O que são Bons e Maus Hábitos!
Olá, neuronal leitora e sináptico leitor, tudo bom?
Sabemos que você e muitos outros amigos continuam tocando um instrumento musical (com cabos SANTO ANGELO, é claro) durante o isolamento social porque muitos tem compartilhado os vídeos no grupo que mantemos no Facebook, chamado SANTO ANGELO 15 SEGUNDOS.
Aliás, se você ainda não entrou nesse grupo, fica aqui o nosso convite para que se inscreva ainda hoje. Tem muita gente boa por lá e toda semana selecionamos 21 vídeos para serem mostrados na fanpage.
Já pensou ter seu vídeo mostrado para mais de 250.000 fãs da marca SANTO ANGELO?
E antes que receba mensagens do seu cérebro dizendo que isso nunca acontecerá com você, saiba que tem muita gente nadando de braçada no mar do autoconhecimento, depois de ler sobre os bloqueios mentais e os gatilhos emocionais em posts anteriores que fizemos aqui no blog SANTO ANGELO, correto?
Se até agora não os leu sugerimos que faça isso agora porque a ideia é que você mergulhe mais fundo nesse oceano, porque hoje vamos continuar falando sobre a casa de máquinas desse grande navio que é o corpo humano: nosso cérebro.
Lembrando que ao invés de ler você também poderá acessar esse e os demais conteúdos do nosso blog no Spotify ou qualquer outra plataforma de podcasts da sua preferência.
Hoje, trataremos sobre os Hábitos, aquelas “coisinhas” automáticas que fazemos, o que elas são, no que culminam, como funcionam e por que, às vezes, os maus hábitos nos prejudicam.
Coloque seu colete salva-vidas para não cair dessa embarcação que navega em direção à nossa evolução pessoal.
Os seres humanos são criaturas de hábito, ou seja, que aprendem e tornam automatizadas muitas das ações do dia a dia.
Um exemplo é seu “ritual” de acordar. Após abrir os olhos (graças a um bom relógio biológico ou a um ensurdecedor despertador) você se levanta de um certo lado da cama, caminha até o banheiro, esvazia sua bexiga e escova seus dentes, depois vai até a cozinha tomar o seu café.
Apesar dessa descrição ser extremamente corriqueira, ela é a forma mais simples para você entender o que caracteriza um Hábito. E já que você entendeu, entenda agora a descrição mais técnica de Hábitos.
De acordo com o livro O Poder do Hábito de Charles Duhigg, Hábito é uma sequência de ações, movimentos e comportamentos que o cérebro realiza no “piloto automático”, ou seja, algo que, de tanto se fazer, sua mente nem pensa mais para realizar.
Entendeu agora porque os Hábitos são difíceis de se instalar e ainda mais difíceis ainda de se desinstalar da sua cabeça?
Como citamos antes, a sua rotina matutina parece algo simples e automático, mas para que fosse assim, você a fez milhares de vezes, desde a sua infância, até se tornar espontânea.
Para um exemplo mais próximo da sua vida musical, imaginemos que você se condicionou a estudar seu instrumento musical todo dia as 20:00, depois de jantar.
Você vai até sua sala de estudos / quarto de dormir, pega o instrumento, liga o computador, abre o arquivo com o conteúdo que você está estudando, senta-se e começa.
Garanto que você não precisou pensar em nenhuma dessas ações e nem reparou que elas aconteceram nessa ordem, ou seja, todas elas te ajudaram a criar um Hábito.
Nós somos compostos por milhares de movimentos espontâneos, pois nosso cérebro automatiza tudo que pode ser repetido inúmeras vezes, fazendo com que a energia usada por ele para realizar essas ações seja mínima e destinando mais foco para coisas mais complexas.
Os responsáveis por isso são os Gânglios Basais que ficam localizados no centro do nosso maquinário intelectual.
Imagine agora que você precisasse pensar sempre no que faria logo depois de abrir a bag ou case do seu instrumento. Seria bem contraproducente, concorda?
A gente depende de um apanhado de Hábitos para que nossa vida funcione corretamente, e eles são formados nas conexões dos neurônios, as famosas sinapses.
O processo de formação e “alargamento” dessas sinapses pode ser descrito como uma estrada. Se ela é estreita e tem terreno desconhecido, você trafega por ela com mais lentidão e prestando atenção, porém, caso ela seja larga, bem sinalizada e bem asfaltada, o caminho é mais rápido e você dirige sem pensar muito (claro, com atenção sempre).
Aliás, aqui temos um outro hábito automático: dirigir um veículo.
Outro ponto é Complexidade.
Escovar os dentes é simples, logo, a consolidação do hábito é mais rápida. Fazer arpeggios do modo mixolídio em sextina a 210 BPM (Batidas por Minuto) sem pensar, é extremamente mais complexo e demorado.
