As meninas de hoje são bem diferentes daquelas de antigamente
Fala pessoal, tudo bem?
Sempre falamos muito sobre a inclusão da criançada no mundo da Música (assim como nesse e nesse post), não importando a fase, idade ou gênero. Porém, mesmo com esse incentivo, observamos a ausência das meninas depois que completam certa idade, não continuando a carreira (e sonho) de musicistas.
Sabemos que, no fundo, essa questão tem várias explicações e certamente as abordaremos em posts futuros. Mas para pensarmos agora em boas “vibes”, relembremos uma matéria da Isis Mastromano Correia (com sua devida atualização), que indicava possibilidades para as meninas mais antenadas em fazer um som sem dever nada aos meninos. Vamos ao texto:
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Fato: cada vez mais as meninas estão interessadas em Música.
Será que é verdade?
O acesso à musicalização hoje em dia têm sido facilitado pela gama imensa de instrumentos e acessórios dedicados a elas que invadiram o mercado de uns anos pra cá, a ponto da própria criança pedir para os pais que a deixem tocar um instrumento musical.
Longe de esperar que elas sejam virtuoses, os pais têm apostado na Música como um novo tipo de diversão aliada à educação e ao desenvolvimento das filhas para além dos brinquedos convencionais, videogames, tablets e smartphones, muitos dos quais flertam e disputam atenção com a Música (e disputam atenções e investimentos com ela).
Será que não é hora de prosseguir com a iniciação musical das meninas?
Pensando nessa e em mais uma série de fatores, a guitarrista, socióloga e educadora Flavia Biggs, bolou a Oficina de Guitarra para Meninas, projeto social que atuou de 2005 até 2013 na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo.
Inspirada nesse encontro, Flavia resolveu fazer algo do tipo por aqui e também montou a oficina gratuita de guitarra para as garotas brasileiras.
“O rock é libertador e age positivamente ante ao modismo estético que assola as gurias. É uma ideia que nasceu para encorajar meninas a desenvolverem plenamente todas suas potencialidades da vida através da Música e potencializar essas futuras mulheres”, explica Flavia.
A oficina, que era voltada para meninas de 7 a 17 anos, durava duas horas. A maioria das participantes nesses anos todos têm sido de “cotoquinhos”, ou seja, das meninas menores mesmo.
A intenção dessa oficina era desenvolver as noções básicas de guitarra: cifras, amplificadores, cabos, diferenças entre timbres, entre outras. Ao fim das atividades, a ideia fazia com que o grupo, formado por 15 participantes, tocasse uma composição própria. Segundo Flavia, “a oficina é para quem não sabe nada, para que tenham uma introdução no mundo da canção, uma quebra de gelo, saber como ligar, plugar, aumentar o volume, etc.”.
Segundo Flávia, que começou a tocar há mais de 17 anos, o cenário mudou bastante.
Ela, que começou quando o número de bandas de mulheres no Brasil era irrisório, realiza-se com o momento atual, muito mais democrático (apesar de não parecer). Professora de Sociologia pela rede estadual de ensino, Flávia reforça que a intenção com o aprendizado de um instrumento como a guitarra para as meninas fundamenta-se em uma perspectiva do protagonismo infanto-juvenil feminino.
Pena que o projeto não foi para frente. Mas isso originou outra possibilidade do ensino das meninas que é um projeto que até hoje se mantém firme.
Em qualquer data do ano, pode-se inovar na programação de férias e pensar em um acampamento cheio de música. Uma boa pedida é o Girls Rock Camp, acampamento diurno de férias com vivências musicais só para garotas.
Durante uma semana, meninas dos 7 aos 17 anos são convidadas a ter uma experiência divertida e completa no mundo da Música, aprendendo a tocar um instrumento, formando um conjunto musical, fazendo uma composição própria, participando de atividades de fortalecimento da auto estima, desinibição, trabalhos em grupo e fechando com uma apresentação ao vivo da composição autoral, aberta para os pais, familiares, amigos e toda a comunidade.
Não é preciso ter conhecimento prévio em música para participar. A primeira edição do evento, também encabeçado pela guitarrista Flavia Biggs, aconteceu em janeiro de 2013, em Sorocaba, e contou com 54 campistas de todo o país que formaram ao fim do evento, 9 bandas!
E muito homem achando que menina não pode ser roqueira!
As inscrições desse Camp (quem faz muito disso é o Mattias “IA” Eklundh) abrem normalmente no segundo semestre do ano para início em janeiro (as férias mais desesperadoras para os pais, não é?).
Há uma taxa de inscrição, mas, a organização também oferece uma vaga de bolsista para meninas carentes. Mulheres guitarristas podem inscrever-se como instrutoras voluntárias do acampamento, o que também traz muita experiência para o evento.
Toparia se inscrever para aprender ou ensinar?
Saiba mais sobre o Girls Rock Camp Brasil é só clicar aqui.
Você que é ligado às artes e cultura, que tal implantar uma iniciativa semelhante na sua região? E não venha com a desculpa de não ter tino para ensinar. Convide pessoas que o têm e organize. As crianças vão adorar um projeto desses.
Um presente e tanto para as meninas que querem ser musicistas.
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O que achou da matéria? Legal, não é. São esses tipos de ação que fazem que o espaço seja aberto para mais pessoas, inclusive àquelas que não costumam estar naturalmente inseridas no mundo do rock: as mulheres.
Continuemos usando o exemplo da Flávia e de tantas outras mulheres (lembram da Pauleira? Só clicar aqui) que empreendem ou realizam projetos para inserir mais e mais meninas no mundo da música, sem preconceitos e com as mesmas oportunidades.
Caminhemos assim.
Um abraço e nos vemos.
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Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.