Vai que….

por Carolina Gasparini

Esse bordão, criado em anúncios de uma seguradora brasileira, expressa bem o tema do nosso post de hoje. Acidentes acontecem mesmo com preparação e cuidados extras nos detalhes. Apesar de alguns acontecimentos parecerem impensáveis, é dever de todo empresário, produtor, ou organizador de eventos e shows, imaginar situações “limites” e quais seriam as soluções, para proteger o público presente em caso de acidentes.

Para funcionar de maneira legalizada, uma casa de shows, por exemplo, precisa obter um alvará de funcionamento fornecido pela prefeitura local, laudo da vigilância sanitária e do corpo de bombeiros, atestando a segurança e salubridade da casa. Sem esses documentos, o local atua de maneira ilegal e fica sujeito a multas e notificações.

Assim, prezar pela segurança do público deveria ser o primeiro pensamento dos responsáveis, garantindo uma diversão segura aos seus clientes. No entanto, a ganância ou despreocupação de alguns, muitas vezes levam jovens e freqüentadores de shows a se exporem a riscos desnecessários, inclusive de morte.

Em 2013, uma tragédia no Rio Grande do Sul causou a morte de mais de 200 jovens em Santa Maria, após um incêndio na Boate Kiss. O fogo começou com um efeito pirotécnico da banda, que atingiu o teto revestido de material inflamável e se alastrou pelo local. Além do fogo, a ausência de saída de emergência, profissionais treinados e iluminação adequada de emergência contribuíram para a morte dos jovens e sérias sequelas psicológicas nos sobreviventes. Sem contar o trauma dos familiares e da própria cidade de Santa Maria, marcada mundialmente pela tragédia.

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Após o caso, inúmeras denúncias começaram a ser feitas sobre casas de show que não possuíam alvará ou laudo do Corpo de Bombeiros. Alguns produtores e proprietários alegam que o documento demora muito a ser expedido e que, por isso, não operam legalmente. No entanto, devemos sempre prezar pela vida humana e pensar: vale a pena arriscar a vida dos espectadores?

Segurança em primeiro lugar

Com segurança não se brinca e todos devem prestar bastante atenção antes de um show. A obrigação de ter todos os laudos necessários e promover a segurança dos espectadores é da produção e organização do espetáculo, mas até mesmo o público pode ajudar, não frequentando locais que não possuem o alvará de funcionamento. Você sabia que, por lei, esse documento deve ficar exposto ao público e ser facilmente lido pelos frequentadores? Pois é, lembre disso na próxima vez que entrar numa balada ou mesmo bar com Musica ao vivo.

Segurança não é somente uma referência aos homens normalmente grandes e de terno que apartam brigas e ficam de olho nos espectadores. Ela se refere também à prevenção de incêndios, desabamento e itens de emergência que garantem que ninguém se machucará em uma situação perigosa. Para auxiliar os produtores e organizadores de espetáculos, o Ministério Público Estadual produziu uma cartilha com todas as informações necessárias para a criação e regularização de um evento.

É preciso prestar bastante atenção também à quantidade de pessoas que o local comporta. Vender mais ingressos do que deveria apenas para ganhar um extra pode sair muito caro. Se a procura pelo show for demasiada, é possível analisar a possibilidade de realizar 2 shows, equilibrando assim a quantidade de espectadores em cada um.

Espaços abertos

Não é somente nos locais fechados que existe o risco de incêndios e acidentes. Durante o carnaval deste ano, Luciano Souza dos Santos morreu em cima de um trio elétrico no nordeste do Pará. O cantor de axé foi eletrocutado e, segundo a polícia, o trio utilizado estava com a licença vencida e não tinha autorização para circular em eventos públicos.

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Realizar com periodicidade a revisão e análise dos componentes elétricos de todo local de show, seja ele uma casa de shows ou um trio elétrico, é parte importante da segurança do local, uma vez que curto circuitos podem ocorrer e causar graves acidentes.

O musico ou a banda também devem ajudar

Quando ocorre qualquer problema fora do previsto, o público costuma ter reações exageradas e impossíveis de se prever. Correria, tumulto e gritaria podem gerar pisoteamento, ferimentos e até morte de alguns envolvidos. Por isso, sempre que ocorrer algum imprevisto, o músico ou a banda deve tentar acalmar o público pelos microfones e explicar, com calma, o que está acontecendo. Em hipótese alguma serem os primeiros a abandonar o “barco”, como fez o comandante Francesco Schettino do Costa Concordia.

Orientar o público e mantê-lo calmo e sem histeria pode não ser uma tarefa fácil, mas deve ser feita para garantir que ninguém irá se ferir no momento. Até uma simples falha da energia ou apagão temporário podem gerar uma tragédia, não somente os fogos de artifício como no cão citado acima.

Além disso, o músico ou a banda devem conversar com os donos da casa de show e analisar em conjunto a possibilidade de utilizar efeitos de pirotecnia. Alguns locais, especialmente quando é uma casa de shows pequena, podem correr o risco de pegar fogo, como ocorreu na Boate Kiss devido aos materiais inflamáveis da decoração, bares ou mobiliário. Para shows pirotécnicos, os locais mais adequados são ao ar livre.

Mas nem só de fogo, vivem os acidentes quando o tema é show ao vivo. Como os músicos costumam se apresentar em um palco mais alto que o nível do público, sempre é bom lembrar que precisam tomar cuidado com a altura. Há alguns anos, Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial se empolgou e acabou caindo de um palco de 3 metros de altura, numa cidade do interior de Minas Gerais. O músico se recuperou logo, mas precisou ser internado por dois coágulos no cérebro e cortes na cabeça.

Equipamentos de segurança

Para conseguir o alvará de funcionamento e os demais documentos necessários, uma casa de shows precisa ter todos os equipamentos de segurança exigidos pelos órgãos de fiscalização. Assim, os músicos devem ficar espertos e prestar atenção quando forem convidados para tocarem nesses locais. Claro que não estamos dizendo para serem experts em segurança, mas a simples lembrança dos detalhes abaixo, já intimida os empresários inescrupulosos. Observem se no local dos shows existem essas providencias básicas:

  • Alvará de Funcionamento com data válida
  • Extintores de incêndio,
  • Saídas de emergência,
  • Brigada de incêndio,
  • Luzes de emergência e sinalização adequada,
  • Detectores de fumaça com chuveiros

E se vocês forem aos shows como expectadores, ao entrar em uma casa de shows, repararem nos itens acima e memorizem as saídas de emergência e extintores. Assim, se algum imprevisto sério surgir, o pânico será menor e todos já saberão para onde se dirigir.

Para tentar diminuir o número de acidentes e a possibilidade de feridos em shows, há na Câmara dos Deputados de São Paulo uma proposta de lei idealizando os equipamentos obrigatórios em shows, tanto pequenos quanto grandes. O PL 4923/2013 institui também as diretrizes para criação e crescimento desse setor, com as regras para execução de eventos.

Planejar um evento não é uma tarefa fácil e envolve diversas atitudes, gastos e planejamentos. Por isso, não se esqueça que a segurança de todos envolvidos no evento é responsabilidade de todos.

Alguém de vocês tem uma experiência com esse assunto para dividir com todos nós?

Até a próxima.




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