Reabertura dos templos durante a Pandemia

Olá querida leitora e estimado leitor do blog da SANTO ANGELO, tudo bom com você?

Antes de entrarmos na metafísica da Fé, queria fazer um pequeno retrospecto dos assuntos laicos abordados aqui no blog SANTO ANGELO, começando pelos conceitos corporativos do Mundo VUCA aplicados ao Mundo da Música, que você relembra acessando esse link aqui para descobrir, um pouco mais, sobre como fomos tremendamente afetados pela Volatilidade, Incertezas, Complexidade e Ambiguidade trazidas pela Pandemia da COVID-19.

Também já falei sobre o que alguns músicos profissionais têm feito durante essa quarentena dobrada – já se passaram mais de 80 dias – sobre como o EAD tem contribuído para que eles continuem ensinando Música.

Além desses, outros profissionais da Música têm criado soluções online para bares e casas de show que tiveram seu core business interrompido devido ao isolamento e já se preparam para uma retomada tímida devido à inevitável falta de confiança do público consumidor.

Entretanto, apesar de ter abordado bastante sobre quem “lucra” com o Music Business, hoje abordarei as atividades que não necessariamente geram receita monetária com a Música, mas a utilizam como uma forma de evangelização, de união religiosa e, porque não dizer, de Fé.

Portanto, hoje é dia dos músicos cristão e seu ministério nas igrejas.

Aliás, você sabe a diferença entre Igreja e Templo? Igreja (1) de acordo com o Dicionário Priberam, pode ter vários significados, porém, quero utilizar o de “conjunto de fiéis de uma religião”. Já Templo (2) é o local físico onde tais conjuntos de fiéis são reunidos.

Lembrando que, ao invés de ler, você também pode escutar esse conteúdo, em casa ou se tiver que sair, na rua, ônibus ou carro – sempre usando seu kit de máscara e Álcool em gel – no formato de podcast, no Spotify do player abaixo ou buscando por BLOG SANTO ANGELO em seu agregador favorito.

Aproveite também, se a viagem demorar, para “maratonar” todos os episódios anteriores e relembrar os conceitos laicos que citarei anteriormente.

Devido à falta de maior conhecimento sobre o novo coronavírus e à rápida contaminação pelas vias respiratórias, as autoridades sanitárias brasileiras, seguindo orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) decretaram a proibição das aglomerações públicas, ou seja, obrigou o fechamento de grande parte dos estabelecimentos que reuniam as pessoas.

Dessa forma, templos, mesquitas, terreiros e outros locais de reuniões religiosas acabaram passando o trinco em suas acolhedoras portas, desafiando seus dirigentes a repensar em como manteriam suas missões de fé.

Quero fazer um breve disclaimer (3): apesar de não ser considerado por organizações de saúde como um serviço essencial, sabemos que para muitas pessoas no Brasil, praticar uma religião é fundamental para socializar-se, além de manter a própria saúde física, mental e espiritual.

Assim, mesmo com o distanciamento social decretado, tanto os dirigentes religiosos quanto os fiéis entenderam que o credo poderia ser continuado em casa e, com as adaptações das emissoras de TV aberta, a cabo e das plataformas de compartilhamento de LIVE’s, outras pessoas do mesmo credo poderiam ser reunidas de maneira virtual e online, estando cada uma em suas respectivas casas.

Assim, a Música Cristã, tradicional ou contemporânea, sempre presente nas Igrejas e templos, tem se mantido também nos cultos virtuais, mas essa centralização fez diminuir muito a participação dos milhares de músicos cristãos, antes presentes nos cultos diários dos templos espalhados pelo Brasil.

Para trazer a realidade desses músicos e professores, muitos assíduos leitores do nosso blog ou participantes das redes sociais da SANTO ANGELO, fui atrás de experiências que poderiam agregar às transformações futuras das carreiras, trazendo ideias novas para que não desistam e continuem propagando o que acreditam.

