Quando cobrar ou tocar de graça? Parte I
Por Carla Lima
Olá galera!
Em um dos meus posts anteriores, conversei com vocês sobre a atual crise financeira, que tem afetado a todos, sem exceção. Usando como base a frase “fazendo a mesma coisa, dia após dia, não há de se esperar resultados diferentes” (Albert Einstein), dei sugestões sobre o que você, músico ou qualquer um que deseja inovar, pode fazer para dar um “up” tanto na carreira como na vida pessoal ou profissional.
Se você está inovando e a música é o seu instrumento de trabalho, já parou para pensar se as pessoas têm dado o devido valor financeiro ao seu trabalho?
Assim como em qualquer outra profissão, a de um músico exige dedicação além de investimento de dinheiro e de tempo. Por isso, você precisa administrar seu trabalho com visão de negócio (veja aqui a série de posts sobre empreendedorismo no blog), pois além de se preocupar com a qualidade da música que você produz e dos instrumentos e acessórios que utiliza, deve se preocupar em estruturar uma carreira profissional ao longo do tempo. E como tudo na vida tem um começo, muito provavelmente você terá que tocar de graça no início da carreira.
Antes de começarmos a tratar deste assunto, responda a seguinte pergunta:
Você toca ou pretende tocar por diversão, por hobby, ou como profissão?
Caso você toque apenas por diversão, tocar de graça em festas de amigos, no culto da igreja ou no casamento de um familiar, por exemplo, não será um problema. Muito pelo contrário, todo músico é um centro de atenções que lhe trará novos amigos, diversão e quem sabe sucesso com as garotas. Quase o mesmo raciocínio pode ser usado se deseja tocar por hobby junto com os amigos numa banda cover, relaxando das tensões de uma profissão técnica, por exemplo.
Porém a situação será um pouco diferente caso você deseja ser um profissional que viva da música. Isso não significa que você não possa fazer uma ação de network (conhecer e se relacionar com pessoas desconhecidas) tocando sem cobrar qualquer valor (trataremos sobre este assunto daqui a pouquinho). Mas precisa ter em mente um objetivo claro, que inclua um período para isso e como valorizar o seu trabalho posteriormente. Pois se você for um músico profissional, desconhecendo ou menosprezando o devido valor financeiro deste trabalho, irá desvalorizar não só a si, mas a todos os outros músicos (o mesmo é válido para qualquer outro profissional).
Em quais situações será necessário tocar de graça?
Como você e eu sabemos, o trajeto profissional de um músico até atingir o sucesso não é nem um pouco fácil. Infelizmente, vivemos em um país que, muitas vezes, não respeita a música como profissão. Tenha certeza que não é só a cultura brasileira que age assim. Desta forma e como já adiantei há pouco, pode ser que no início da carreira, você talvez precise aceitar tocar de graça para ser visto e ser descoberto. Neste caso, pense assim: quanto vale subir aos palcos, controlar as emoções e mostrar o seu talento para um público desconhecido? Sabemos que não é uma tarefa fácil, mas como conseguir um lugar para tocar se você não é famoso e as pessoas ainda não conhecem o seu trabalho?
Neste caso, você deverá considerar a possibilidade de tocar de graça em um show, festival ou outro evento. Em outras situações, talvez seja necessário até mesmo pagar determinada taxa para tocar em algum desses lugares. Além da publicidade do seu trabalho, isso lhe trará mais experiência como profissional, presença de palco e como deve ser a relação e a interação com o público. Não basta ser bom apenas tocando, o seu sucesso será resultado de um conjunto de qualidades e atitudes e nada como a experiência para amadurecer e aperfeiçoar todas elas. Sabia que o famoso Steve Ray Vaughan também passou por tudo isso? Leia mais neste link.
Mas não se esqueça de dar a devida atenção a quanto tempo isso deverá acontecer até que você atinja o objetivo de cobrar pelo seu trabalho. Afinal, não dá para sempre tocar de graça ou, muito menos, pagar para tocar, não é mesmo? Não existe uma regra básica para dizer que depois de tantos shows você deve começar a cobrar.
Tudo vai depender da sua sensibilidade e bom senso no relacionamento com os demais músicos, com o dono da banda, proprietário do bar ou mesmo do pastor da igreja que eventualmente possa estar doando seu tempo e talento em favor da fé. Nós já tratamos deste tema aqui no blog (veja aqui o post) e também orientamos os pastores como proceder com seus músicos (neste outro post). Ou seja, tanto a remuneração de músicos evangélicos como a de músicos independentes que demonstrem uma relação de trabalho, se não for bem equacionada entre as partes, certamente o será na justiça trabalhista.
Uma boa dica para saber se o seu trabalho “gratuito” está aparecendo e sendo valorizado é quando surgir o primeiro convite para dar aulas ou tocar em outro evento. Aí chegou a hora de cobrar. Isso é o que você saberá no próximo post. Enquanto isso, vá estudando um pouco de educação financeira neste outro link do blog.
Um abraço e até a próxima!