É dia de rock! 13 de Julho Dia Mundial do Rock
Isis Mastromano Correia
Que nos perdoem todos os músicos que elegeram outro instrumento para a vida que não a guitarra, mas, 13 de Julho é o Dia Mundial do Rock e simplesmente não dá pra falar desse dia sem lembrar guitarra!Foi por causa dela que o Rock ganhou identidade própria e foi emancipado da família e se desgarrou do primo mais velho, o Blues, na década de 1960. O som do Rock inegavelmente gira em torno da guitarra e utiliza um forte contratempo estabelecido pelo ritmo do baixo, da bateria ou do teclado. E a guitarra é tão maravilhosa que o estudo do instrumento é facilitado pelas mil e uma maneiras de se aprender a tocar.
O Rock ditou o início de uma nova era na Música. Hoje é um ritmo popular, mas, ainda símbolo de transgressão das ordens estabelecidas. No Brasil, a guitarra não chegou como o mais querido dos instrumentos. Em 1968, a plateia não queria saber de guitarras elétricas, consideradas um símbolo do imperialismo cultural norte-americano em um show conjunto entre Mutante e Caetano Veloso. Além das vaias, o público virou-se de costas para o palco. Os Mutantes não tiveram dúvidas: empunhando o objeto da discórdia, viraram-se também contra a plateia. E a guitarra e o rock venceram!
Venceram, mas não sem antes ter de passar por cima da “passeata contra a guitarra elétrica” (acredite!) ainda em 1968. Liderada por Elis Regina, Gilberto Gil, Edu Lobo, MPB-4 e Jair Rodrigues, transformou-se numa manifestação ideológica contra o chamado iê-iê-iê, movimento brasileiro que traduziu o Rock britânicos dos Beatles e o americano de Elvis para os tupiniquins.
O período entre o final dos anos 60 e metade da década de 70 representou uma época de grandes transformações culturais em que os valores da sociedade mudaram muito e a guitarra esteve sempre ali, acompanhando tudo, testemunha barulhenta da história!
Mas porque dia 13 de julho? A data foi eleita como o Dia Mundial do Rock em homenagem a uma série de concertos, o Live Aid, que reuniu artistas em prol de causas sociais como a erradicação da pobreza e da fome na África. O festival foi idealizado por Bob Geldof, um cantor, compositor e humanista irlandês, e teve a primeira edição em 13 de julho de 1985. Shows aconteceram simultaneamente na Inglaterra e Estados Unidos e contou com The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Queen, David Bowie, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins , Eric Clapton entre outros.
Em 2005, Bob Geldof organizou o Live 8, uma nova edição que ocorreu ainda em mais países com o objetivo de pressionar os mais ricos a perdoar a dívida externa dos mais pobres. Foi no Live 8 que o Pink Floyd tocou junto novamente, depois de 20 anos de separação. Desde então, o dia 13 de julho passou a ser reconhecido como o Dia Mundial do Rock.
Mas, voltando a falar da nossa musa, embora tão popular, a guitarra por si só é um instrumento, digamos, atípico, isso porque não há sequer a exigência de nos guiar apenas por uma partitura. As tablaturas e as cifras estão ai para nos nortear em busca do timbre perfeito!
Não há um método específico para aprender a tocar ou mesmo um que seja mais indicado para quem já passou da fase de aprendiz e busca o aperfeiçoamento. Basta trocar uma idéia com guitarristas profissionais para descobrir que há duas frentes: a dos que mesclaram vários métodos ao longo de seus estudos e a outra que se deu melhor ao eleger apenas um método como padrão. E isso é que é maravilhoso: não tem regra para a guitarra e por isso essa identificação total com o Rock!
Se Ritchie Blackmore começou por estudar da forma clássica, com partituras desde a mais tenra idade, Marcinho Eiras chegou lá através do método intuitivo, ou, popularmente conhecido como “tocar de ouvido”.
Para cada Eddie Van Halen que iniciou o estudo da Música com instrumentos clássicos como flauta e piano, um currículo que pode intimidar quem está começando, há um Joe Satriani que, devido seu método muito didático de tocar, propicia o estudo para quem está chegando. Ufa, nós, iniciantes estamos a salvo!
