Dilema quase Shakesperiano: fazer ou não fazer uma live

Olá leitora e leitor do blog, como você passou essa semana?

Espero de verdade que esteja tudo bem com você e com a sua família, tendo seguido o já tristemente famoso #FiqueEmCasa. Falo isso porque tem gente que não leva a ciência em consideração e enche sua timeline de “achismos”.

Pesquise e veja o que é funcional na luta contra o SARS-COV-2 e não dê ouvidos para quem acha que tudo vai voltar como era com isolamento vertical, diagonal ou de qualquer outro sentido.

Não sou especialista, mas te peço de coração que ouça quem estudou e sabe muito desse assunto.

E já que a sua vida vai seguindo bem, quero te perguntar: você abre o Instagram quantas vezes no dia?

Fiz um teste em casa e com meu círculo de amizades. Cheguei à conclusão que esse aplicativo é acessado 8 vezes na média e imagino que o tempo de tela deva variar entre 1 e 2 horas, confirmando matéria da revista Exame de 4 de abril (que você pode ler aqui) que relata ter crescido, o acesso às mídias sociais, em cerca de 40% nesse período de isolamento.

Isso se dá por muitos motivos: ansiedade, FOMO (Fear of Missing Out ou “O Medo de Perder Algo”), mais tempo em casa, mais distrações geradas pelo celular e, principalmente, mais conteúdo sendo postado incessantemente nas redes.

E esse “boom” de conteúdo me levantou uma sobrancelha quando falamos de LIVE’s. E é sobre isso que quero conversar com você hoje e passar algumas dicas de como lidar com esses eventos, cada vez mais comuns.

Sobre o título, explico que ao invés do “ser ou não ser”, queria que você pensasse no “fazer ou não fazer, eis a questão” e “por que fazer”.

É só abrir qualquer aplicativo social ou mesmo a televisão. Marília Mendonça, Jorge & Matheus, Guilherme Arantes, Andrea Bocelli ou até mesmo o Papa Francisco e o “Rei” Roberto Carlos estão vivendo esse tempo de LIVES para contribuir com a saúde mental das pessoas, levando entretenimento – ou reforço de fé, no caso do Alto Pontífice ou merchan de uma marca de amp no caso do “Rei” – ocupando o tempo precioso (agora ocioso) das pessoas.

Mas não gaste o tempo só com ócio, aproveite que já dei dicas sobre estudo e cursos aqui no blog SANTO ANGELO e adquira mais conhecimento, ok?

Aliás, se ler não for a sua praia, escute esse e os outros posts do blog no formato de podcast em seu agregador favorito. Se for o Spotify, é só clicar na imagem abaixo.

Algumas dessas LIVES levantaram tanto recursos financeiros para ajudar entidades de saúde e acolhimento quanto “hate” na internet – uma delas tinha uma equipe de mais de 15 pessoas e um garçom.

Bem irresponsável se compararmos com tudo que vimos falando, não acha?

As mais diversas marcas (excluindo a SANTO ANGELO, claro) estão aproveitando o momento e patrocinando essas lives gigantescas. Dados da semana de 20 de abril de 2020 dizem que, das 5 maiores LIVES do mundo, 4 são brasileiras, ou seja, o público está sedento, mas no limite de saturar.

O DNA do músico já o torna um “creator”, aquele que gera conteúdo, mas nesse momento de muita coisa acontecendo, ao invés de entrar de cabeça no “live world” só apertando o botão do Instagram e deixando as pessoas de saco cheio pensando “caramba, mais uma”, vamos nos ater as boas ideias e ao planejamento.

Dividi o tema nos tópicos abaixo, para facilitar o entendimento:

IDEIA

Abrir uma LIVE é muito fácil (dois ou três cliques no celular), mas difícil é tornar essa transmissão interessante e com boa retenção. Coloque primeiro suas ideias em um papel ou no bloco de notas do computador/celular.

Pense em como você apresentará esse conteúdo:

– Será entretenimento puro ou será uma masterclass/aula?

– Vai contar com participação passiva ou ativa das pessoas (lembrando que passiva é só like e comentários que não serão lidos)?

– Terei convidados (à distância, por favor)?

Com essas e outras perguntas que julgar necessárias, vamos para o…

ROTEIRO

Subir no palco e fazer um show é muito bom, mas muitos pontos são pensados bem antes disso acontecer. Não é diferente com a LIVE.

Montar o repertório, posicionar as pausas em momentos estratégicos e deixar um espaço para patrocinadores ou campanhas de arrecadação, se for o caso.

Tendo essa visão do todo, a desenvoltura e a retenção da sua transmissão aumentam, pois você não dará espaços em branco para as pessoas abandonarem – e isso acontece com muitas LIVES que tenho visto por aí.

Outra forma legal de colocar no roteiro são palavras que você quer evitar ou ações que não ficariam bem. Exagerando no exemplo: Ficar bêbado de trançar as pernas no meio da LIVE não passa uma mensagem muito correta, certo?

E pense como um roteiro cinematográfico com começo, meio e fim. Não dê muito de si para que as pessoas se cansem e não queiram mais depois.

