Music Business: reconhecimento de um líder instrumentista

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Ultimamente temos escutado tantas más notícias que a gente pensa que nada de bom acontece, principalmente para quem batalha tanto como os músicos. Porém, aqui no blog SANTO ANGELO temos como missão levar boas práticas e gerar ideias e opções para uma carreira musical além do Rockstar.

No inicio do ano falamos sobre o mercado promissor de cruzeiros para músicos e entrevistamos um agente especializado em recrutamento para companhias nacionais e internacionais, se não viu, veja aqui

Você que leu esse post ficou sabendo que não precisa se restringir ao mercado nacional, porque o mundo da Música é muito amplo e as oportunidades estão em todos os lugares, bastando mudar o seu mindset para entendê-las melhor. Como pode fazer isso? Saiba mais aqui 

E aí? Já pensou na possibilidade de trabalhar em um navio de cruzeiros?

Acompanhe a entrevista e dicas exclusivas com o premiado Fabiano Toste, Bacharel em Música pela UNICSUL – SP, especialista em Linguagens da Arte pela FASC e especialista em Gestão Estratégica pela ADESG.

Atualmente é pianista na MSC Cruzeiros e reconhecido pelo seu trabalho musical pela Braslider (Associação Brasileira de Liderança, fundada em 2009).

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SANTO ANGELO: Conte-nos sobre você: quem é Fabiano Toste?

FABIANO TOSTE: Sou paulistano, nascido no bairro do Tatuapé- SP, quando não estou em temporada, resido em Pindamonhangaba-SP. Sou casado com Priscila Toste, professora de artes, pai do Gustavo Augusto. Além da família e da música, tenho a fotografia como uma paixão.

SA: Quando iniciou sua paixão pela música? Alguém te influenciou?

FT: A Música surgiu na minha vida por acaso, por intermédio de uma vizinha que era formada no Conservatório e estava cursando Educação Artística fui apresentado ao enriquecedor mundo das artes. Posso dizer que fui alfabetizado primeiro na Música e depois na escola regular.

Acredito que esta vivência durante a infância foi fundamental para o meu desenvolvimento como artista e ser humano.

SA: Você sempre viveu profissionalmente de Música?

FT: Iniciei meus estudos com o piano erudito, o que tornava o mercado de trabalho mais restrito. Mas os rendimentos financeiros ainda não eram suficientes. A partir daí, comecei a fazer eventos sociais e entender um pouco mais de Music Business, que não adiantava tocar a Quinta Sinfonia de Beethoven, pois as pessoas queriam ouvir a música da novela. Precisamos saber adaptar nosso repertório ao gosto do público.

Sempre fui muito versátil, trabalhei em farmácia, cartório, editora, loja de instrumentos musicais além de ter tentado seguir a carreira musical dentro das Forças Armadas. Porém, durante o período de faculdade, percebi que a Música sempre estaria em primeiro plano e sempre foi o meu maior objetivo.

Trabalhei junto ao “Ballet Nacional do Brasil”, e em seguida comecei a trabalhar para a Yamaha Musical do Brasil, tocando em shoppings de toda a capital de São Paulo.

Posteriormente fui indicado para atuar no Projeto Guri – Secretaria de Estado da Cultura, onde atuei como regente. Porém, com o nascimento do meu filho segui para Pindamonhangaba-SP, onde fui lecionar na Faculdade de Música Santa Cecília, por indicação do meu grande amigo Paulo de Tarso Salles.

SA: Como ingressou e há quanto tempo trabalha no mercado de cruzeiros internacionais?

FT: Fui indicado pelo amigo César Dias para fazer uma entrevista com um agente europeu, pois precisava de um pianista para acompanhar uma cantora e formar um Duo para a temporada brasileira no navio da Companhia Ibero Cruceiros.

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Assim, em 2009 realizei meu primeiro embarque. No ano seguinte fiz uma audição para a Royal Caribbean, onde atuei como pianista solista e posteriormente como pianista da orquestra.

Em 2013 fui convidado por Maurizio Rossetti, para integrar o quadro da MSC Cruzeiros, por ocasião da inauguração do “MSC Preziosa” em sua primeira temporada no Brasil, e estou até hoje atuando como pianista na MSC, atualmente no Caribe, no “MSC Divina”.

SA: Você acredita que conhecer novas culturas agrega valor profissionalmente?