A guitarra, graças aos deuses do rock, não obedece nenhum fluxograma. Não é necessário refazer caminhos porque não existem resultados positivos ou negativos. O segredo é se adequar a uma forma de aprender. Elas estão por ai, explicadas em vídeo aulas na web e sobre isso também já falamos por aqui no post ” A VEZ DA GUITARRA A DISTANCIA” (https://blog.santoangelo.com.br/a-vez-da-guitarra-a-distancia).
A parte mecânica da nossa querida favorece em muito a transcrição das Músicas nos moldes de tablatura, certamente o método-ouro escolhido por quase todos os guitarristas. A tablatura é um método que diz ao intérprete onde colocar os dedos no instrumento em vez de informar quais notas tocar. Isso facilita muito porque elimina a simbologia que flerta entre o lúdico e o matemático das partituras dando vez a uma forma muito mais racional ao sistema de se tocar.
Enquanto atualmente a tablatura é mais usada para música rock e também pop, era um método muito usado na música folclórica e muito comum na Europa durante os períodos da renascença e do barroco. No contexto da tablatura moderna para guitarra, a notação musical padrão é geralmente chamada de ‘notação na pauta’, apesar das tablaturas também serem escritas em uma ‘pauta’.
Não a toa a porta-voz do rock é um dos instrumentos mais populares e assim alçou o próprio ritmo entre os mais populares do mundo também. A guitarra caiu nas graças de todos justamente pela flexibilidade que dá às pessoas rumo à Música. Ela inclui, agrega e em pouco tempo qualquer um consegue tirar belos sons dela nem que seja no exercício de escalas! Já é tão bonito escutar o resultado dessas “lições de casa”!
O guitarrista pode pegar um livro de teoria musical e azeitar para a guitarra. Simples assim! Não quer livros de teoria musical? Pode estudar de mil outras maneiras! O certo é que o instrumento depende muito de você. Ele responde ao que você decidir, tanto é que, o aluno de um conservatório pode passar um bom tempo sendo guiado pelo professor no estudo da harmonia, das escalas e depois de um tempo vai receber a ordem: “agora ‘esqueça’ tudo e vamos tocar!”.
Escolas buscaram facilitar bastante o estudo do instrumento ao concentrar cursos dedicados e sob medida somente para guitarristas. Escolas como a IG&T (Instituto de Guitarra e Tecnologia) que integra a EM&T (Escola de Música e Tecnologia) é um exemplo. Nos Estados Unidos existe o GIT (Guitar Institute of Technology) e recentemente o Brasil ganhou a primeira filial norte-americana de uma rede mundial de escolas, a School of Rock, que promete ensinar rock a seus alunos em São Paulo.
No ano passado, foi Alice Cooper quem inaugurou dois espaços para o ensino do rock: uma academia de rock em Dakota do Sul para crianças e o Rock Teen Center, para jovens. Cooper disse que a melhor forma de tirar adolescentes da rua é colocar uma guitarra em sua mão, ensiná-los a tocar e colocá-los numa banda.
Do papel ao som
Quem optar por um método de estudo musical consagrado, como já falamos aqui no blog(http://migre.me/frgGv), claro, estará passos a frente no sentido do entendimento da Música em sua integralidade. Mas a guitarra, de tão maravilhosa, é um instrumento super maleável para ser aprendido. De tão gentil, ela é capaz de abraçar os músicos intuitivos e os teóricos!
O Rock por sua vez não é menos gentil: ao longo de seus anos de existência foi abraçado tudo e a todos. Falou das mazelas políticas com The Clash, falou de amor com Elvis, questionou convenções sociais com Rolling Stones, falou de história com Iron Maiden, falou do ‘invisível’ com Black Sabbath, falou de festa com o Kiss, falou da ditadura militar com os Mutantes e falou até de coisas que ainda não sabemos bem o que foi dito com Pink Floyd! Hoje, abraça firmemente bandas como Rosa de Saron, Beatrix, Via 33, Ceremonya e The Flanders como expoentes do rock católico e evangélico.
Semana que vem, voltamos a falar de métodos interligados ao mundo virtual que facilitam o estudo da Música!
E Deus abençoe o Rock!
Até lá!