Limite de uso da internet: o lado do produtor de conteúdo

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Todos concordamos que a internet modificou a forma de comunicação entre os seres humanos. Por isso, foram rompidos tantos paradigmas que Pierre Levy e Manuel Castells, chamam esses tempos atuais de “sociedade da informação”, ou “sociedade da comunicação”

Nessa nova era, a comunicação tornou-se ao mesmo tempo, uma extensão dos sentidos de cada ser humano individualmente. Cada um pode produzir opinar, criar conteúdos dos temas mais variados e torná-los acessíveis, sem grandes restrições, a grande parte da população mundial.

E se essa capacidade de criação e comunicação fosse reduzida?

Você provavelmente está acompanhando as discussões nas redes sociais sobre a decisão das operadoras brasileiras de impor limites para a conexão banda larga. Publicamos aqui no blog, um post sobre esse assunto caso o limite fosse aprovado e seus possíveis impactos na carreira do músico. Se ainda não leu ou quiser reler a matéria é só clicar aqui.

Mas, já parou para pensar como ficarão os produtores de conteúdo caso se confirmem essas medidas da Anatel?

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O avanço das velocidades de banda larga revolucionou a produção de conteúdo na internet e alavancou novos mercados. Televisão e Rádio não ditam mais tendências. Os produtores de Youtube pautam a TV e os jornais tradicionais, diferente da realidade de alguns anos atrás. Os serviços de streaming são o presente, como já falamos aqui no blog: Spotify, Fleeber, Yousician, entre tantos outros de Music Business.

Entretanto, estes serviços estão entre os que mais consomem dados. A Netflix, por exemplo, estima que o uso de dados em seus vídeos na qualidade alta é de até 3 GB por hora para HD e 7 GB por hora para Ultra HD. Outros serviços de exibição de vídeos por demanda, como o YouTube, também consomem muito. Depois deles, algumas modalidades de games online.

A mudança afeta o nosso lazer, entretenimento, mas também o acesso livre a informação: tutorais, aulas e até cursos à distância serão prejudicados. Com o limite que está sendo discutido, os YouTubers, Gamers profissionais, Podcasters e outros produtores de conteúdo que dependem de grandes volumes de dados, ficarão impossibilitados de exercer suas atividades. Não é só entretenimento que estamos perdendo, mas cursos online, videoconferências ficarão impraticáveis de serem consumidos com os novos limites de internet.

Os produtores de conteúdo do YouTube também fizeram críticas às mudanças. Muitos youtubers famosos no Brasil, como PC Siqueira (2 milhões de inscritos), Cauê Moura (4 milhões inscritos), Felipe Neto (5 milhões de inscritos) entre outros, fizeram vídeos falando e se posicionando contra a mudança já aprovada pela ANATEL (até a data de edição desse post).

Caso seja limitado, o que devo fazer?

Não perca tempo reclamando esta é a palavra de ordem, como já falamos e sempre insistimos aqui no blog por diversas vezes. A melhor opção sempre é a adaptação, por isso mude o seu Mindset: não perca tempo reclamando e amplie suas possibilidades. Este é um bom momento para refletir a relevância do conteúdo.

Quer dizer que restrição diminui o faturamento dos produtores?

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Claro que sim! Assim como nas mídias tradicionais o faturamento está ligado à audiência, nas mídias digitais como no Youtube onde os valores estão relacionados à visualização dos vídeos postados. Segundo alguns canais de tecnologia, os valores pagos estão entre US$0,60 e US$ 5 a cada mil views, em média, com alguns casos acima ou abaixo desses valores. Entretanto, estes valores são estimativas já que o algoritmo dessa rede social é secreto e não se sabe ao certo quais são as variáveis.

Será que os impactos financeiros refletirão na qualidade do conteúdo?

Não sabemos, mas tudo leva a crer que sim. O “Jovem Nerd”, por exemplo, é um blog brasileiro de humor e notícias criado em 2002 por Alexandre Ottoni e Deive Pazos, que aborda temas variados: cinema, quadrinhos, viagens e séries de televisão. Desde março de 2006, o Nerdcast chega a 350 mil downloads somente na primeira semana de lançamento.

Agora são mais de 500 podcasts produzidos e o mais acessado bateu a marca de 4 milhões de downloads e o mais longo possui 3 horas e 25 minutos de conteúdo. Certamente toda essa produção gera muitos custos que deverão ser pagos para que a programação continue, concordam?

Lembramos que limitação da internet fixa é um freio no avanço da inovação e no consumo de informação, gerando consequências graves nos modelos de negócios de tantas empresas inovadoras na área de negócios digitais.

Essa imposição chega em um momento em que o novo hábito de consumo de conteúdo online faz parte da cultura de uma geração. Dessa forma, mais e mais empresas destinam verbas publicitárias para a produção online, seguindo estratégias cada vez mais voltadas para a mídia digital. Mas se os consumidores forem restritos quanto ao acesso à internet, novas estratégias deverão ser pensadas para que os produtores de conteúdo possam sustentar-se.

Caso o limite seja implantado, o que eu, como consumidor, posso fazer?

Como já falamos e sempre insistimos aqui no blog por diversas vezes, a palavra de ordem, é: não perca tempo reclamando! A melhor opção sempre é a adaptação, por isso mude o seu Mindset: não perca tempo reclamando e amplie suas possibilidades. Este é um bom momento para refletir a relevância do conteúdo e seu papel enquanto produtor ou consumidor.

Participe da petição online pelo site da Avaaz pedindo que as mudanças já aprovadas não sejam implementadas. As assinaturas são destinadas ao Ministério Público Federal. Acesse aqui.

Abraços, boa sorte e até a próxima!

Lygia Teles, é Relações Públicas e pós-graduanda em Gestão de Marketing pelo SENAC-SP. Desde janeiro/16 integra a equipe de Marketing e Comunicação da SANTO ANGELO

 




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