E se eu não conseguir superar meu desafios?

Olá intrépida leitora e desbravador leitor, tudo bem?

Se você é novo por aqui ou se faz tempo que não se liga no conteúdo do blog SANTO ANGELO peço que leia o post anterior quando tratamos das diferenças entre os desafios gerados por situações externas e aqueles que nós mesmos escolhemos para enfrentar.

E nunca é demais lembrar que, com todo o conhecimento que já compartilhamos em posts/episódios diversos sobre a mente humana, tais como saúde mental, barreiras mentais, gatilhos emocionais e hábitos, imaginamos que a mente dos nossos leitores esteja bem preparada para tudo que possa vir pela frente, porque não economizamos tempo de pesquisa e temas para aprofundar, cada vez mais, o conhecimento sobre si mesmo.

Assim, conhecendo-nos bem e enfrentando os desafios da Vida, sentimos aquele gosto doce e prolongado quando os superamos, mostrando, para nós mesmos, o quanto somos capazes de executar praticamente tudo que queremos. Sensação ótima, não é?

Acontece que, vez ou outra, esses gostos podem ser amargos e pungentes a ponto de nos “enjoar” ou fazer sofrer por bastante tempo, caso não consigamos superar os obstáculos. 

A Psicologia dá o nome de Derrota Social a este sentimento.

E esse banquete de hormônios: serotonina, endorfina, dopamina e ocitocina, ora trazendo Felicidade, ora uma Tristeza profunda, ficou explícito muito bem na música de Paulinho da Viola, “Perder ou Ganhar”:

Perdi mas uma vez

Agora quero prosseguir em paz

Tanto que falei, lutei

Mas obrigar jamais

Fazer o que eu fiz

Nem adianta contar

Tudo de bom pra você

Eu desejo porque

Sei perder e ganhar

E sabendo que podemos conseguir tudo que queremos, mas também podemos não conseguir, o tema de hoje irá fundo sobre o termo “Derrota Social” e os estudos que cercam essa vertente da Psicologia.

Para adicionar mais informações, antes de prosseguirmos no tema, lembro que segundo estudos recentes, cerca de 5,8% da população brasileira já é diagnosticada com sintomas depressivos. 

Esse é um número bem subnotificado, visto que, em pesquisa do Ibope, 63% dos brasileiros teriam vergonha de revelar esse diagnóstico ao seu círculo de conhecidos (familiares principalmente). 

E, infelizmente, em tempos de COVID-19, esse percentual disparou para cerca de 8% da população.

É bastante gente!

Depressão não é “mimimi” como muita gente diz por ai, mas estamos vendo esse estigma sendo quebrado aos poucos e nós queremos que, se você sente qualquer sinal de depressão (os quais você pode consultar nesse link) procure ajuda profissional, por favor. 

Porém, antes se seguirmos, gostaria de te avisar que pode ouvir este e outros conteúdos do nosso blog SANTO ANGELO no formato de podcast no Spotify, clicando na figura abaixo, ou então buscar (e seguir) por “Blog SANTO ANGELO” em qualquer outro agregador de Streaming.

Retomamos nosso tema com um desafio levinho para sua memória.

Tente lembrar daquele dia onde você ou sua banda fizeram uma apresentação incrível, público inteiramente junto com a vibe, equipamentos tinindo (tudo ligado com SANTO ANGELO, claro), som incrível, cachet muito bem pago e um retorno de visibilidade monstruoso. 

Se não passou ainda por uma situação dessas, pense em qualquer outro momento de extremo sucesso na sua carreira. 

Conseguiu?

Isso acontece pois, na estrutura cerebral, temos uma área chamada Hipocampo (não, não é o ser mitológico metade cavalo metade peixe) que, como uma de suas funções, auxilia no processamento de memórias e na rápida lembrança delas, ainda mais se existiu um fator emocional envolvido com ela. 

Agora tente relembrar, com minúcias, seu almoço da quarta feira passada. 

Bem mais difícil, não é? Exatamente por não ter carga emocional tão forte (apesar de que aquele arroz, feijão bem temperado, bife grelhado no ponto certo e batata frita crocante sempre darem água na boca) que fica difícil trazer detalhes mais acurados nessa lembrança.

Basicamente, se você seguiu minha recomendação de leitura nesse post e estiver dormindo o que deve para manter-se saudável, já sabe que: Memórias com sentimentos envolvidos ficam; Memórias mais corriqueiras, se vão.

Entendendo essa “mecânica” é coerente imaginar que lembranças que envolvam emoções ruins também fiquem na prateleira de fácil acesso do Hipocampo.

Em estudo atualíssimo, os pesquisadores Tian Rui Zhang, Amanda Larosa, Marie-Eve Di Raddo, Vanessa Wong, Alice S. Wong e Tak Pan Wong publicaram no Journal of Neuroscience de 18 de setembro de 2019 o estudo “Negative Memory Engrams in the Hippocampus Enhance the Susceptibility to Chronic Social Defeat Stress” (ou traduzindo o título imenso “Engramas de Memória Negativa no Hipocampo Aumenta a Suscetibilidade ao Estresse de Derrota Social Crônica”).

Explicando primeiro: Engramas. 

São redes de neurônios que se associam a uma memória específica.

 

Continuando a explicação dos termos: Derrota Social.

