Futebol-Arte? Talvez, só dentro de campo!
por Isis Mastromano Correia
Não há como negar que os jogos dessa Copa estão rendendo emoções dentro de campo e muito assunto para o mundo da Música também! Por aqui, no blog SANTO ANGELO, na série de artigos “Musica e Futebol”, ainda não falamos dos jogadores que se aventuraram no ramo da canção. Então, vai que é sua, Taffarel! (se perdeu aqui? Dá um google!)
O senso comum diz que o Futebol não é apenas um esporte, mas, sim, uma arte. Inspirados pela ideia ou não, foram muitos os boleiros que curiosamente se aventuraram na Música. De Pelé e seu mítico “ABC”, que gravou para uma campanha do governo, à Neymar, personagem super-requisitado para contracenar em videoclipes, o fato é que em nenhum caso o talento perto de um violão, de um microfone ou de um estúdio foi maior do que o das pernas.
Especialmente a partir da década de 1970, motivados pela euforia gerada pelo tricampeonato galgado pela seleção brasileira na Copa do México, músicos se apoiaram de vez no futebol e os jogadores viram na porta aberta pela fama dentro dos gramados uma brecha para satisfazer a veia artística. Afinal, ainda não existiam os milionários contratos de patrocínio ou endorserments de marcas como hoje.
Acompanhando os registros sonoros deixados pelos futebolistas é possível obter um extrato dos movimentos culturais de cada época. Se hoje eles se apoiam principalmente no Funk carioca e no Pagode, no passado, Pelé dividiu o microfone e também composições com grandes nomes como Elis Regina, Jair Rodrigues, Roberto Carlos (o dos tempos áureos da Jovem Guarda), Wilson Simonal e Gilberto Gil.
Pelé bateu na trave no quesito habilidade vocal, mas o panteão artístico do qual se cercou e suas reais habilidades com a composição (escreveu até para o conjunto infantil “Trem da Alegria”) podem lhe conceder a chancela de jogador com a carreira artística mais relevante para a Música. Um “titulo” desconhecido pela maioria e que o rei nunca reivindicou, já que encarou a Música de maneira amadora, sempre paralela ao Futebol. Aliás, amador e profissional é uma discussão bem recorrente em nossa fanpage!
Pelé registrou obras interessantes como o disco compacto “Tabelinha”, gravado em 1969, que conta com Elis Regina e traz as faixas “Perdão Não Tem” e “Vexamão”, de sua autoria. Em 1978, foi lançado o LP “Pelé” com a trilha sonora do filme sobre sua despedida dos campos. Com produção e arranjos de Sérgio Mendes, Pelé cantou em duas faixas em dueto com a cantora Gracinha Leporace: “Meu mundo é uma bola” e “Cidade grande” e foi autor de outras duas canções do disco: “Nascimento” e “Voltando a Bauru”.
No ano seguinte, Pelé lançou outro compacto simples com as faixas “Criança” e “Moleque danado”, de sua autoria. O dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira considera a balada “Meu mundo é uma bola”, composta por Pelé e gravada por ele mesmo, o grande sucesso do rei do futebol.
Pelé e Elis Regina – Vexamão
Passada a era-Pelé na Música, foi a vez de Junior, ex-lateral do Flamengo surgir com “Povo Feliz”, música que embalou a irretocável seleção de 1982 durante todo o campeonato disputado na Itália e que, graças aos donos da casa, adiou o sonho do tetra que para nós só veio na década seguinte. O sucesso da faixa título imortalizou o refrão “voa, canarinho, voa” e trouxe ainda a faixa “Pagode da Seleção” que rendeu vendas de 800 mil cópias do compacto. A música é das mais populares do cancioneiro futebolístico e por isso já apareceu em outros de nossos posts anteriores.
Em 1995, ano do centenário do Flamengo, Junior gravou o CD comemorativo do clube, com participações de Moraes Moreira. O ex-jogador, que hoje é comentarista de TV, nunca deixou a Música de lado e mantém uma roda de samba no Rio de Janeiro onde é anfitrião e ajuda causas sociais com as apresentações.
Junior – Povo Feliz
Entre os que não se contentaram em mostrar o talento só pelos pés estão Marcelinho Carioca (ex-Corinthians) e Amaral (ex-Palmeiras) que fizeram parte da banda de Pagode Gospel “Divina Inspiração” que se apresentou em vários programas de TV.
E esse time não para de crescer: recentemente foi a vez de Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG) participar da canção do cantor baiano Edcity. Gaúcho, além de ter ajudado a compor a música, que é em sua homenagem, também cantou parte da canção e participou do clipe. Conclusões ficam a cargo do gosto e ouvidos do freguês!
Edcity e Ronaldinho Gaúcho – Vai na fé
Algumas experiências bem mais na nossa praia existiram em meio aos tambores e pandeiros. Nos anos 1990, Ronaldo Giovanelli, ex-goleiro do Corinthians, apostou suas fichas na banda de rock “Ronaldo e Os Impedidos” que inclusive conseguiu emplacar um grande sucesso nas rádios, a canção “O nome dela”. Ronaldo, hoje comentarista de futebol em canais de televisão, continua se apresentando com sua turma no circuito roqueiro paulista.
Ronaldo e os Impedidos – O nome dela
Ainda no Rock, Alexi Lalas, o excêntrico ex-zagueiro da seleção norte-americana de 1994, se lançou com a banda “The Gypsies”. A carreira do ruivo barbudo rendeu melhores frutos fora dos gramados, onde os Estados Unidos nunca foram muito longe mesmo: em 1998, Lalas lançou o disco solo Ginger e em 2008, Far From Close.
Alexi Lalas – Crash
Outro gringo, o holandês Clarence Seedorf (ex-Botagofo e ex-Milan) também deixou sua voz registrada em um CD beneficente em 2007 cantando “Sittin’ on the Dock of the Bay” e “Redemption” Song, esta de Bob Marley, de quem é fã declarado.
Frente ao microfone eles podem deixar a dever, mas, continuam sendo excelentes fontes de inspiração para os Músicos. Nesse quesito, Pelé abocanha mais uma vez o título de jogador mais lembrado pelos artistas ao longo da história da canção.
Isso é assunto pra mais de metro e que tal a gente se ver em mais um post sobre Música e Futebol aqui no blog SANTO ANGELO enquanto a Copa FIFA 2014 avança para a fase final?
Até lá!