Guitarras Icônicas – Buddy Guy: “Polka Dot Strat”

Links - Buddy Guy

Por Dr. Alexandre Berni

Olá pessoal!
Para quem está acompanhando os meus posts anteriores aqui no blog SANTO ANGELO sobre “Guitarras Icônicas” (a “Frankstein” de Eddie Van Halen e a “Red Special” de Brian May), vai concordar comigo que a “Stratocaster com bolinhas brancas” é bem familiar para muitos guitarristas. Alguns certamente irão associar ao Andreas Kisser, guitarrista da banda Sepultura, e outros irão mais além, associando ao virtuoso Randy Rhoads com seu modelo Flying V.

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Mas quem verdadeiramente é dono desta simbologia é o senhor George “Buddy” Guy, nascido em 30 de julho de 1936, na cidade de Lettsworth, no estado da Louisiana, nos EUA. Assim, antes de conhecermos mais sobre a icônica “Polka Dot Strat”, vamos entender a história de Buddy Guy.

De família pobre e numerosa com cinco irmãos, Buddy sofreu todos os conflitos raciais possíveis de sua época e que até hoje vemos acontecer naquele país. Com sete anos de idade, já encantado com a música, ele construiu sua primeira “guitarra” que se resumia a um pedaço de madeira com duas cordas amarradas com os grampos de cabelo da mãe. Em posse do rudimentar instrumento, o pequeno “Buddy” acompanhava seus pais na lavoura, já desenvolvendo musicalmente seu talento inato. Não demorou muito, ganhou do pai seu primeiro instrumento de verdade: um violão acústico da Harmony.

Em 1957, foi aconselhado por um amigo que trabalhava em Chicago a se mudar para esta cidade, trabalhando durante o dia e ganhando um complemento financeiro tocando guitarra à noite. Buddy, empolgado em ganhar cerca de $70 dólares por semana, conforme o amigo havia dito, mudou-se para Chicago, porem só o fez porque fizera uma promessa à mãe, que naturalmente se preocupava com o filho vivendo sozinho numa cidade “grande” e perigosa. Guarde bem esta parte porque vamos voltar a ela mais adiante.

Mudar de uma cidade rural para uma extremamente urbana foi difícil, mas logo arrumou emprego e uma audiência em um Club da cidade. Com o tempo, Buddy foi apresentado a um dos seus ídolos, Muddy Waters, que imediatamente reconheceu o talento inato do jovem guitarrista.  E para você que curte os concursos da SANTO ANGELO, sabia que em 1958, Buddy concorreu e ganhou um concurso para guitarristas que lhe valeu um contrato com a gravadora Chess Records? Por ser um músico virtuoso, ele frequentemente acompanhava, como guitarrista, várias bandas em shows. Mas Buddy não estava satisfeito, queria mais, e podia mais. Queria fazer suas próprias composições.

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Já conhecido e respeitado por algumas gravadoras como guitarrista, conseguiu, em 1967, gravar seu primeiro disco. A partir desta época, seu estilo diferente, considerado agressivo e selvagem de tocar, somado ao seu timbre vocal despertou a atenção de músicos do rock, principalmente dos ingleses. Eric Clapton disse, em 2005: “Buddy Guy foi para mim o que Elvis foi para muitos outros.”

Assim como na vida de qualquer mortal, sujeito a altos e baixos, no começo dos anos 80, sua carreira declinou, só voltando a decolar a partir de 1989, quando abriu o clube Buddy Guy Legends, em Chicago, considerado o lugar preferido da maioria dos artistas de Blues para se apresentar.

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Da década de 1990 até os dias atuais, Buddy percorre o mundo todo com seus shows, participações especiais e jams com muitos guitarristas igualmente famosos. Podemos considerá-lo como a “Lenda do Blues”, felizmente ainda vivo, e segundo a história, influenciou muitos outros músicos como o citado Eric Clapton, Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan, entre outros.

E com vocês, a “Polka Dot”.

Durante toda a sua carreira, Buddy usou diversas guitarras e de marcas diversas, mas uma ficou consagrada e registrada em seu nome. Ao contrário de muitos outros guitarristas icônicos, cujas guitarras eram importantíssimas nas respectivas histórias, em minha opinião, a história e a música de Buddy Guy são muito mais importante que suas guitarras, cuja relação completa você conhece neste link (clique aqui para ver).

Mas a “Polka Dot” tem um significado especial porque recorda o passado do artista. Lembra-se quando contei que vivendo em Louisiana, Buddy queria mudar-se para Chicago, pois Muddy Waters e outros estavam rapidamente transformando a cidade na capital mundial do Blues? E da parte que a mãe dele não queria esta mudança?

Embora Buddy já tivesse praticamente um emprego garantido, sua mãe se preocupava demais, duvidando que a carreira de músico pudesse dar certo, apesar de todo o talento musical do filho. Esta situação te parece familiar? Pois bem, para convencer os pais, Buddy fez uma promessa à mãe: quando fosse rico e famoso, ele voltaria para Lettsworth, trazendo de presente um Cadillac Preto com bolinhas brancas (ou Polka Dot Cadillac). Isso foi suficiente para ela abençoá-lo e permitir a mudança.

Claro que você não precisa fazer essa promessa aos seus pais se estiver vivendo essa situação. Precisa somente recomendar a leitura deste link (clique aqui para ver) para eles. Se, pelo contrário, você estiver na posição dos pais de Buddy, basta recomendar este outro link (clique aqui para ver).

Voltando ao tema do nosso post de hoje, a mãe de Buddy morreu em 1968 sem tê-lo visto tocando ao vivo, deixando Buddy, que nunca esqueceu a promessa feita, amargurado pela falta da mãe. Ele sabia que nunca encontraria um carro como o prometido, mas em compensação, conversou e conseguiu que a Fender fabricasse para ele uma guitarra preta com as tais bolinhas brancas (Polka Dot Guitar) de maneira que Buddy sempre estivesse com a lembrança da mãe, por mais distante que as viagens pudessem levá-lo da sua terra natal.

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Assim, a Fender lançou, em 1995, a guitarra de assinatura Buddy Guy, baseada no modelo que ele usou durante muito tempo que antes levava a assinatura de Eric Clapton. As originais Buddy Guy Signature tinham corpo com o “shape” de Stratocaster em Ash, braço em Maple, TBX Controle de Tom e três captadores Lace Sensors dourados. Durante sua vida, Buddy usou sete “Polka Dot Strats”, sendo que quatro foram feitas pela Fender Custom Shop e equipadas com pré-amp e captadores Lace Sensors, Texas Specials e Fender Noiseless. As outras três eram modelos comerciais mais baratas, feitas no México, com corpo em Alder e sem o pré-amp, nem os captadores dourados da Lace Sensors.

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Assim como ocorreu com muitos guitarristas ícones, outras empresas seguiram a tendência “Polka Dot”, como a Dunlop, que produziu um Wha Wha Signature sob as especificações de Buddy Guy.

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Bem pessoal, espero que tenham a curiosidade de procurar e aprender mais sobre a vida e as músicas deste maravilhoso guitarrista. Existe uma infinidade de vídeos no YouTube que nos fazem passar horas e horas o admirando e se “embebedando” de tanta simpatia e talento.

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Como sempre, aguardo comentários de todos sobre outras guitarras que também consideram icônicas para aprendermos e evoluirmos juntos.

Grande abraço e até a próxima!




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