Música Cristã: vivendo essa missão corretamente

Fala meu querido leitor: tudo bem com você?

Aqui é a Lygia Teles, mais uma vez (e como prometido no início desse ano) trazendo um tema mais denso para sua reflexão e análise.

Você já sabe que a Música rompe barreiras diariamente e está presente em todos os lugares, sendo responsável por unir e levar uma mensagem em Melodia, Notas e Letras para pessoas com objetivos comuns.

Hoje vamos abordar mais uma vez a questão da Música Gospel (ou Cristã, se preferir) cujas origens foram muito bem explicadas nesse post do blog SANTO ANGELO, publicado em 05/02/15.

Também já dei espaço para que bandas Gospel contassem suas histórias aqui no blog, como no caso desse outro post  de 2017, com a cantora Gospel Sendy Sena.

No entanto, quase nada foi comentado sobre músicos cristãos católicos, por absoluta falta de oportunidade e conhecimento de alguém que também pudesse agregar suas experiências aos nossos leitores.

Ou seja, tanto na comunidade evangélica como entre os católicos, a diversidade dos músicos e das bandas é muito rica, indo do Pop Rock ao Punk Rock, com músicas para todos os gostos e estilos.

E da mesma forma que acontece com o público evangélico, muitas bandas católicas conseguiram se destacar no cenário musical pela qualidade e talento de seus integrantes.

Se você curte o meio ou não, certamente já deve ter ouvido falar de algumas delas: “Anjos de Resgate”, “Rosa de Saron”, “Lírios do Vale”, “Cerimonya” e “Missionário Shalom”.

E, com certeza, essas bandas, assim como as evangélicas, não devem nada a bandas laicas mais conhecidas no cenário nacional e, até mesmo, disputam espaço com elas.

Para nos contar um pouco mais sobre esse universo, convidamos o missionário e músico Pitter Di Laura, que de maneira muito humilde, falou sobre sua experiência. Vamos conferir seu testemunho?

Se você preferir, ao invés de ler esse post, a partir de agora ofereço mais uma opção aos nossos leitores: você poderá ouvi-lo clicando na imagem abaixo. Depois me conte como foi essa experiência.

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Fala músico, tudo bem com você?

Hoje, para se destacar em um mundo cada vez mais cheio de informação, conteúdo e arte, onde cada pessoa com acesso às redes sociais é um produtor em potencial, é necessário que àqueles que estão envolvidos em determinada área ajam, cada vez mais, com profissionalismo e verdade em qualquer empreendimento.

Seja leiga ou não em um determinado assunto, cada um sabe identificar aquilo que é Belo e Bom.

Para entendermos esse argumento, basta pensarmos na indústria automobilística, por exemplo. Quando existiam poucos carros (e bondes), o que importava era se locomover sem muito esforço humano, ou que não fosse necessário descansar entre os períodos de deslocamento, como fazem os animais.

E para quem é de São Paulo / Capital, nada ilustra melhor essa época como um antigo cartão postal da cidade.

No entanto, com o passar do tempo e o surgimento de outras marcas e opções, nasceu também, por consequência, a competição de mercado.

Conforto, velocidade, durabilidade, beleza, espaço interno, segurança, preço, entre outros quesitos, começam a ser levados em conta, pois quem escolhe faz cálculos e conquistar o cliente tornou-se uma questão de sobrevivência.

Na Igreja, buscando-se proporcionar melhor experiência de fé nos ambientes de culto, o profissionalismo também foi se tornando necessário nas celebrações, palestras, e no repertório de músicas cristãs.

Jesus pregava às multidões usando o recurso da maresia. Ao virar de costas para o mar da Galileia, favorecia a propagação da voz falada.

Hoje, o Papa prega com microfone na mão ligado a um sistema de som altamente profissional e projetado. Pois, caso a pessoa não consiga ouvir com nitidez, dois caminhos são prováveis: ela abandona a mensagem ou procura a mensagem em outro lugar.

Parece frio falar dessa forma sobre a Evangelização, mas é assim a mente humana: nós descartamos o que não entendemos ou não nos parece relevante.

