Crowdmusic: a “nova” maneira de realizar projetos
por Dan Souza
Olá pessoal, tudo tranquilo? Aqui é Dan Souza, RA (Relações Artísticas) da SANTO ANGELO falando novamente. Uma conta que não fecha atualmente é o numero de pedidos de maior participação em dinheiro em projetos pessoais (gravação de DVD´s, Show, workshops, etc) dos meus artistas com a verba que tenho disponível aqui na empresa.
Não é novidade para ninguém a queda de vendas devida à crise financeira que assola o Brasil e a conseqüente adequação do orçamento de cada empresa à nova realidade. A SANTO ANGELO não é diferente e tive que aceitar uma redução na minha verba a fim de que menos pessoas fossem demitidas, porque não existem sinais de quando passaremos pelo “fundo do poço”. Aliás, dizem os economistas que só teremos sinais de melhoria em 2017.
No entanto, o que devo dizer como RA aos nossos endorsees?
Hoje, passeando pelas mídias sociais, percebi um anúncio de um site que sempre acompanho: a plataforma de financiamento coletivo – ou crowdfunding para os “Brothers” – Kickstarter.
Como estou permanentemente ligado em Música, arte e tecnologia, sigo fielmente as notícias sobre esses mundos e me surpreendi com o que li.
O ACPAD é um controlador MIDI Wireless feito para violões. Achei muito legal e fiquei com a mente inquieta querendo adquirir um (mas com o Euro agora lá em cima, contribui só com $5). Aproveitei que estava no site e fui procurar algumas coisas no ramo da Música.
Antes de filtrar o tema, abri uma aba do Google para pesquisar sobre o maior sucesso musical do Kickstarter e descobri Amanda Palmer. Vocalista e pianista da banda “The Dresden Dolls”, Amanda abandonou o grupo e partiu para carreira solo.
This is the future of Music
Com a frase “Esse é o futuro da Música” ela começou sua campanha para arrecadar US$ 100 mil para um novo álbum solo e um tour pelos EUA (aproveitando sua base de fãs da outra banda).
Oferecendo recompensas diferentes para cada faixa de contribuição, em apenas 6 dias ela conseguiu chegar no valor pedido para a realização do projeto. Ainda tinha mais tempo.
Long story short: ela arrecadou apenas U$ 1.192.793,00 (isso mesmo, quase um milhão e duzentos mil dólares). E todo esse dinheiro veio de seus fãs.
O motivo de ter adotado esse slogan foi o seguinte: as gravadoras não mais detém a produção de conteúdo. Os artistas estão livres para fazer e oferecer diretamente seus trabalhos para seus fãs. E os fãs, por sua vez, podem contribuir para o que o artista quer fazer. É uma via de mão dupla, sem a gravadora como intermediadora. Seems fair!
Seria então o Crowdfunding o arauto da destruição das gravadoras?
Não me precipito nesse quesito. Como são poucas e sua força combinada no mercado de massas é imensa, as gravadoras ainda perdurarão por muito tempo. Porém, para artistas de nicho (específicos) isso pode ser uma ferramenta libertadora e tanto.
Além do Kickstarter, existem outras plataformas como o IndieGoGo, Kickante (BR), Catarse (BR), Vakinha (BR) entre outras. As formas de se criar o projeto são diversas. Alguns só confirmam a realização do projeto caso ele chegue à meta estabelecida (conhecido como “ou tudo, ou nada”). Já outros têm metas flexíveis, mas o detalhe desses formatos é a transparência por trás do projeto que aproxima os fãs do artista predileto.
Propor um projeto para seus fãs, oferecer recompensas (como o álbum autografado ou uma carta de obrigado) para conseguir realiza-lo é algo a se pensar e colocar a mão na massa. E nesse momento, analisando a ferramenta e olhando os novos artistas na plataforma me apareceu a seguinte questão:
Qualquer um pode fazer um Crowdfunding?
Na questão técnica, de abrir uma conta no Kickstarter (ou outra plataforma) e lançar seu projeto, ok, qualquer um pode. Conseguir já é outra história. Veja os dados completos de 2014 clicando aqui.
Dados da About.com dizem que em média, 38% dos projetos são bem sucedidos no Kickstarter. Essa média sobe para 73% caso a pessoa já tenha proposto um projeto bem sucedido. E a análise dos motivos de fracasso nos parece simples: falta de base ou projeto irrelevante.
Como exemplo de falta de base, conheci o Lucas Cole, um canadense que quer lançar seu segundo EP. Em sua fanpage do Facebook ele conta com 168 curtidas e no canal do Youtube, 174 inscritos.
Comparemos com a Amanda Palmer que no Facebook tem 370 mil pessoas e no Youtube mais de 73 mil. Até o momento que observei (faltando 2 horas para acabar o projeto) ele não tinha recebido nenhuma oferta. E ele tinha pedido apenas U$ 1.000,00.
Outro que me chamou a atenção, mas no ramo de comida, foi o “L.B’s fish n’ chicken community fry off”, que sugeria uma oferta de U$ 10,00 para comer um prato de peixe e frango que eles diziam ser o melhor do mundo.Definitivamente irrelevante para nós brasileiros (e pelo visto, para os americanos também). Faltando 30 minutos, nada!
Mas como fazer um projeto bem sucedido de Crowdfunding?
Se houvesse uma fórmula mágica, todos estariam ricos e com seus projetos realizados. Mas existem formas de se pensar antes de colocar em prática para que a chance de sucesso seja maior.
Responda, por exemplo, essas perguntas para si mesmo:
- Tenho um projeto interessante para o público? (não adianta ser legal só para você)
- Tenho fãs o suficiente para que, se 10% deles contribuírem com U$ 5,00 eu atinja minha meta? (pense sempre em lances baixos)
- Já tenho os custos desse projeto? (se for um CD, por exemplo, quanto vai custar para gravar, mixar, prensar, fazer encarte e os custos de distribuição para quem contribuir)
- O que vou oferecer e como dividirei as recompensas entre as faixas de contribuição? (escrever uma mensagem de “obrigado” é o mínimo, mas pense em recompensas que encherão os olhos dos seus fãs. E pesquise também sobre projetos semelhantes ao seu e o que eles pediam).
- Como criar recompensas que façam com que o fã sinta-se parte da experiência da criação do artista, mais do que meramente comprando um item com antecedência.
- Quais os meios que utilizarei para comunicar sobre o projeto e atualizar os fãs? (hoje está fácil, escolha as mídias sociais nas quais seus fãs já estão e participam ativamente)
- Se passar da meta, o que farei com o dinheiro a mais? (isso é importantíssimo, transparência, como já dissemos).
Feito tudo isso, suas chances aumentam, pois você planejou suas ações nessa nova plataforma de financiamento.
E pesquise sempre, veja casos de sucesso em plataformas brasileiras como a Leila Pinheiro ou a Banda Vivendo do Ócio. Assim, você consegue se guiar e tirar melhor proveito da sua campanha.
Com essa alternativa, espero ajudar meus artistas “SANTO ANGELO” nesse momento delicado de aperto financeiro e também contribuir um pouco mais para a carreira de músicos que não são por nós patrocinados.
Afinal, buscando e aplicado métodos diferentes, abrimos novas janelas em nossos cérebros que nos possibilitem atingir resultados diferentes.
E se tiver algum projeto para indicar para todos nós que te inspira, comente aqui ou nas redes sociais da SANTO ANGELO.
Grande abraço e até a próxima.
* Contribuição de Luiz Augusto Buff da 1M1Art