Já que agora entendeu sobre como funcionam os Hábitos, vamos dar um passo em frente e conhecer qual é o processo de formação deles.
Ainda na literatura de Charle Duhigg, o ciclo de um Hábito é formado por três fases: Deixa, Rotina e Recompensa.
A Deixa, também conhecida por dica ou gatilho, é a situação que faz o cérebro acionar um Hábito em particular.
Um exemplo de uma Deixa é quando você coloca a guitarra no colo: imediatamente sua mão se encaminha para o bolso para pegar a palheta e não para a gaveta da cozinha para pegar uma colher.
Outro exemplo é quando você se dirige à porta de casa para sair: seu cérebro já antecipa que você precisa pegar a chave da porta ou do carro para que isso ocorra.
Já a Rotina é a sequência de ações que constitui um Hábito.
Imagine essa sequência se você é um baixista: quando vai guardar o baixo, depois de um tempo de estudo, você tira o cabo, remove a correia, limpa as cordas, coloca no bag, fecha o zíper e coloca tudo no lugar de sempre. Essa Rotina é seu Hábito pós estudo, entendeu?
Por fim a Recompensa é o efeito gerado pela realização da Rotina, tendo ele que ser benéfico.
Um exemplo, caso você seja um tecladista: antes de começar seus estudos de teclado, logo depois de montar seu setup, sempre você toca “Feelin’ Alright” do Joe Cocker porque isso faz com que se sinta animado e com mais vontade de continuar os estudos.
Apesar destes 3 pontos, um Hábito só se cria mesmo caso exista uma recompensa interligada a ele, e para isso, são liberadas neurotransmissões que trazem uma agradável sensação de bem estar.
Também é possível que a recompensa ultrapasse o simples benefício da ação e se torne prazerosa, o que cria um entrelaçamento de duas partes do ciclo, a Deixa e a Recompensa, fazendo com que, quando se percebe a primeira etapa, o cérebro já antecipa a última.
Imagine-se que está a horas produzindo suas músicas e ouve aquela vinheta inesquecível da pamonha (pode ser qualquer alimento que você goste).
Um brilho acomete seu cérebro e seus neurônios e neurotransmissores já antecipam o prazer de deliciar aquela pamonha quentinha.
Quando você menos espera, já está na porta do estúdio, parando o famigerado carro e gritando: shut up and take my Money (Calado e pegue meu dinheiro, meme bem conhecido).
Um cuidado que todos devemos tomar é quando um Hábito, que traz prazer, não se torne um vício ou mesmo uma compulsão. Explico melhor;
No Vício, ficamos dependentes da recompensa gerada pelo Hábito.
Um exemplo é com esse aparelho que você carrega no bolso, chamado smartphone. Você checa o celular inúmeras vezes pois te dá prazer em saber que está sempre atualizado (isso tem nome, FOMO ou Fear of Missing Out, o Medo de Ser Esquecido).
Em alguns casos, a tal da Red Dot Syndrome (ou Spindrome do Ponto Vermelho, indicativo de que existe algo ainda não visto no seu celular) gera até um certo anseio em ver sumir aquele pontinho e, quando ele some, satisfação.
Já na Compulsão, a recompensa é só o alívio de algum desconforto psicológico.
Por exemplo, você está nervoso pois não consegue terminar uma composição e esse sentimento te deixa angustiado.
A forma que você conhece de aliviar esse sentimento é comprar e comer uma bomba de chocolate, que vai te deixar mais tranquilo.
Roer unhas, lavar as mãos muitas vezes (mais do que o necessário em tempos de COVID-19) e consumir sem responsabilidade são alguns outros hábitos compulsivos.
Sabendo dessas diferenças, eliminar ou modificar um Hábito pode ser trabalhoso, mas extremamente possível se conhecer as razões e atuar por si mesmo na mudança do Hábito.
Já para Vícios e compulsões adquiridos por maus Hábitos, a solução será fazer terapia e tratamento psicológico com profissionais habilitados.
Para “quebrar um Hábito”, que você tem programado no código fonte da sua mente, exige certo comprometimento e atenção, pois, de acordo com o Duhigg, eles não desaparecerão tão facilmente.
Basicamente, consiste em preservar a Deixa e a Recompensa, porém, alterar a Rotina. Explico:
Imagine que seu Hábito é parar uns minutinhos durante seu estudo, tomar um café amargo e depois faturar aquele brigadeiro delicioso.
A Deixa é tomar o café, a Rotina é comer o doce e a Recompensa é o gosto doce na boca, que te gera satisfação. Na mudança, você mantém o café sem açúcar e o gosto doce, que você pode substituir, para preservar a saúde, por uma fruta ou mesmo um creme dental ou enxaguante bucal que te dê uma sensação igual ou próxima.
