Network: o que você não deve fazer!

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Olá pessoal, tudo bem?

Com certeza, muitos de vocês já conhecem o Manual de Network sempre lembrado aqui no blog. Mas desde o final de Expomusic 2016, depois de ver algumas “derrapagens” de muitos que não leram o post, decidi acrescentar um capítulo especial: o anti network.

Mas não pensem que só vi maus exemplos de network. Muito pelo contrário.

Fiz questão de postar o testemunho do vencedor do GSD, Thiago Marques, um verdadeiro exemplo de foco e profissionalismo que você lê nesse link.

Posteriormente, falei sobre a Expomusic 2016 e quem passou por lá, incluindo nossos endorsees além de relacionar os números de visitantes diários do evento. Claro que na “montanha” de visitantes, sempre existem os oportunistas, cujas gafes e de algumas atitudes minimamente engraçadas foram minha inspiração para o post de hoje.

Anti network: o que é isso?

Explicando esse termo, recém criado por mim aqui na SANTO ANGELO, seria a arte de não criar ou destruir uma rede virtuosa de contatos profissionais. Na verdade é a forma de fechar portas ou tudo aquilo que pregamos no blog, quando falamos de Music Business.

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O Manual de Network, acima citado, é um código básico de etiqueta para quando se vai à um evento como a Expomusic ou, se preferir, um manual de entrevista de emprego.

Por mais que queiramos ser disruptivos (à lá Zebeleo), algumas coisas precisam ser respeitadas no contato com empresas de qualquer setor. Ou você acha que a Nike ou Coca-Cola apoiam qualquer um? Essas marcas podem apoiar muita coisa (algumas das empresas mais valiosas do mundo), mas elas filtram tudo e qualquer deslize é motivo de “adeus” como explicamos nesse outro post.

Da mesma forma, as empresas de nosso setor aplicam um “noise gate” de endorsement.

Algumas situações me deixaram até sem ar (e eu sou um RA bem aberto aos projetos) e resolvi conta-las (preservando nomes, claro) para que, com erros ou equívocos dos outros, possamos aprender mais e construir melhores parcerias.

Você poderia me dar…

Acho que uma das mais comuns formas de abordagem é essa. A pessoa se apresenta (nem sempre, mas tudo bem), fala de onde é e o que toca e, logo em seguida, pede o produto, sem contrapartidas.

Pergunto: por que uma empresa daria um produto, do nada, para alguém que acabou de se apresentar?

Comparando a cultura de Music Business americana, o artista já chega à marca usando o produto, apresenta-se, mostra o projeto (normalmente por email, depois de pegar um cartão do responsável) e deixa à disposição do profissional da empresa pela qual ele se interessou.

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Penso que no ramo de cabos e acessórios, os “pidões” são mais comuns. Por isso sempre digo que “a guitarra e o amplificador você compra, o cabo e as palhetas acabam sendo o brinde”, não agregando valor à um produto que tem muito cuidado em sua produção. Vejo que isso é um pouco pela cultura de loja, onde alguns produtos de baixa qualidade são considerados apenas brindes. Mas isso é outro tema importante que abordarei com mais precisão no futuro.

E outra: nunca diminua o produto que você pede o que faz a porta se fechar e se trancar. Um dos músicos que entrou em contato comigo, se apresentou, entregou o CD e disse “é que eu preciso de uns cabinhos”. Não represento uma empresa de produtos no diminutivo, certo?

Cuidado com o que veste.

Sabemos que muitos músicos têm sua identidade visual bem definida, e respeito demais isso, tanto que acho bem legal esses elementos (hard rock, sertanejo e até funk tem suas formas de se vestir). O complicado é quando essa roupa agride a empresa de forma indireta.

Duas situações que aconteceram comigo na Expomusic 2016:

Uma delas um artista do metal extremo, vestido com uma camiseta onde freiras eram queimadas por um demônio. Entendo o posicionamento dele, mas a empresa tem outro direcionamento.

Apesar das minhas crenças pessoais, respeito os valores da SANTO ANGELO, assim como os músicos deveriam pensar nisso também. Fora que muita gente ficou com cara feia (o público presente no estande naquele momento também não aprovou o “visu”).

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A segunda situação foi de um músico que veio falar comigo usando a camiseta de um dos nossos concorrentes. Detalhe: o mesmo era endorsee daquela marca. E mais, quando lhe chamei a atenção sobre o traje, disse-me que “não percebeu” que usava essa camiseta.

Se esse é o valor que ele deu á marca que o apoiava, qual valor deverei dar ao respectivo músico? Acho que vocês sabem a resposta.

Como assim você não me conhece?

Outra gafe interessante é quando o músico acha que todos deveriam conhecê-lo (ou conhecer alguém que trabalha com ele). Dependendo do apelo midiático do músico, ele pode não ser tão conhecido.

Imagine eu, fã de rock e jazz, sendo apresentado a um ícone da embolada nordestina (que não Caju e Castanha). Provavelmente não saberei quem ele é. Por isso a apresentação, de preferência o mais humilde possível, é tão importante. Deixe que o interlocutor te valorize conforme o gosto pessoal dele.

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Se o músico entende isso, ótimo. O chato é quando a expressão facial muda, deixando a impressão de “nossa, como assim você não me conhece?”. Isso gera um desconforto e tanto, para ambos os lados.

Por isso que, nessa hora, a humildade é o segredo de continuar a comunicação de forma saudável para ambos os lados.

Humildade do músico e do setor

E por falar em humidade, vocês sabem que paralelamente à Expomusic acontecem vários outros eventos, a maioria fechados ao público. Ou seja, nós músicos consumidores que sustentam o mercado não somos convidados. Só os lojistas.

Até aí tudo bem certo. Nem todos gostam de músicos e barulho.

Na Expomusic é diferente. Os expositores presentes acreditaram que nós valemos a pena e prepararam vários shows, test drive de produtos e apresentações caprichadas. Modéstia à parte (uma vez que fui um dos responsáveis) o estande SANTO ANGELO brilhou nesse quesito, apesar as enormes dificuldades da economia brasileira.

Pois bem, não é que várias pessoas desfilaram pelos corredores da Expomusic com camisetas de marcas que não estavam presentes no evento? Mais: tiravam selfies a todo momento, inclusive com nossos endorsees, para dar a impressão nas redes sociais que a marca deles estava lá expondo. Que feio, não?

Mas o que vocês fazem mesmo?

Acho que essa é a pior gafe de todas. Recebi pessoas pedindo parceria que não tinham ideia do que a SANTO ANGELO produz (por serem de mercados fora da música).

Se estivéssemos nos anos 90 eu entenderia, porém, em tempos de smartphones e 4G não existem desculpas para não fazer uma rápida pesquisa prévia e descobrir o que a empresa fabrica ou comercializa, não é mesmo?

Por isso todos investimos em sites, mídias sociais e blog, para que nos encontrem facilmente. E outra: como eu pediria parceria para uma marca ou empresa que eu não conheço? Alguém assim eu chamo carinhosamente de “mercenário”.

Acho que cobri tudo que aconteceu na Expomusic 2016. Espero que esses meus relatos e experiências contribuam com vocês. Se já cometeu esses equívocos, repense e não os cometa novamente.

Faça exercícios de empatia. Se coloque no lugar do profissional que te atende e da empresa, assim como, os RA’s fazem com os músicos, entendendo sua carreira e projeção.

Fiquem ligados que a gente se fala em breve.

Dan Souza é Gestor de Marketing, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.




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