Limite de uso da internet: o lado do músico

2016-04-25 - FB

Um assunto está sendo muito comentado atualmente nas redes sociais: o limite que as empresas de telecomunicações querem impor à internet fixa brasileira e, claro, cobrar a mais para quem ultrapassá-lo. Isso vem gerando muita insatisfação entre os usuários porque, afinal, é a limitação do acesso às informações na internet que está em jogo, condicionado ao poder aquisitivo dos consumidores.

Justo agora que, embora com alguns “megas” de acesso no celular, estávamos acostumados baixar em casa os arquivos mais pesados, pois tudo era livre e ilimitado. Praticamente os limites representam uma quebra no nosso estilo de vida baseado na internet.

Mas o que isso tem a ver com o músico?

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Muita coisa. Hoje, como já falamos em muitos posts sobre Music Business, as exigências em cima do músico é muito maior do que antigamente. Postagens de vídeos, redes sociais o tempo todo, ensaios via Skype e Streaming são só algumas das situações que eu e você utilizamos a internet para nos comunicarmos ou nos auto promovemos.

Resumindo para quem está chegando agora, as grandes operadoras estão criando planos com velocidades e franquias diferentes. Por exemplo: um plano dito econômico, teria uma conexão de 200Kbps e franquia de 10 GB, ou seja, cerca de 300 MB por dia para baixar. Para sua informação, saiba que vídeos no Youtube (sim, videoaulas) consomem entre 10 e 50 MB (no replay também, menos, mas consomem). Entendeu o problema?

Imagine agora que você acompanha as work-aulas do Maurício Alabama, nosso endorsee, via Youtube, que tem em média, 45 minutos. Se mantiver a qualidade média, o consumo deve girar em torno de 270 MB. E se for repetir a aula, pode colocar mais uns 200 MB na sua conta.

Mas na sua casa, não é só você que consome, certo?

Enquanto você faz a work-aula, divide a conexão com seus pais que estão vendo um filme no Netflix e com seu irmão que não sai do Snapchat ou sua irmã que não para de falar com as amigas via Whatsapp. Se isso for feito por 2 horas diárias, a franquia acaba no máximo no 4º dia do mês. É ruim hein?

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E existe ainda a possibilidade de, nessa nova conjectura, seu sinal ser cortado. São 26 dias sem internet em casa. Isso complica a vida de qualquer um, músico ou não. E depender de redes 3G/4G pode te deixar em apuros também.

Algumas pessoas afirmam que em outros países do mundo, mais desenvolvidos que nós, as empresas limitam a internet dos consumidores. Essa informação, porém, não é 100% verídica.

Nos Estados Unidos, a AT&T (gigante mundial de telecomunicação) e a Comcast oferecem internet fixa em planos de 25 à 45 Mbps com franquia de 250 à 300GB. Porém, lá você pode escolher entre diversas operadoras (muitas delas com planos ilimitados ao alcance do bolso americano). Aqui no Brasil, você fica refém da desculpa de haver “cabeamento (livre) perto da sua casa”. Outra questão é o quanto representa a internet no salário mínimo dos países. Um plano simples, nos EUA, representa entre 4% e 6% do salário mínimo, enquanto aqui no Brasil gira em torno de 10%.

Ouvimos muitos relatos de “contratei esse plano dessa operadora, pois as outras não chegam em casa”. Isso parece até (na maioria das vezes) uma forma meia velada de censurar o acesso de brasileiros menos afortunados à informação digital.

E lembremos outras possibilidades que podem atrasar sua carreira.

Imagine sua banda gravando um novo álbum e o produtor deseja passar o projeto na nuvem para vocês. Alguns Gigas serão consumidos em cada música (se bem me lembro, uma música de 5 minutos tem em média 1.5GB de tamanho).

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Se for ensaiar via Skype, para economizar com estúdio, recebendo os dados das pessoas por 2 horas, seu computador deve consumir em torno de 1GB.

Se você comprar e baixar o “Guitar Hero 5” no seu videogame, para lembrar de bons momentos e se inspirar com a seleção musical, anote o consumo estimado: 3.5GB.

Se for no iTunes/Google Play e comprar “School of Rock” para ver com seus amigos (o filme é bem legal, por sinal e sem trocadilho) em 1080p (deixa o 4K de lado), o consumo vai tranquilamente para os 4GB.

Além disso tudo, a influência de limites passaria ao seu público.

Ver um vídeo do seu trabalho ou economizar a franquia para ver uma série no Netflix com a família? A concorrência não seria mais pela atenção, mas sim pelo megabyte, o que pode prejudicar a força que o mercado ganhou graças a internet. Ou seja, menos faturamento para o setor de negócios digitais. Aí nem nós podemos ajudar, como estabelecido nesse post.

E o que podemos fazer?

Existem formas de lutar contra essa proposta, como por exemplo contatando o Movimento ISL (Internet Sem Limites) e participando de abaixo-assinados, ou formalizando reclamações no PROCON para pressionar a Anatel (que regula tudo isso) e os políticos, que são fortes na área de telecomunicação, a mudarem essa política. Aliás já falamos que devemos ser mais unidos em busca de nossos interesses nesse post recente.

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Ou seja, vamos nos mobilizar para defender nossos interesses.

Já dissemos que as pessoas têm força para, juntas, decidir rumos melhores ao país. E essa força pode ser benéfica no respeito de nossos direitos de cidadãos inclusive na construção de melhores serviços de internet e que esse limite seja apenas um código HTML excluído de um bom site.

Todos se beneficiam e a música continua a crescer na web.

Para mais informações, acessem os artigos do Olhar Digital, Tecmundo e Manual do Usuário.

Até a próxima.

Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.




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