O melhor e o pior do ser humano
Olá pessoal, tudo bem?
Reta final das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e já vimos tanta coisa acontecer: vitórias de superação como a de Rafaela Silva (que você lê aqui), atletas terminando sem equipamento ou mesmo sem forças as provas, uma quebra de recorde olímpico inesperada com o Thiago Braz no salto com vara, Usain Bolt com o feito inédito do tri-campeonato nos 100m rasos e outras maravilhas da superação física e mental do ser humano.
Apesar da festa ser algo bonito de se ver, as pessoas se dando bem na maioria do tempo, um clima de interação e respeito, conseguimos perceber que uma parcela dessa galera está lá para fazer o que já estamos mais do que acostumados no mercado da música: a destilação ininterrupta de ódio.
E não nos resumimos aos atletas, que por vezes são achincalhados por performances medianas ou ruins, mas à todo o evento. Demonstrações de xenofobia, racismo, homofobia, transfobia, islamofobia (em voga nos últimos tempos) trazem um legado negativo.
Mas o que o músico tem a ver com isso?
Sabe quando você posta aquele vídeo, fazendo o solo de Erotomania do Dream Theater, e comete alguns erros quase imperceptíveis (afinal, é um solo difícil) ou mesmo deixa o timbre de uma forma que te agrade mais, ao invés de se parecer com John Petrucci? Eu sei que você sabe.
Logo abaixo do seu vídeo, uma parcela das pessoas elogia seu esforço, sua evolução e o impele a continuar, mas tem uma galera….
“Seu timbre é uma m#&$@”, “vai aprender a dar um bend direito”, “seu arpeggio parece um acorde do Legião Urbana”. Essas e outras ofensas você pode ver tanto no seu vídeo como em outros diversos canais que estão em nosso mercado (já aconteceu bastante na nossa fanpage do Facebook, mas hoje, felizmente, você e amigos mais virtuosos que formam uma rede positiva de impulsionamento).
Como o Gustavo Victorino já falou em um post anterior (que você lê clicando aqui), criticar é algo importante e que se aprende. Não é apenas atirar ódio no ventilador e espalhar para todos os cantos (apesar das mídias sociais favorecerem isso como já foi comentado nesse post).
E como lidar com esses haters que brotam dos recônditos cibernéticos?
Em uma palestra que assisti no início de 2016, durante a The NAMM Show 2016, com o nome “Hug your haters” (ou “Abrace seus odiadores”, em tradução livre), aprendi bastante coisa legal sobre como lidar e aproveitá-los como no judô e aikodô, usando a força negativa deles à seu favor. E antes da explicação, recomendo demais a leitura do livro Hug Your Haters do Jay Baer (que você encontra, disponível em inglês, nesse link), o qual inspirou a palestra que assisti.
O primeiro conceito que me chamou a atenção foi o de que “os hater são seus melhores fãs/consumidores”. Faz sentido, pois eles irão criticar e você entenderá onde melhorar (fazendo alguns devidos filtros, pois alguns deles só estão lá para odiá-lo sem motivo), eles serão seu crivo de excelência, pois quando um hater assumir que você está tocando bem é que alguma barreira foi superada.
Até parece que são muitos, mas alguns dados dizem que apenas 5% das pessoas que consomem sua música, shows, serviços musicais vão fazer algum comentário, seja ele negativo ou positivo, logo, você precisa ouvi-los (lê-los no caso das mídias sociais).
Mas qual o intuito de dar atenção á essas pessoas, afinal, são apenas 5%?
Pense que são essas pessoas que podem derrubar seu negócio ou sua carreira. Podemos dividi-los em duas partes: os Offstage Haters (ou fora de cena) e os Onstage Haters.
Os Offstage Hater não vão gostar do seu trabalho, darão um “dislike” e não mais te acompanharão. Você perdeu um fã, mas não a credibilidade. E esses são a maioria deles. Já os Onstage são aqueles que gostam de atenção, que vão reclamar aos 4 ventos, esses sim são mais preocupantes.
Nunca deixe de dar uma resposta (com tom profissional), pergunte o que achou de ruim, agradeça e mantenha-o sendo observado. Outra dica é respondê-lo apenas 2 vezes publicamente, na segunda, encerrando de forma elegante a conversa e chamando-o para um canal privado (Facebook Messenger, DM no Twitter ou email). Se ele quiser continuar falando, deixe-o, a internet se encarregará de deixa-lo irrelevante. Essas respostas mostram seu comprometimento com seu trabalho.
E por qual motivo isso gera um burburinho tão grande?
É dito que o SAC (ou Serviço de Atendimento ao Consumidor), independente de empresas ou artistas, é um esporte de espectadores. Como os palpiteiros do futebol, que observam uma altercação e logo depois vão dar palpites. Se você entra em conflito direto com um hater, as pessoas que observam essa discussão vão esperar o momento certo para dar uma opinião, por menos embasada que ela seja. E isso gera uma avalanche que fica difícil de controlar.
Importante é aprender com tudo isso, ser rápido nas respostas, para que nada ruim cresça sem controle, criando uma mácula na sua carreira que pode ser difícil de remover.
Então, aprendamos com o que as Olimpíadas trouxeram à tona e apliquemos no mercado musical. Utilizemos as críticas para evoluir, mas não vamos perder muito tempo com gente que só está lá para falar besteira sobre nossas carreiras e trabalhos.
Foco na música em primeiro lugar, com ouvidos atentos e muito respeito ao seu público.
Nos vemos em breve.
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Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.