Rock no bloco: o carnaval de David Bowie
Já vou avisar algumas coisas desde o início: até 2 dias atrás não curtia Carnaval como muitos de vocês que desapareceram do blog nesses dias de folia, mas me despi de quaisquer preconceitos (sejam eles musicais ou mesmo relacionados à pessoas) para conhecer a festa. Fora também a necessidade de entender que em ambientes com muitas pessoas, a possibilidade de ver drogas e abuso de álcool era maior do que em nosso dia a dia.
No entanto, as funções de Relações com Artistas (RA) do meu cargo aqui na SANTO ANGELO me obrigam a estar onde os músicos e o público estão. E meio que a contragosto lá fui eu para acompanhar um dos fenômenos mais legais do Carnaval de São Paulo: os blocos de rua. E já que muitos não leram meu último post, aproveitem para compartilharem essa pesquisa entre os amigos.
Pelo que pude ler e assistir através das reportagens, com crise ou sem crise, os brasileiros e brasileiras prestigiaram as escolas de samba e blocos de rua que encheram as avenidas e animaram as ruas do Brasil. Será que foi para esquecer as tristezas e desesperanças?
O que eu sei é que desde os mais clássicos até os mais novos, do rock ao samba, todo mundo pode curtir e se divertir bastante em 2016, desde que seguisse determinadas dicas bem simples.
De acordo com dados atuais, em comparação com 2015, o número dos blocos de rua cresceu 36%. Além disso, o prefeito da Cidade de São Paulo, Fernando Haddad, disse que o carnaval de rua em SP movimenta mais a economia do que o sambódromo (leia mais aqui). Ou seja, é uma forma bem interessante de popularizar uma festa que até pouco tempo atrás era fechada e com ingresso caríssimo para todo mundo.
E essa explosão de gente (145 mil pessoas) e dos blocos (355) trouxe mais coisas legais, como por exemplo, os blocos temáticos. Os já conhecidos: “Bloco Soviético” (aonde todo mundo vai de vermelho) e “Sargento Pimenta” (inspirado nos Beatles) deram espaço para blocos como o Bloco 77 (punk), o bloco Magnólia (Jazz) entre outros que você pode conferir aqui.
Qual aquele que eu escolhi conhecer para contar para vocês?
Antes de entrar em detalhes, relembro que nunca tinha ido a um bloco carnavalesco por achar que os estilos não tinham a ver comigo. Errei feio, pois tem bloco para todos os gostos e estilos musicais. E como tinha que escolher, acabei optando por um que atraiu muita gente para sua primeira vez nas ruas de São Paulo: o To de Bowie.
O bloco reuniu-se, algumas horas antes, em um pequeno restaurante onde alguns organizadores pintavam, gratuitamente, raios no rosto dos participantes, para que todos pudessem entrar no espírito da homenagem ao David Bowie. Até os funcionários do local estavam pintados. Algumas pessoas já vinham devidamente pintadas de casa também.
Depois do almoço, a galera ia para a Praça Princesa Isabel (centro de São Paulo/SP), de onde sairia o bloco. Ao chegar lá eu não acreditei: tinha uma galera maior ainda (lendo as matérias depois, estavam lá concentradas entre 28 e 40 mil pessoas), com a praça completamente tomada de foliões e fãs do músico inglês. Acho que se ele estivesse enterrado em São Paulo, certamente se levantaria da tumba para estar entre milhares de pessoas caracterizadas, bonecos e um trio elétrico personalizado.
E vamos para a folia!
As 16h o bloco deu partida tocando muitas músicas do Bowie através de um DJ. Versões originais se mesclavam com releituras em estilo marchinha e muita animação dos participantes que cantavam e dançavam os sucessos: “Starman”, “Space Oddity”, “Changes”, “Heroes”, “Under Pressure”, entre outros.
O trio também contava com uma banda cover (opa, olha aí oportunidade de trabalho) que tocou músicas como “Let’s Dance” e “Rebel Rebel”. Entretanto, essa parte deixou muita gente insatisfeita, pois quase todo o desfile foi feito pelo DJ tocando versões originais e não as releituras tão esperadas tocadas ao vivo.
O sol estava fustigando a galera, que renovava as camadas de protetor solar sempre que o carro de som dava uma parada. Esses intervalos também eram aproveitados por vendedores ambulantes que se mesclavam à multidão vendendo água, cerveja e refrigerantes. Pessoas traziam de casa seus geladinhos (ou sacolés) para vender também. Além de toda a diversão, a economia se movimentava nesse micro cosmos.
Viam-se muitos músicos com seus instrumentos rodando pelas ruas paralelas e acompanhando o bloco (eu não consegui ir atrás dele, fui pela rua paralela, acompanhado esquina à esquina).
Resumindo: 4 horas de diversão ao som do Ziggy Stardust
A experiência é bem interessante, tanto do ponto de vista do entretenimento como de oportunidade para os músicos. E esse foi apenas 1 dos mais de 355 blocos que agitaram a cidade nesses últimos dias. Se contarmos todos os estados, teremos uma infinidade de possibilidades para os músicos brasileiros. Trabalho, networking e diversão em um só lugar.
Apesar dos problemas como furtos e pessoas passando mal, no todo, o evento correu muito bem e mostrou que o carnaval é lugar de roqueiro, jazzista, blueseiro e shreder sim. Ou seja, não devemos limitar nossa criatividade por causa de preconceitos entre estilos.
Concorda ou não? Passou por alguma experiência parecida nesse Carnaval 2016 ou só ficou ensaiando para participar do nosso Concurso Cultural SANTO ANGELO Meus Riffs Inspiradores 2? Divida sua experiência com a gente e vamos todos evoluir juntos nos conceitos que nos fazem ser músicos e consequentemente, pessoas melhores.
Até a próxima!
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Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.