No texto abaixo, da Exortação Apostólica Evangelli Nutiandi, de Paulo VI, escrita em 1975, percebemos que há muito tempo essa preocupação com a profissionalização, para se lançar mão de novos recursos na evangelização, rondava os interiores do Vaticano:

“Postos a serviço do Evangelho, tais meios são suscetíveis de ampliar, quase ao infinito, o campo para poder ser ouvida a Palavra de Deus e fazem com que a Boa Nova chegue a milhões de pessoas. A igreja viria a sentir-se culpável diante de seu Senhor, se não se lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados.”

E se pensarmos mais adiante, ainda há um outro aspecto desse comprometimento com a profissionalização, que precisa ser considerado.

Como pode a Evangelização, cujo propósito é ofertar a Deus o nosso melhor, ser descomprometida com o Belo? Sem dúvidas, a arte que ao longo do tempo vem se aperfeiçoando, e hoje é a mais utilizada entre os cristãos, é a Música!

E quanta transformação nesta área! Desde o Canto Gregoriano, muita coisa mudou, com o Music Business fazendo a Música Sacra transpor os muros do Clássico e se aventurar pela Música Pop.

Bandas e cantores ocupam lugar de respeito no meio de outros segmentos, fazendo assim a Evangelização alcançar até mesmo as pessoas que nunca foram ou frequentam uma igreja.

Por isso, encontramos aqui uma linha muito tênue, que pode levar o músico cristão da profundidade ao esvaziamento.

Pois, se a Música Sacra se profissionaliza somente para competir no mercado, ela se torna incompleta em sua finalidade. Agora, se esta se profissionaliza por ter sua raiz em Deus (isso vale para os outros tipos de arte), isso a enobrece e a torna mais eficaz.

“Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar, que se dilata e difunde, interroga a beleza do céu…, interroga todas essas realidades. Todas te respondem: ‘Vê, nós somos belas’. A sua beleza é uma confissão. Essas coisas belas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito à mudança?” (Santo Agostinho)

Mais que embelezar-se ou se aperfeiçoar por conta do mercado, a Evangelização tem subido o nível de suas produções, porque está intimamente ligada à raiz de tudo o que é Belo.

Fazer bem, com dedicação e comprometimento aquilo que fazemos, inevitavelmente nos aproxima da perfeição, ainda que não a atinjamos.

Quanto mais perfeito, mais Belo e mais admirável.

Por fim, fica mais que evidente que ter uma boa composição em mãos nos torna bons pescadores. Ter um bom equipamento, um bom instrumentos, uma boa estratégia, nos permite, barcos potentes, navegar em alto mar.

Por isso, faço o convite a você, músico cristão: Vamos melhorar a Qualidade desse violão ou instrumento musical?

Vamos atrás de um microfone melhor? E esse cabo de instrumento, vai ficar com mau contato atrapalhando as suas inspirações até quando? Imagino que se você é um músico cristão, você tem um compromisso com Deus.

Que tal então, comprometer-se com o Belo?

Deus o abençoe e até uma próxima oportunidade!

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Obrigada, Pitter, pelo depoimento sobre como um músico cristão deve encarar o talento recebido que, por analogia, serve também para muitos músicos não cristãos, porque enquanto para aqueles o objetivo é a Evangelização, para esses a meta deve ser encantar os fãs.

Tenho certeza que nosso leitor entendeu que a profissionalização musical é essencial tanto dentro como fora das igrejas cristãs.

Gostaria de reforçar que dúvidas, comentários e sugestões (elogios também são benvindos) podem ser escritas tanto aqui no blog como nas redes sociais da SANTO ANGELO e da própria Canção Nova.

Eu te espero na próxima semana, aqui no blog SANTO ANGELO, combinado?

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*Pitter Di Laura é missionário da Comunidade Canção Nova, músico católico, compositor e palestrante.

Lygia Teles, é Relações Públicas e especialista em Gestão de Marketing pelo SENAC-SP. Desde janeiro/16 integra a equipe de Marketing e Comunicação da marca SANTO ANGELO.

 

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