O termo é cunhado analisando a derrota de um animal perante outro e o que a comunidade em volta percebe do indivíduo, fazendo com que ele mude seu temperamento e personalidade. 

Obviamente, para nós, seres humanos, isso acaba tomando proporções bem maiores e traumáticas do que apenas nas altercações.

Mas pense por um minuto: você brigou no ensino médico com alguém. 

Se bateu e ganhou a briga, seu status entre os pares aumentou o que te deu mais confiança e segurança. Se perdeu, a mesma coisa acontece no sentido inverso, porém, te deixando com a visão de derrotado e fazendo com que você se afaste do grupo de colegas. 

Em ambos os casos, todos foram parar na diretoria para ouvir os sermões, certo?

No nosso cérebro, esse sentimento pode se manifestar também quando não conseguimos superar uma meta definida por outros ou mesmo desafios auto impostos, criando um sentimento de que não podemos, não conseguimos. 

Qualquer situação que envolva um pouco de hostilidade, como uma discussão ou mesmo olhares de reprovação e Haters, pode ser enquadrada na definição da Derrota Social.

Como cada indivíduo lida de forma diferente com suas memórias (ruins e boas) algumas pessoas lidam com muito mais tranquilidade com esse sentimento, entendendo que faz parte do jogo, os resultados não acontecerem. A reação imediata seria partir para outros desafios parecidos para realizar seus objetivos ou, até mesmo, abandonar totalmente aquele primeiro desafio que se propôs.

Não é demérito nenhum você se conhecer e entender seus limites para desistir de um desafio. Muito pelo contrário, é até saudável não vencer sempre, pois entenderá internamente onde você funciona melhor e onde não vale investir esforço futuramente.

Porém, sabemos que outras pessoas internalizam essa “derrota” quase que para sempre, tornando-se isso, um elemento estressor no sistema nervoso do indivíduo. 

E estão aí formados os Engramas Negativos que tomam conta do Hipocampo, entendeu?

A acumulação dessas redes neuronais em um único lugar (é sabido que não é só no Hipocampo que as memórias ficam, mas lá é um dos locais principais) sugere que, para os seres humanos, sintomas de Depressão comecem a se formar.

Entende-se que, se esse mecanismo funciona dessa forma, criando um “cluster” de memórias que interagem entre si e formando essa escalada depressiva, os pesquisadores também conseguiram observar que se conseguirem trazer as boas memórias para a superfície do Hipocampo, elas poderiam desequilibrar o jogo e retirar os sinais da “doença do século”.

Obviamente, toda essa conversa recai sobre uma hipótese nova que os cientistas propõem, que ainda precisa ser exaustivamente estudada e testada, para que cheguemos a conclusões mais objetivas e que possam, de fato, ajudar a quantidade enorme de pessoas que guarda esse sentimento de Derrota Social com mais facilidade.

Com tudo isso e mais a sua experiência de vida, perguntamos se consegue identificar essas situações e entender onde você se encaixa: entre os que superam ou os que remoem os maus resultados ou “derrotas”? 

Entendendo corretamente esse tipo de conhecimento, certamente você agregará muito ao seu dia a dia, ajudando-o muito em entender melhor os desafios e os desfechos que eles podem ou irão provocar. 

É óbvio que sempre queremos (e aqui do lado da SANTO ANGELO, tem torcida o tempo todo) que os desafios funcionem para te levar à frente, deem certo e que sejam superados, mas se não rolar, você também esteja preparado para aprender com isso e continuar seguindo sua vida com Saúde e Felicidade.

É nesse momento que pedimos de todo nosso coração e cérebro: compartilhe suas experiências felizes e “infelizes” com a gente.

Já enfrentou situações desafiadoras que não conseguiu superar? Como fez para contorná-la? E se desistiu, qual aprendizado isso trouxe para sua motivação de seguir em frente?

O mercado musical se movimentando mais amplamente, e não só pensando em crossovers, parcerias, composições e música e dando espaço para outras áreas do conhecimento, pode se beneficiar como um todo de profissionais mais saudáveis e preparados para adversidades e, obviamente, mais próximos de suas realizações.

Ative seus Engramas positivos e some a esse Hipocampo cibernético de conhecimento acessível suas experiências, suas impressões e ajude, se puder e sentir-se preparado para isso, aqueles que clamam silenciosamente por uma mãozinha para clarear suas memórias e integrar às redes de pessoas com mentes mais saudáveis e carreiras mais promissoras.

Certo de que nos encontraremos, relembrando bons conhecimentos e aprendendo novos que se fixarão em nosso cérebro, na semana que vem, nos despedimos calorosamente.

Um abraço.

Dan Souza (IG: @danhisa) é músico, podcaster (IG: @somnascentepod), profissional de Marketing, Relações Artísticas, Branded Content e Music Business, formado pela UNINOVE.

 

TRILHA

Podcast:

Effects: Activision, BBC, Fox, Globo, Televisa, Yooutube (Arquivo CC)
Music: “S” de SID, “Perder e Ganhar” de Paulinho da Viola, “MUSIC” de SID,  “Loser” de 3 Doors Down, “Loser” de Beck, “The Kids Aren’t Alright” de The Offspring, “Ursinho Pimpão” de Simony  & “The Next Level” de Bass and Drums
Opening by: SID

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