O método parece bem simples e é, porém, precisa-se de força de vontade no início para mudar a Rotina.
Uma das chaves para que a mudança de fato ocorra é você ter clareza sobre a sua Recompensa, que normalmente, fica em torno da sensação que ela te causa.
Outra estratégia bem simples, é você sumir com a Deixa.
Você acorda com o despertador do celular e, como acaba desligando-o, já começa a ver as notificações.
A Deixa para ver as notificações é pegar o celular na mão, tocando aquele ringtone irritante, porém, ela não acontecerá caso você desenterre aquele rádio-relógio (acho que revelei minha idade) e deixe o celular longe.
Lembrando que, se você perceber que não está funcionando, terapia com um profissional habilitado e experiente sempre pode ajudar.
Instalar novos Hábitos racionalmente também é possível, e para isso, continuaremos usando o conhecimento do Charles Duhigg.
Fundamentalmente, se você facilitar para o seu cérebro, entregando o Hábito pronto com Deixa, Rotina e Recompensa, como se fosse um manual, a possibilidade de inserir uma programação habitual nova é maior.
Nessa “criação” você precisa ter cuidado apenas com a Recompensa, pois ela pode ser confundida com o motivo, que é a afirmação de um estado indesejado ou não, pelo qual você quer o Hábito.
Refletindo sobre sua condição física, por exemplo, você decide ir praticar natação ou corrida de rua por estar fora de forma. Esse estado é o motivo, porém, a Recompensa seria você ter mais energia no dia e, assim, sentir-se mais satisfeito consigo mesmo.
Como um passo a passo e fazendo o loop reverso, você pode:
- Considere sua Recompensa: antes de pensar no loop, já saiba qual recompensa, positiva, você quer atingir;
- Defina concretamente a Rotina: seja bem criterioso em como você o fará, descreva todas as ações com um bom nível de detalhamento;
- Crie e facilite as Deixas: prepare cenários par que você não fuja do ciclo. Já deixe o violão no seu caminho para que você lembre de estudar, coloque alarmes (sem soneca para não adiar) para te lembrar da tarefa.
Com um pouco de força de vontade e perseverança, você verá resultados significativos.
Colocar essa criação em meio a outros Hábitos que você já tenha também facilita em larga escala a instalação desse Hábito.
Por exemplo: você acorda todos os dias e abre a janela, então, colocar seu setup de estudos próximo à janela fará você criar outra Deixa para seu momento de estudos matinal.
Apesar dos hábitos cotidianos serem criados meio que involuntariamente, usar da força de sua intenção para criar, aperfeiçoar ou mudar hábitos, é sempre indicado, pois sua mente tem a força necessária para fazer isso.
Dica extra é: faça aos poucos, um de cada vez.
Por mais que você se enxergue multitarefas, saiba que nosso cérebro diz o contrário, e recomendo a audição do podcast Naruhodo #133 sobre o tema.
E para caso você queira aprofundar-se mais na Ciência dos Hábitos, recomendo a audição do podcast Autoconsciente #53 da Regina Giannetti ou os artigos do Mundo da Psicologia, Eu sem Fronteiras, Psicologia do Cotidiano e os coletivos Psicólogos São Paulo e Psicólogos Berrini. Claro, leia o livro do Charles Duhigg para fechar todos esses conhecimentos com chave allen de ouro.
Por hoje chega: absorva esses conceitos com calma e, na dúvida, leia tudo novamente para que esse conhecimento te ajude a identificar seus hábitos, classificando-os e mudando aqueles que te fazem mal, combinado?
Depois, compartilhe com a gente: Descobriu algum hábito que está te incomodando? Já tentou mudá-lo? Conseguiu? Conte-nos como foi a experiência ou como está evoluindo usando este post como ponto de partida.
Adoraríamos ouvir suas histórias, sempre respeitando sua identidade e privacidade.
Ah…também adoramos ouvir você tocando. Que tal compartilhar o vídeo que produziu na semana, lá no grupo SANTO ANGELO 15 SEGUNDOS no Facebook?
Sem muitas delongas, eu, a Thais e a equipe de comunicação da SANTO ANGELO, agradecemos sua leitura e esperamos, como sempre, que nos vejamos semana que vem, com saúde e bem protegidos, como já é de nosso hábito, certo?
Um abraço!
Podcast: Effects by BBC Sound Effects, Warner and Youtube
Musics: “Changes” by YES, “Feelin’ Alright” by Joe Cocker, “Breaking the Habit” by Linkin Park & “Habit” by Louis Tomlinson
Dan Souza (IG: @danhisa) é músico e profissional de Marketing, Relações Artísticas, Branded Content e Music Business, formado pela UNINOVE.