Educação Musical ainda não acontece na escola pública. Por quê?

2016-08-29 - FB

Olá pessoal, tudo bem?

Continuando nossos assuntos sobre a educação musical, debruçamos hoje sobre algo que sempre nos preocupa, tanto aqui na SANTO ANGELO como pelas escolas e nas mentes dos músicos e pessoas que trabalham com ela. A falta de música nas escolas do Brasil.

Já é sabido que desde 2008, música é conteúdo obrigatório nas escolas, mas ainda não vemos esse cenário realizado em todos os cantos do país (e já se passaram 8 anos da aprovação, tempo mais do que suficiente para adaptar a estrutura e grades curriculares das escolas). O que será que aconteceu?

Podemos pensar muitas coisas, mas antes de tirarmos nossas conclusões, relembremos o texto da Isis Mastromano Correia falando sobre a lei, sobre as dificuldades e as possibilidades. Boa leitura!

O ensino musical no Brasil por anos foi privilégio de crianças cujos pais podiam mantê-las nas instituições particulares. A lei federal 11.769/08 veio para mudar esse paradigma, mas o ensino da Música ainda caminha a passos lentos.

Incluir música na vida de crianças e jovens, dos 4 aos 17 anos, público alvo da lei, ainda depende muito do esforço pessoal dos responsáveis. São eles que buscam colocar os filhos em contato com a Música seja em escolas especializadas, com professores particulares, ou ensinando Musicalidade em casa, de acordo com a própria capacidade.

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Constatamos que devido a limitações de orçamento, de pessoal e métodos adequados, nem todas as instituições públicas estão aptas a cumprir as exigências da lei e, assim, relatos de boas experiências ainda são raros.  Por outro lado, “qualquer reforma do ensino e da educação começa com a reforma dos educadores”, defendia o pensador Karl Marx ainda no século XIX. Temos, então, pistas importantes para explicar os porquês do ensino da música ainda não ter deslanchado em terras brasilis.

Pedagogos ligados aos estudos musicais já sabem: a Música estimula nas crianças a inteligência racional e emocional, afetividade, empatia e sociabilidade. Mas, quando a discussão se estende aos pais e demais educadores, não se pode afirmar que tenham a exata noção de quanto a Música tem a ver com a formação intelectual e não somente com diversão e abstração. Desta forma, a Educação Musical é de extrema importância para a construção de cidadãos melhores.

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Ao que parece, ainda não está esclarecido na mente dos diretores de ensino que a presença da Música na escola não serve somente ao intuito de formar futuros músicos. O direito dos professores da rede de receber treinamento especial para o atendimento da lei ainda não é suficientemente cumprido nem a inclusão dos músicos com Licenciatura em Educação Musical no processo.

Para complicar, o artigo da lei que determinava que o conteúdo deveria ser ensinado por um professor com formação específica na área foi vetado! A alegação é de que a Música é uma prática social e que no Brasil existem diversos profissionais sem formação oficial ainda assim reconhecidos.

Falta uma postura mais firme do MEC (Ministério da Educação) porque a lei ainda não foi regulamentada, ou seja, é como se não existisse um manual de instrução para os gestores escolares saberem como aplicá-la. Assim, temos uma lei federal importantíssima sendo subestimada e comprometendo o potencial de identificar futuros músicos entre os alunos.

As escolas tiveram três anos para se adequar à implantação do ensino musical a partir da sanção da lei, em 2008. O período de adaptação acabou e o conteúdo passou a ser obrigatório. As unidades que ofereciam a Música de forma optativa ou inferior tiveram (e muitas ainda têm) de rever o assunto, incluindo o ensino da Música no conteúdo obrigatório da área de Artes. Não obstante, como foi dito anteriormente, o ônus sobrou para as famílias que têm de tomar à frente e buscar em entidades particulares o contato das crianças, pré adolescente e jovens com instrumentos musicais.

Sobre a escolha do primeiro instrumento para seu filho, já falamos neste blog, é só clicar aqui, e ainda sobre a importância da iniciação musical, clicando aqui.

Projetos públicos dedicados ao ensino da Música também existem e estão espalhados pelo país, é verdade, mas, a demanda é grande para uma estrutura que conta minimamente com investidores e, assim, dependem em muito da boa vontade dos professores.

Uma forma de mobilizar a sociedade para a importância do ensino musical ocorre normalmente em no mês julho todos os anos. No Brasil, acontece uma ação semelhante ao já bem sucedido “Dia Nacional para Aprender a Tocar”, no Reino Unido: o “Dia Nacional do Ensino da Música”. O foco nos dias de realização é derrubar todos os motivos das pessoas em adiar aquela vontade de chegar perto de um instrumento musical, às vezes, pela primeira vez!

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Lojistas, escolas de música e toda entidade de ensino, ou não, que se solidarizam com a ideia participam de alguma forma. Disponibilizam espaço para professores de Música interagirem com as pessoas, de crianças a adultos e idosos, com aulas abertas de bateria, guitarra, piano e outros instrumentos musicais ou quaisquer objetos para reproduzir notas, é uma ideia.

A vantagem da participação nesta data é universal: privilegia empresas do setor, comerciantes, músicos, educadores e, sobretudo, pessoas! No Reino Unido, o sucesso do evento se mostrou pela repetição das ações nos anos seguintes à 2012. Os números de lá também reforçam a aceitação: foram ministradas mais de 120 mil horas de aula de diversos instrumentos e ao menos 80 estabelecimentos participaram da iniciativa.

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Para saber mais sobre os eventos do Dia Nacional do Ensino da Música no Brasil ou como participar, clique aqui.

Sempre é bom destacar o trabalho desenvolvido pela professora Valéria Forte à frente do CAEM – Central de Apoio às Escolas de Música – na busca de respostas para os desafios relatados neste post inclusive para orientação dos pais que desejarem saber sobre as escolas de música afiliadas.

Para as famílias que querem introduzir a música na vida dos pequenininhos ainda em casa vale dar uma olhada em alguns programas para pais iniciantes com acesso livre na internet como o Duas Mãozinhas no Teclado, do acordeonista e compositor Mário Mascarenhas.

É bastante coisa acontecendo para que o ensino musical chegue às pessoas. Existem mobilizações Brasil afora, e nós, aqui na SANTO ANGELO, também trabalhamos para que essa lei se torne uma realidade, pois sabemos, todos nós, o quanto a música contribui para as pessoas e para a sociedade.

Uma possibilidade legal é aproveitar a Expomusic 2016 e levar as crianças para participarem das oficinas de Musicalização Infantil e despertar interesse na música. Quem também vai se beneficiar do evento são os professores, que terão à disposição um curso de capacitação com professores renomados. Outras informações você encontra nesse link ou no site oficial da feira. E não esqueça de visitar nosso estande, ok?

Nos vemos em breve.

Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.




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