer nossa saúde financeira!

Recomendamos alguns passos para que sua experiência “Custom” seja mais proveitosa:

  • Descubra os fornecedores da empresa (madeiras, ferragens, pintura), isso já te garante qualidade;
    Você precisará dar um sinal em dinheiro no caso de uma luthieria. Peça um recibo que comprove seu pagamento;
    Acompanhe o processo de construção. Alguns luthiers até te convidam a tirar medidas da sua mão para que o shape do braço fique confortável;
    Quando for receber o instrumento customizado, olhe todos os detalhes, teste e sempre exija o combinado.

E para deixá-los curiosos, na próxima matéria falaremos sobre os Racks!

Espero vocês novamente! Comentem, compartilhem e me ajude a fazer melhores matérias a cada dia! Assim como eu, a SANTO ANGELO busca pela excelência por respeito à você, seja iniciante ou profissional. Para nós, todos são unicamente importantes!

Até a próxima.

Éric Paulussi é guitarrista profissional há 10 anos. Atua também como sideman e professor de Setup de instrumento nas licenciadas do EM&T do interior de São Paulo. Endorsee de marcas nacionais e internacionais, Éric desenvolve workshops passando conhecimentos sobre assuntos envolvendo guitarra e tecnologia.




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