FT: Sem sombra de dúvida! O mundo está repleto de novas possibilidades, nosso universo é muito limitado dentro do Brasil. Somos um país continental e não conhecemos grande parte de nossa própria cultura.

O bom músico aprende todo dia, com seu público e com outros músicos. E, não só valores musicais, mas também culturais.

SA: O domínio do Inglês foi importante na sua carreira?

FT: O bom conhecimento nunca ocupa espaço. Para um bom desempenho no ambiente do navio e para quem visa uma carreira internacional, onde temos contato com pessoas do mundo todo, quanto mais idiomas você conhece, melhor será sua comunicação e ascensão.

SA: Como foi a sua escalada? O que acredita que contribuiu para sua ascensão na carreira?

FT: Acredito que foi um conjunto de coisas. Não só no navio, mas também em terra, é fundamental ter um bom network.  Nós temos sempre pessoas ao nosso redor controlando nosso trabalho e avaliando o desempenho e atuação.

Por isso, vejo que desenvolvi três habilidades que contribuíram para alcançar este atual momento: a comunicação /empatia com o público, a pontualidade nos horários e o esforço de querer aprender sempre mais. A imagem do músico conta muito nesse mercado. Precisamos passar credibilidade e confiança.

SA: Como a performance do músico é avaliada?

FT: Como além de músico também atuo como responsável pela parte musical, criar bons vínculos de relacionamento com nossos superiores é fundamental.

Existe uma pirâmide na avaliação de um músico: Atitude com seu público/colegas de trabalho, pontualidade e receptividade por parte do público. Precisamos lembrar que não trabalhamos somente para o nosso prazer, precisamos agradar a um público muito variado.

Acredito que o trabalho do músico dentro do navio é uma espécie de janela para o mundo, o músico que se destaca nas avaliações internas como: Comment Form pode ser indicado como colaborador destaque e tem chances e oportunidades de crescer dentro da companhia.

Além disso, alguns músicos que estão na grande mídia e que hoje tocam para multidões já trabalharam em cruzeiros marítimos.

SA: Qual foi a sensação ao ganhar o prêmio Braslider?

FT: Foi realmente uma grande surpresa. Eu recebi o comunicado em Janeiro / 2016 informando sobre a premiação. Num primeiro momento a gente tem a impressão de que alguma coisa está errada, que não é com você.

Ser premiado por trabalhar com Música de maneira independente ainda é muito difícil. E, aproveito a oportunidade para agradecer a MSC Cruzeiros, Karim Essade, Gary Glading, Maurizio Rossetti pela confiança no meu trabalho e a equipe da ABL pela indicação.

SA: Você acredita que premiações como esta fortalecem o mercado da Música?

FT: Todo reconhecimento é sempre positivo, principalmente quando realizamos um trabalho sem apoio dos grandes meios de comunicação. Pois, apesar de tocar para 4.500 pessoas por semana, meu nome não está em evidência na mídia.

Então, acredito que quando recebemos uma premiação por um trabalho voltado especificamente para a Música, podemos notar que algo muito bom está acontecendo no mercado. O mercado musical tem grandes talentos que podem e devem ser valorizados e incentivados.

SA: Quais conselhos você daria para músicos que estão sonhando em seguir uma carreira internacional?

FT: Vamos lá! O principal é estar munido de algumas ferramentas básicas. A primeira e essencial é o idioma: sem ele você certamente terá grandes dificuldades. A segunda é ter o máximo possível de domínio sobre o seu instrumento, ou seja, estar com a parte técnica em dia.

A terceira é ter um repertório sempre em expansão, pois além daquilo que conhecemos, sempre recebemos pedidos de músicas que nem ao menos sonhamos em ouvir, isso faz toda a diferença para o público.

A quarta e talvez uma das mais importantes: ser humilde, afinal, nós aprendemos  sempre alguma coisa nova todo dia, pois vida é aprendizado. Se você acredita que já sabe tudo, já é um músico com um mercado de trabalho limitado.

Obrigada, Fabiano Toste, por contar sobre sua trajetória e desejamos ainda mais sucesso nos próximos anos.

Outra dica que damos para todas essas informações sobre como é a vida no navio, das possibilidades e necessidades, está no canal do Daniel Guimarães, é só clicar aqui e conferir os vídeos que ele faz.

Abraços e até a próxima!

Lygia Teles, é Relações Públicas e pós-graduanda em Gestão de Marketing pelo SENAC-SP. Desde janeiro/16 integra a equipe de Marketing e Comunicação da SANTO ANGELO.

 




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