Novidades NAMM 2016: os wearables
– “Ei amigo, que horas são?”
– “Um momento, vou perguntar para a SIRI (assistente do smartwatch e smartphone da Apple) para me dizer as horas e, ao mesmo tempo, postar no Instagram, fazendo um link com o Facebook dessa GIG dahora que estamos.”
– “Show isso, mas…. eu só queria saber as horas.”
Parece um diálogo engraçado, mas faz todo sentido para quem esteve na The NAMM Show (a feira de música dos EUA) em busca das novidades do setor. O simples pedido de horas tornou-se algo cheio de tecnologias, necessidade de afirmação (que já falamos nesse post) e mais coisas que passam incessantemente na cabeça de nossa sociedade. A evolução da tecnologia nos traz facilidades à vida, mas também podem gerar um resíduo desnecessário.
Esse é o caso dos wearables (ou dispositivos vestíveis) que desde a CES 2016 (outra feira norte-americana de produtos eletrônicos) tentam pular (quase sozinhos) das prateleiras em seu carrinho de compras.
Após meu retorno da NAMM e já respirando os ares tupiniquins, resolvi analisar, com muita calma, tudo que observei e revelar com bom senso, algumas das tendências que encontrei por lá. Uma delas, ainda pouco presente no mercado da Música é o “Soundbrenner”: dispositivo cheio de tecnologia que substitui seus avôs como relógios, pulseiras, colares e até calçados.
Calma que já vou explicar a novidade. Primeiro pense nisso, antes de sair procurando onde encontrar a traquitana no Mercado Livre.
Você, com certeza já deve ter ouvido falar do Apple Watch, FibBit ou Samsung Galaxy Gear. Se ainda não, procure no Google para saber o que estamos falando. É o passo seguinte da tecnologia da comunicação, diminuindo e se tornando mais usável o telefone celular. Mas será que isso é verdade?
Após ler uma matéria do Estadão (tradução de um artigo do “The New York Times”) sobre esses dispositivos, que na mídia são “a nova febre”, descobri que isso não é uma doença de consumo como são ainda os smartphones: é apenas uma “testa quente de sol”.
O que será que aconteceu?
Visto os saltos que a tecnologia dá a cada ano (o que é surpreendente) os “wearables” (vestíveis – numa tradução livre) tinham tudo para chegar e ficar, mas alguns fatores contribuíram para esse “tech fail”.
Primeiramente, os dispositivos não estão devidamente preparados para substituir o seu smartphone. Esta sim foi a real revolução, ou seja, qualquer um (desde que possa pagar) pode levar tudo (de mais importante na Vida) dentro do bolso. A ideia era retirar os celulares da equação, mas os relógios e pulseiras apenas adicionam um “gadget” ao seu corpo. Estamos virando personagens como o Inspetor Bugiganga ou como alguns chamam “árvores de natal”, cheias de penduricalhos.
Outro ponto é a necessidade de rotear o sinal (internet ou bluetooth) do seu celular. Os dispositivos, que têm capacidade para um SIM card, são imensos e desconfortáveis de usar. Ou seja, eles não funcionam 100% sozinhos. E bateria, nem se fala. Um relógio comum mantém sua bateria por anos a fio, enquanto um smart watch vai, no máximo, durar 1 dia carregado. Mais um cabo (que não é SANTO ANGELO) para levar na mochila.
E por último, na minha opinião o mais importante: preço.
Começo com o exemplo do Apple Watch (que tem seus fanboys por ai). Um iPhone 6S 128GB, um dos melhores smartphones do mercado (e com espaço o suficiente para tudo que você quiser) custa cerca de R$ 4.599,00 (valores de janeiro/2016). O modelo básico do Apple Watch custa R$ 4.999,00 (e ele só funciona com um iPhone). Loucura o relógio ser mais caro do que o celular.
Agora que você já está alertado, vamos à novidade:
Andando nos corredores do pavilhão “E” da feira, encontrei a Soundbrenner. É basicamente um metrônomo que se parece com um relógio e se conecta ao celular para que você possa controlar padrões, ritmo e BPM. Ele ainda pode sincronizar com outras Soundbrenner para que todos da banda, por exemplo, sintam em seus pulsos o mesmo “beat”. Ou seja, um grupo de músicos conseguiria tocar completamente sincronizados com seus “relógios” (lembram-se da frase de espiões “sincronizem seus relógios”?).
Ideia genial, certo? Legal, tecnológica e inovadora.
Você consegue adquirir a Soundbrenner por míseros U$ 99,00 (isso mesmo, 99 dólares ou cerca de R$ 450,00 lá com o cambio de janeiro/16, isso sem contar impostos de importação e distribuição). Se for equipar a banda toda (imaginando 4 integrantes), a pancada sairia R$ 1.800,00. Barato né? #ironia
Se você pesquisar um pouco, consegue comprar um bom Power Click, colocar no ouvido do baterista e todo mundo tocar certinho por cerca de R$ 500,00. Será que o esse vestível (wearable) realmente vale a pena?
Todas essas informações nos fazem pensar que a era do vestível ainda não emplacou entre os consumidores americanos e pode demorar ainda mais para chegar no Brasil. A tecnologia tem que avançar um pouco e a sociedade também, para que eles sejam uma realidade compatível com a humanidade. E torcemos também que as tecnologias hoje aplicadas ao dia a dia, também gerem novas ideias para nosso mercado da música, ainda carente de tantas tecnologias de ponta.
Nos próximos posts eu contarei mais sobre as novidades que vi na NAMM. Até lá.
—
Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.