E já que falamos de filmes, precisamos pensar em…

INFRAESTRUTURA

Você pode me dizer: mas só um celular basta. Não tiro sua razão, mas um tripé com um bom suporte pode ajudar, concorda? Não viu a LIVE de uma cantora da moda que derrubou o celular umas 3 vezes durante a sua LIVE? Então….

Pensar na iluminação e na posição da câmera também são importantes se for utilizar apenas o celular, mas se você tiver mais periféricos, use-os.

Uma mesa de som com interface, por exemplo, vai ajudar no que você está entregando, sem falar em microfones decentes e cabos SANTO ANGELO,

Mais câmeras trabalhando vão tornar a LIVE mais dinâmica e gostosa de ver. Se você estiver isolado com família, peça para eles te ajudarem com todos os equipamentos, pois enquanto você toca, alguém separa os comentários, outra pessoa vira seu roadie etc.

Só, por favor e mais uma vez, não traga gente de fora para correr risco de se contaminar com o COVID-19.

Ah….não se esqueça de testar tudo antes. Imagina na hora do solo acabar a bateria do seu pedal de boost?

E com tudo pronto, chegou a hora de montar um….

TREINO

Os melhores palestrantes que já vi na vida, os shows mais incríveis e as peças de teatro que me deixam mais absorto exigiram treino e mais treino dos artistas.

E você, como músico, sabe que os objetivos são atingidos depois de muito repetir e entender um exercício.

Tocar todo o repertório, seguindo a ideia e o roteiro. Nas pausas, fingir que oferece o momento do patrocinador ou ler e responder um comentário.

Pensar até na hora certa de se levantar – caso a LIVE for longa – e ir ao banheiro porque você é um ser humano normal, certo?

Isso te mitiga problemas e faz com que o tempo do seu “celespectador” (minha amálgama contemporânea para o novo telespectador) seja muito mais bem aproveitado.

Tudo pronto e treinado, mas ainda não deve começar agora, porque é necessário você armar a sua…

DIVULGAÇÃO

LIVES bem sucedidas, normalmente, já são esperadas e ficam nas agendas das pessoas. Raros casos de transmissões de última hora que dão certo – a não ser que tenha mais de 3 milhões de fanáticos seguidores prontos para ouvir a sua voz.

Como você é um ser humano normal – acredito – prepare comunicações com posts e stories nas várias mídias sociais (Instagram, Facebook, Twitter, LinkedIn, Whatsapp e Telegram).

Use fotos e vídeos com moderação, para não cansar as pessoas antes da LIVE.

Sabe aquele seu amigo designer ou videomaker? Ele pode ser de grande valia nessa hora, mas valorize o trabalho dele, seja pagando ou negociando para que ele aceite um escambo de divulgação.

Repasse para parceiros e outros endorsers das marcas com quem trabalha, anunciando em outros locais que você frequenta no ambiente online como por exemplo podcasts, canais do Youtube entre outros.

Cobrir o máximo de possibilidades aumenta consideravelmente seu público quando a LIVE for ao ar.

Depois de tudo isso, finalmente chega o dia:

#GOINGLIVE

Com esses processos todos feitos, você pode estar com a certeza de que tudo correrá perfeitamente bem. É nesse momento que eu te digo: lembre-se da Lei de Murphy que diz “Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível”.

Portanto, algo pode dar errado e você precisará ser rápido para resolver.

Nessas horas, conte com as pessoas que já estão contigo. Pergunte se estão ouvindo bem, se o som está em um volume legal.

Essa interação gera mais vínculo com o público e mantém a galera mais animada.

E por mais que tudo dê certo ainda existe a possibilidade da LIVE começar pequena. Não se intimide, mantenha o curso e dê o seu melhor, porque certamente as pessoas vão chegar aos poucos.

Se você acompanhar a LIVE de outras pessoas, verá que o pico começa depois de 3 ou 4 minutos de transmissão, pois as pessoas vão chegando, entendendo o contexto e ficando para apreciar.

Deixe bem claro quem é você, sua proposta musical e fale também sobre os motivos que o levaram a criar esse evento.

Esses passos aumentam a chance de sua LIVE ter a atenção e o sucesso que você merece, mas lembre-se, a audiência pode não vir nas primeiras.

Não desista.

Continue seguindo os passos, mantendo uma frequência que as pessoas começarão a se acostumar com o dia, o conteúdo e vão cada vez mais, trazer pessoas.

Saiba que isso acabará se tornando mais uma tarefa na sua carreira, pois a quarentena acaba, mas o seu talento só tende a evoluir cada vez mais.

Espero que esse guia rápido te ajude nessa construção e desde já não esqueça de me convidar e também o pessoal da SANTO ANGELO podermos todos assistir e checar se seguiu corretamente as minhas sugestões.

Se gostou do que leu, comente e compartilhe esse conhecimento nas suas redes sociais para construirmos também um círculo edificante de conteúdo musical, onde todo mundo se apoia para que cresçamos sem parar.

#golive, querida leitora e querido leitor!

Um abraço e nos falamos em breve.

 

 

 

Dan Souza (IG: @danhisa) é músico e profissional de Marketing, Relações Artísticas, Branded Content e Music Business, formado pela UNINOVE.

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