Pouca idade, muito talento (às vezes desperdiçado)

2015-11-11 - FB

por Dan Souza

Olá pessoal, tudo bem? Aqui é o Danilo, RA (Relações Artísticas) da SANTO ANGELO falando. Algo que me tem intrigado ultimamente e que gostaria de dividir com nossos leitores é o sumiço dos garotos ou garotas mais jovens e talentosos(as) do mundo da música.

Fato é que os últimos “meninos” a serem “endorsados” pela empresa foram o Mateus Asato e o Pipoquinha.

Lembro que ha pouco mais de 2 anos atrás, falamos nesse post sobre grandes talentos da música que apareceram muito cedo, como Quinn Sullivan (que hoje está com 18 anos) e Jonny Mizzone (um talento no banjo).

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Também foram citados alguns guitarristas brasileiros que participaram de nossos concursos, que, na época, tinham menos de 18 anos como o Keyfer Correa, Isaac Galvão e Anselmo Setti (que colocou seu talento à prova com apenas 13 anos de idade).

De lá pra cá, como todo mundo sabe, o mundo mudou e de certa forma, observamos que o gosto por tocar um instrumento musical e até a dedicação a Música estão perdendo espaço entre os mais jovens.

Acreditamos que esse fenômeno não é por culpa da complicada economia brasileira dos últimos anos, nem do estigma do “músico vagabundo” (que já vemos apresentando mudanças significativas nos últimos tempos).

Supomos que grande parte dessa “evasão” se deu pelas pequenas “caixas pretas” (ou de outras cores, dependendo da marca) que guardam nossas vidas dentro delas: os videogames.

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É sabido, por todo o profissional do ramo musical, que a crescente “gamer” tem mudado o sonho dos mais jovens, que, até o final da década de 2010, queriam ser grandes estrelas do rock e, por isso, montavam suas bandas ou pelo menos tentaram.

Passado certo tempo, garotos e garotas passaram a idealizar um novo sonho: tornar-se um e-sportist (ou esportista de jogos eletrônicos).

Antes os games ficavam confinados em casa e, para jogar com mais pessoas, você precisava se deslocar para a casa de um amigo. A banda também exigia o mesmo, porém, com um pouco mais de peso nas costas.

Agora, os games se conectam via internet e se pode jogar com qualquer pessoa no mundo, contanto que ambas tenham internet.

E a Música ou a arte de tocar um instrumento musical? Como ficam?

Bem, ela tem quase a mesma mobilidade, ou seja, para quem já toca um instrumento musical existem interfaces de áudio (elas são mais baratas que um vídeo game da nova geração) que permitem vários músicos ensaiarem cada um de sua casa, sem maiores problemas.

Então, qual é o motivo dos jovens escolherem os games ao invés da Música sendo que as formas de relacionamento são muito parecidas?

No nosso entendimento o grande diferenciador entre música e games é a curva de aprendizagem. Esse conceito foi sugerido primariamente por Hermann Ebbinghaus em 1885.

Conceito antigo, porém, com aplicação moderna. O entendimento é que quando se faz algo que não se sabe pela primeira vez, o processo é demorado. Porém, conforme se repete a ação, ela fica mais fluída (facilitando as sinapses cerebrais) e mais rápida.

E cada ação exige uma curva de aprendizagem diferente.

Por exemplo: martelar um prego. No começo, você será mais minucioso para não errar (mas invariavelmente fará uns buracos na parede ou martelará o dedo) e demorará em pregá-lo. Algumas vezes depois você estará fazendo a ação com mais naturalidade e agilidade. É uma curva de aprendizado fácil, pois exige apenas uma ação motora.

Quando falamos de game e música, as curvas são bem diferentes. Confira os gráficos:

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Já na música, o aprendizado cresce de maneira muito mais lenta em comparação aos games, sendo que, após 13 períodos você ainda está em 35% do aprendizado.Percebam que nos games, o aprendizado inicial muito mais rápido, estagnando depois de 8 períodos, chegando após 13 períodos em 90% do total a ser aprendido. Esses períodos podem ser semanas, meses ou anos.

Na sociedade de hoje, onde tudo é pra ontem, o que se aprende mais rápido acaba sendo mais atrativo.

E nessa onda de que tudo deve ser rápido e conectado, o talento para tocar um instrumento mais complicado acaba se perdendo. Crianças que poderiam estar contribuindo para a música estão com seu tempo comprometido com aquela partida de FPS (First Person Shooter).

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Reforço que não estou dizendo que não se deva jogar videogame. Muito pelo contrário, é uma distração ótima para dias que deixam os mais jovens (e por que não, os mais velhos) estressados. Ou como forma de se relacionarem com outros garotos e garotas da mesma idade e gostos.

Mas a Música também é um motivo para relaxar e renovar o ânimo, não é?

Às vezes, a junção dos dois pode trazer uma satisfação pessoal muito grande. Já que os games estão por cima (é só conferir a comparação entre a BGS e a Expomusic) por que não compor trilhas para eles?

Um jogo sem música não tem graça, concorda?

E se mesmo assim, você ainda se sentir atraído mais pelo videogame, sem problemas. Mas lembre-se que caso queira se tornar um jogador de elite (como os meninos do “League of Legends), você deve se esforçar tanto quanto um garoto que sonha em se tornar o próximo Steve Vai, dedicando muito tempo ao treino e estudo.

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Resumindo: Dedique-se.

E para os pais, que já sabem do que estou falando com o exemplo dos filhos e respectivos amigos em casa, peço que não os deixem isolados no mundo virtual dos games.

Mostrem os benefícios para a sociabilidade e para a saúde (tanto física como mental) que a Música traz, e como todo mundo se beneficia com isso. E para aqueles que já tocam um instrumento musical, levem os filhos em ensaios e jams. Sabemos o quanto a força do exemplo é poderosa.

Vocês podem se surpreender com o talento e criatividade musical dessas crianças. Deixem os controles nas estantes por um momento e permitam que a música entre em suas mentes. Quem sabe algum desses novos talentos não se revelará no futuro, podendo ser nosso próximo jovem “endorsee?

Não deixem de comentar suas experiências, boas e más, com todos aqui no blog ou nas redes sociais da SANTO ANGELO.

Abração e até mais.




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