Se você for um deles, continue comigo e depois comente se também passou ou continua passado pelas experiências que serão mencionadas a seguir.

Desde já, agradeço ao Abner Borba, à Carol Rudic, ao Denis Silva, ao Ébano Santos, ao Japa Pironi, à Ju Hoffmann e ao Roberto Rodrigues por me ajudarem com suas vivências e suas percepções na concepção deste texto. Muito obrigado de coração a todos vocês.

Entenda, primeiramente, que os contextos de cada Igreja ou religião são diferentes nos quesitos musicais e, por isso, cada um dos nossos leitores deverá adaptá-los a sua realidade.

Leve também, em consideração, que o tamanho do local de reuniões difere um do outro, se é utilizado continuamente e o quão grande é o grupo de pessoas que será reunido, tanto os que executarão as músicas quanto os que assistirão.

Um dos cases que me chamou a atenção é o do Roberto Rodrigues. A estrutura física do templo deles é bem robusta: capacidade para 3.000 pessoas, palco grande, uma certa setorização dos departamentos – inclusive o de aulas de Música – e boa conexão de internet.

Esse panorama faz com que a igreja do Roberto consiga “reunir” os músicos e transmitir os cultos da Igreja via internet para os frequentadores. Os músicos do palco – quatro, no total – respeitam as distâncias sugeridas pela OMS e pelo Ministério da Saúde, todos têm acesso à álcool em gel para higienização das mãos e usam devidamente suas máscaras.

Portanto, o risco de contágio é muito reduzido com essas precauções e eles conseguem manter o cotidiano da igreja. A equipe que acompanha também é reduzida e respeita os mesmos pré-requisitos.

Outro ponto interessante é que, assim como já falamos nos posts anteriores, o ensino musical da igreja migrou 100% para o online. Tecnologia está aí para ser usada.

Ainda no terreno das religiões que utilizam “bandas elétricas” o Denis Silva e o Japa Pironi relataram que o uso das mídias sociais tem se intensificado nos cultos.

As ferramentas facilitadoras de live do Instagram, Facebook e Youtube – que já mencionamos nesse post aqui – estão à todo o vapor tanto para quem transmite quanto para quem assiste, uma vez que os próprios aplicativos têm investido tempo e desenvolvimento em tornar essas ferramentas mais acessíveis e funcionais.

Com o crescimento do acesso às lives, o Instagram tem focado em soluções que tornem mais perenes essas experiências de 24 horas. Eles estão testando, desde 19 de maio de 2020, um recurso para salvar as lives no IGTV do perfil.

É uma mensagem direta ao Youtube, que já faz isso desde sempre, que os conteúdos verticais e móveis também ficarão para sempre acessíveis. Caso queira aprender mais, acesse esse link.

Além do uso dos recursos tecnológicos, eles informam que os cultos também estão sendo feitos por pastor, cantora e playback, todos de suas casas devidamente protegidos, tendo em vista essa formação reduzida e funcional para os dias onde a banda não está disponível.

Em mais um exemplo de banda, mas agora sem pedais e amplificadores, a Igreja Congregação Cristã do Brasil, como relata a Carol Rudic, conta com uma orquestra.

Nesse formato, que já é de grandes proporções, a solução proposta foi diminuir o número de músicos, para que se respeitem as distâncias seguras e fazer a gravação de um único culto diário que, depois, é transmitido online.

Diminui-se o tempo de exposição, e na hora da transmissão, todos já estão seguros em casa.

Apesar de todos esses exemplos serem focados em religiões judaico-cristãs, também encontrei o uso dessas ferramentas nos centros de Umbanda, que seguem religiões de matriz africana e usam a Música mais de maneira acústica, com violão, instrumentos de percussão e cantos em coro.

A Associação Espiritualista Terreiro Pena Vermelha, que pertence à Umbanda, da qual a Ju Hoffmann é integrante, realiza duas sintonias diárias – para eles, é uma lei universal que o ser humano busca, uma atração por seus semelhantes.

