Trocando cordas em guitarras com pontes móveis

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por Dr. Alexandre Berni

Depois de uma temporada afastado, graças ao surto de Dengue aqui em Campinas/SP que me imobilizou as articulações de tanta dor, volto para o blog SANTO ANGELO desta vez abordando um assunto que julgo importante para todos os guitarristas que precisam trocar as cordas de suas guitarras com pontes flutuantes tipo tremulo ou tipo Floyd Rose.

Acompanhando alguns foruns de discussões na internet sobre guitarras, rotineiramente observo perguntas do tipo: “se eu retirar todas as cordas de minha guitarra de uma única vez a guitarra desregula?”, ou ainda: “como faço para trocar as cordas de minha guitarra sem perder a regulagem?”.  Baseado nestas dúvidas, decidi escrever rapidamente sobre o assunto.

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Antes de mais nada vale a pena indicar a leitura de outros posts por mim escritos no blog SANTO ANGELO na categoria “faça você mesmo” que são de fundamental importância para o músico. Ou então, baixar gratuitamente o ebook “A Sáude da Guitarra” que reúne todos os posts sobre manutenção e regulagem daquele instrumento. Não esqueçam também de relembrar o post anterior no qual falo sobre as molas das pontes móveis, uma vez que está intimamente ligada ao tema de hoje.

Como já sabemos, as cordas estão em equilíbrio com as molas das guitarras através do tensor no braço da guitarra, que num instrumento bem regulado, mantem o equilíbrio fundamental para a correta afinação do instrumento. Quando retiramos todas as cordas de uma só vez para colocarmos cordas novas do mesmo calibre, poderemos desregular a guitarra, ou seja, provocar trastejamento, desnivelamento da ponte e desafinar as oitavas. Mas por que isso ocorre se as cordas são novas e do mesmo calibre que o encordoamento antigo?

Está claro que quando colocamos cordas de calibres diferentes, na maioria das vezes o braço sofre alterações de sua curvatura? E se essa curvatura se modifica, necessitamos ajustar o tensor, certo? Como fazer isso está bem explicado no ebook que citei anteriormente, mas nunca descarte a ajuda de um bom luthier quando não se sentir suficientemente seguro para fazer a regulagem do tensor.

Assim, observe nas figuras abaixo o nivelamento correto dos dois tipos de pontes após uma regulagem bem feita.

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Então, o que devo fazer para minimizar as alterações que a guitarra pode sofrer em uma simples troca de cordas???

Nas guitarras com pontes tipo tremulo, ou tipo Floyd Rose, o procedimento que aconselho é o mesmo: retirar individualmente uma corda de cada vez e substituir pela nova realizando a afinação. Desta forma, não ocorrerá grande desequilíbrio entre as tensões das molas, tensor e a pressão exercida de forma contrária pelas cordas.  Veja, na figura abaixo, como eu solto cuidadosamente a trava da ponte, após liberar a trava do nut e afrouxar a sexta corda.

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Após retirar apenas uma corda, observe na figura abaixo que não houve um desnivelamento acentuado das pontes.

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Em seguida, coloque a corda nova e realize a afinação:

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Após atingir o equilíbrio dessa corda, repita a operação para a próxima. Eu prefiro começar pela primeira corda, depois troco a quinta, a segunda em seguida e assim sucessivamente.

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Trocando agora a primeira corda:

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O procedimento é o mesmo para guitarras com pontes tipo tremulo:

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Sempre observei músicos, reparadores de instrumentos e até alguns luthiers cortando todas as cordas com alicates sem ao menos afrouxa-las.  Quem já viu isso, concordará comigo sobre o “estalo”  audível e o perigo da corda “chicotear” e machucar a mão do operador. Isso não é nada seguro para quem precisa delas para ganhar o pão de cada dia.

Este “estalo”, muitas vezes vem do som produzido pelas molas entrando em repouso (perdendo o efeito de tração) rapidamente ou até mesmo do movimento da madeira do braço em relação ao corpo. Para evitar maiores danos ao instrumento e à sua Saúde, procure afrouxar a corda calmamente e, se necessário, cortar com o alicate somente depois de constatar a perda total da tração (ou tensão) da corda.

Para tornar mais confortável e seguro a tarefa de trocar as cordas, quando possível, procure fazê-lo em um ambiente iluminado, calmo, com um feltro limpo e macio embaixo do instrumento, ferramentas adequadas (como chaves de fenda e alicates de boa qualidade) sem esquecer de um bom afinador. Insisto mais uma vez que atitudes simples como estas preservam a “saúde” de seu instrumento e a sua, pois quando apoiamos a guitarra nos joelhos para realizar o procedimento, além de algumas dores nas costas e os riscos de acidentes, os joelhos estão perto das coxas e com isso sua troca de cordas poderá ser também ser considerada “nas coxas”. Desculpe o trocadilho, mas não pude resistir (rs).

Um grande Abraço e até a próxima.




Um comentário em “Trocando cordas em guitarras com pontes móveis

  • 20 de março de 2016 em 10:18 PM
    Permalink

    TUDO MUITO ENFEITADO E BEM EXPLICADO, PORÉM ESQUECIDO QUE AS PONTES FLUTUANTES ACESSÍVEIS QUE TEMOS NO BRASIL SÃO DE FABRICAÇÃO ASIÁTICA E A MAIORIA EMPREGA LIGA DE ZINCO NOS SADDLES – CARRINHOS E NO BLOCO. LIGA DE ZINCO É UM MATERIAL DE CUSTO BARATEADO CUJA FRÁGIL RESISTÊNCIA E LEVEZA NÃO SE COMPARA AO AÇO E AO BRONZE UTILIZADO NAS PONTES ORIGINAL FLOYD ROSE, SCHALLER, GOTOH, KHALLER E ENTRE OUTRAS, AFORA QUE A PRODUÇÃO ASIÁTICA EM LARGA ESCALA SE
    VALE DE MÃO DE OBRA BARATA E CONTROLE DE QUALIDADE DUVIDOSO. UMA PONTE GOTOH JAPONESA COM AÇO E BRONZE DE COMPROVADA QUALIDADE NÃO CUSTA MENOS QUE R$ 1000,00 NO BRASIL.

    Resposta

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