Guitarras Icônicas: “Guitarra Baiana”
Por Dr. Alexandre Berni
Olá Pessoal! Para quem ainda não me conhece, meu nome é Alexandre Berni, colaborador “sênior” do blog SANTO ANGELO, uma vez que vários, senão a maioria dos posts sobre manutenção e regulagens de guitarras, são de minha responsabilidade. Sou músico e produtor musical, além de exercer a medicina como minha profissão principal e é por isso que também assino os posts sobre saúde dos músicos. Quando puder, leia tudo o que produzi ultimamente, simplesmente pesquisando esses temas aqui no blog.
Faço essa reapresentação porque recentemente tenho assinado a série de posts músicos e instrumentos ícones da nossa arte de tocar guitarra. Como brasileiro, sentia que faltava reconhecer uma dupla (guitarrista / guitarra) que possamos chamar de nossa. Assim, motivado, pesquisei no blog SANTO ANGELO se esse assunto já tinha sido abordado e encontrei este post e mais este outro. Dessa forma, escolhi escrever sobre uma guitarra icônica que tem uma história bem brasileira e de grande repercussão regional: a Guitarra Baiana.
Como de costume, vamos voltar no tempo e entender como toda a história começou.
Traçando um paralelo com a história mundial da invenção da guitarra elétrica. Muitos estudiosos dizem que o instrumento musical surgiu em 1931 no formato de uma “frigideira eletrificada”, no qual George Beauchamp e Adolph Rickenbacker instalaram um captador elétrico. Logo depois, na década de 40, o gênio Leo Fender aperfeiçoou a ideia, produzindo guitarras em madeira sólida e as tornando comercialmente viáveis e de fabricação em série.
Na mesma época, em 1938, os baianos Osmar Álvares Macêdo e Adolfo Dodô Nascimento começaram a pensar num instrumento com um captador para amplificar o som de seu cavaquinho, uma vez que tinham interesse de montar um carro para sair tocando nas ruas com som amplificado para atingir maiores distâncias. Em 1942, nasceu o “pau elétrico”, que passou a ser chamado de cavaquinho elétrico e que, na década de 70, Armandinho, filho de Osmar Macedo, batizou como Guitarra Baiana.
É muito interessante considerar que os brasileiros não ficaram atrás em relação ao que acontecia nos Estados Unidos, mesmo naquela época em que a comunicação não era tão eficiente como hoje. Enquanto a guitarra elétrica evoluía por lá, o pequeno instrumento, genuinamente brasileiro, estava sendo elaborado por aqui. Vale a pena lembrar que Adolfo “Dodô” Nascimento era técnico em eletrônica e depois de muitos testes, inseriu o captador num corte de madeira maciço para evitar a microfonia. E para muitos nacionalistas, a invenção primordial da “guitarra elétrica” foi brasileira.
Dodô e Osmar
O pequeno instrumento desenvolvido por eles, na verdade era um parente próximo do bandolim elétrico. Tecnicamente, a Guitarra Baiana representa um híbrido entre um Cavaquinho e um Bandolim, utilizando o calibre de cordas e a escala do primeiro e a afinação (Sól-Ré-Lá-Mi) do segundo.
Essa combinação deu tão certo, que do pequeno carro modelo Ford, nasceram os poderosos “trios elétricos” como hoje os conhecemos. Você poderá ler mais sobre isso e inclusive tentar aprender a tocar o instrumento lendo esse post.
Pelo fato de ser um instrumento restritamente brasileiro e principalmente regionalizado, não existem fábricas nacionais ou internacionais que o produzem em larga escala. O que existe são alguns luthiers em atividade no Brasil, e cito aqui Elifas Santana como um dos mais influentes no assunto, responsável pela criação das guitarras baianas de Armandinho Macedo (filho de Osmar) e de Luiz Caldas. Elifas foi responsável por algumas evoluções interessantes na guitarra baiana, como a instalação de pontes flutuantes Floyd Rose. Sem dúvida, hoje em dia não se fala em Guitarra Baiana sem associarmos ao nome “Armandinho” do Trio Elétrico de Dodô e Osmar.
Com Armandinho, a popular GB passou a influenciar a música popular brasileira, sendo a nossa versão da guitarra elétrica, com corpo sólido, com estilo e linguagem própria. No início dos anos 80, o filho de Osmar moderniza definitivamente a Guitarra Baiana, introduzindo uma quinta corda, diferenciando-a de qualquer outro instrumento anteriormente fabricado.
Atualmente, a Guitarra Baiana é fabricada com cinco cordas, uma afinação Mi, Lá, Ré, Sol, Dó, podendo até ter ponte móvel tipo Floyd Rose, com um braço estendido, diferenciando-a de Cavaquinho e Bandolim, apesar de ter nesses instrumentos uma herança na semelhança de afinação e tamanho.
Existe uma infinidade de vídeos no youtube com Armandinho tocando maravilhosamente bem este instrumento. O que me impressiona muito, além das músicas tradicionais consagradas pela Guitarra Baiana, e a genialidade desse grande músico brasileiro em tocar rock e outros estilos.
Concorda com minha escolha? Sim ou não? Comente aqui no blog ou nas redes sociais da SANTO ANGELO contando-nos sua opinião, críticas e sugestões.
Abração e até a próxima.
É isso aí, só achei o texto muito resumido, mas é fiel.