A Música como terapia: Musicoterapia
por Dr. Alexandre Berni
Faz muito tempo que falamos sobre os temas relacionados à Música e crianças, e nos surpreendemos cada vez mais com os talentos precoces que aparecem. Porém, além de ser algo educador e formador de cidadãos, a Música também tem um papel importantíssimo na saúde.
Em continuidade com possibilidades de carreira para os músicos, imaginei um caminho bem diferente, voltado à medicina (como é o meu caso), usando a Música com um viés de cura. Por isso, resolvi falar um pouco sobre Musicoterapia, voltada para aquelas crianças especiais ou que estejam enfrentando sérios problemas de Saúde. É o caso de vocês como pais ou responsáveis?
Pois saiba: a Música pode ajudar!
Partindo do principio de que a Música é uma linguagem, devemos adotá-la da mesma forma com a qual adotamos a lingua falada: as crianças devem ser expostas de forma a dialogar e, por meio disso, ter os elementos musicais presentes em cada uma, despertados.
Em tese, a Musicoterapia é justamente isso, uma técnica em que a Música se traduz como parte do mundo de cada indivíduo de maneira diferenciada daquela usada comumente, com sons e ritmos capazes de expressar sentimentos.
Esse tipo de terapia trata as pessoas através de sons, instrumentos musicais, ruídos e até mesmo o silêncio. Ela busca desenvolver potenciais e restaurar funções do indivíduo para que ele alcance uma melhor organização interpessoal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, através da prevenção, reabilitação ou tratamento.
Cada individuo possui um ritmo interior, uma identidade sonora que as diferencia das outras pessoas e, desta forma, identificá-los e adequá-los são tarefas relacionadas ao estudo da Musicoterapia, que pode auxiliar no desenvolvimento pedagógico e em dinâmicas de grupos em salas de aula. Assim, se estabelecerá a identidade musical do grupo onde, nesse contexto, utiliza-se o Coral (já que o Canto é o único instrumento natural que todos possuímos e a maior forma de expressão da nossa personalidade) ou um grupo de percussão corporal (que como já mostrado no post que falamos sobre os Barbatuques).
A Música, por si só, é terapêutica. Além do poder de cura, ela reforça o organismo para agir contra as doenças, favorecendo o desenvolvimento afetivo, além de ampliar a atividade cerebral, melhorando tanto o desempenho escolar quanto contribuindo para uma melhor integração social e comunitária. Basicamente pode-se dividi-la em dois sentidos: o de evitar algo negativo e o de promover algo positivo.
A metodologia
A Música trabalha partes específicas do cérebro, promovendo equilíbrio entre o pensar e o sentir. Por sua vez, a Melodia trabalha o emocional, a Harmonia, o racional e a inteligência. O princípio de atuação da Musicoterapia é a vibração do som, sentido pelo corpo todo do indivíduo através dos instrumentos usados na sessão.
Sendo assim, a Música é sempre abordada como uma experiência que promove o desejo de expressão em Ritmo e Melodia, algo que a criança pode sentir com seu corpo e conduzir para sua voz. Assim, ao invés de ser apresentada separadamente, é colocada em seu uso natural com referência ao seu lugar imediato na experiência infantil, ou seja, o local em que é administrada.
A Musicoterapia pode ser explorada de diversas maneiras: pode-se deixar instrumentos musicais à disposição e deixar a criança escolhê-lo; trabalhar a experimentação e imitação, a improvisação livre, composição e interpretação; coral; diálogos sonoros vocais e instrumentais; representação musical (histórias cantadas através de desenhos produzidos); percussão e expressão corporal; memória musical desenvolvida por jogos lúdicos, etc.
Ao se expressar musicalmente em atividades que lhe dão prazer, a criança demonstra seus sentimentos, libera suas emoções e desenvolve sentimentos de segurança e auto-realização, que é muito importante para seu crescimento interior, sua formação integral como pessoa e também melhora sua aprendizagem e relacionamento interpessoal.
Sendo assim, podemos concluir que a Educação Musical e a Musicoterapia não se contradizem, mas se potencializam e se complementam. Elas estão muito próximas, porém, com enfoques diferentes, pois na Educação Musical o enfoque é pedagógico e na Musicoterapia é terapêutico, ou seja, numa linguagem mais simplificada a Educação Musical é a Música “de fora para dentro”, enquanto a na terapia é a Música “de dentro para fora”, e tem valor intuitivo.
Conhece algum musicoterapeuta ou mesmo já passou pela sua mente que isso pode ser uma carreira, aliada à medicina? Comente conosco aqui no blog ou em nossas mídias sociais.
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Até a próxima.