Nesse período acontecem orações e músicas feitas com voz e violão pela própria Mãe de Santo que realiza a sintonia, alocada em sua própria residência e transmite, via live pelo Facebook para todos que quiserem assistir. O formato é bem inclusivo, pois qualquer pessoa pode acompanhar o ritual, independente de pertencer à Umbanda ou não.

O que eu imagino que esses formatos se estendam para outras religiões também, dado que as plataformas que transmitem essas lives são democráticas e abertas.

Lembrando que a Música é universal, nem ser Teísta nem Ateia, vejo que podemos nos aproveitar das experiências de todos esses músicos, independentemente delas acontecerem em um grande templo cristão ou em um pequeno terreiro de Candomblé.

Essa alteração da rotina das práticas religiosas protege a todos que integram esses grupos e arrisco dizer que boa parte dessas novas tecnologias devem ser adotadas nos cenários futuros que estão chamando de Novo Normal – só eu acho esse termo bem ruim?

De fato, a partir de junho de 2020, baseados no Decreto Lei No. 10.282 de 30/03/2020, muitos municípios e estados brasileiros permitiram, ou estão permitindo a abertura dos templos religiosos sob determinadas restrições de higiene e acesso de fiéis aos cultos diários, mesmo com a curva de mortes e contaminados pelo COVID-19 ainda apresentando sinais de que ainda não chegamos aos níveis máximos.

No dia que encerrei esse texto, 13/06/2020, segundo o site https://covid.saude.gov.br/ do Ministério da Saúde, o Brasil contava com 850.514 casos confirmados e 42.720 óbitos acumulados. Só não insiro as curvas, nem os mapas com os estados mais atingidos porque, certamente, serão piores no dia que você ler esse post devido às atualizações diárias.

Músicos, assim como pastores, padres, médiuns e demais servidores religiosos são os grupos que mais estarão expostos à contaminação pelo COVID-19 durante os cultos, mesmo com todas as precauções que venham a ser tomadas.

Por isso, independente de qual seja a sua fé, peço encarecidamente que não escute líderes religiosos que colocam suas “verdades” acima da realidade do mundo, incitando seus fiéis a desprezarem a medidas restritivas sugeridas pelas autoridades sanitárias e se exporem à riscos desnecessários.

Assim como a Música, não estou sendo Teísta ou Ateu nesses comentários.

Deem valor àqueles que propagam a fé de forma saudável e protetiva, visando o bem estar de todas as pessoas e famílias envolvidas no cotidiano de uma igreja, mesquita ou terreiro.

Tão importante quanto usar máscaras, lavar as mãos várias vezes ao dia, distanciar-se dos outros músicos e pessoas, higienizar seu instrumento musical de maneira correta, mantendo a sua alma, espírito ou verve apoiada em seu credo religioso, só contribui para que esse período passe com mais rapidez e segurança.

Afinal, como expliquei no início desse post, qualquer Igreja, por definição, é a reunião de pessoas que se apoiam mutuamente em servir e adorar a Deus em plenitude e Paz.

Manter esse conceito contribui para o Bem da nossa sociedade como um todo.

Agora conte para todos nós: o que tem visto de diferente na igreja que frequenta ou conhece nesse período? As pessoas se adaptaram bem e continuam cantando juntos os hinos e músicas da sua igreja? Caso você seja um músico atuante em sua igreja, os demais músicos, técnicos de som e luz têm tomado o devido cuidado frente à pandemia?

Se gostou de tudo o que leu, compartilhe esse post e também divida suas experiências conosco e com quem lê e acompanha o blog SANTO ANGELO para que possamos tirar boas ideias e continuar, cada um com sua doutrina e convicção, a ter esse apoio espiritual e emocional através da fé transmitida pela música.

Espero ver todos bem, tranquilos e saudáveis na próxima semana

Um grande abraço!

 

 

Dan Souza (IG: @danhisa) é músico e profissional de Marketing, Relações Artísticas, Branded Content e Music Business, formado pela UNINOVE.

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