Como timbres são criados e perdidos?
Parece mágica! Muitos estudiosos já perderam horas de sono procurando respostas, mas tudo continua um mistério. Será que é divino ou mundano? Vem de dentro ou de fora? E tenho certeza que quando você leu o título , algumas dessas perguntas vieram à sua cabeça, seguidas, provavelmente dessa resposta:
É obvio que vem do captador!
Falar do timbre é uma coisa muito comum entre músicos, principalmente guitarristas, e a discussão do que realmente influencia é motivo de perda de fortes e antigas amizades. Isso faz mais pelo timbre, aquilo faz menos, isso não importa são conclusões muito comuns. Mas onde queremos chegar?
Nosso objetivo é que você imagine que não é uma peça que muda tudo, mas sim, um conjunto.
A definição de timbre é a qualidade que distingue sons de mesma altura e intensidade, originados por emissores distintos, resultante da combinação dos sons harmônicos presentes e de suas intensidades relativas ao som fundamental. Parece filosofia, não é?
Mas é bem simples: é onde você reconhece que a guitarra e o baixo soam únicos.
Até ai, ok! O problema é quando dois instrumentos “iguais” soam diferentes. Imaginemos duas Stratos exatamente iguais em sua construção, com os mesmos captadores, mesmas pontes, mesma pintura, porém, equipadas com encordoamentos de calibres diferentes. Pronto, elas soarão diferentes.
Coloquemos as mesmas cordas em ambas e deixemos uma delas nas mãos do Jeff Beck e outra nas mãos do Eric Clapton. Ou se preferir, 2 alunos de um mesmo professor de guitarra. Lá vão elas soar diferente novamente.
Tudo isso mostra o quanto cada peça conta na formação de um timbre.
Aqui no blog, já falamos sobre a importância de nuts, saddles, pontes, madeira, captadores, pintura e cordas. Também falamos de amplificadores, solid state ou valvulado (e eles variam, 6L6, 12AX7 e assim por diante). Se pensarmos em vocalistas, até o seu peso e formato do corpo influenciam (tem até uma galera que acha que o seu corpo influencia na vibração de um instrumento musical, alterando microscopicamente o timbre). E nem falamos da pegada, que muda bastante o som que resultará para os ouvidos das pessoas.
E nessa pegada que lembramos à você de algo que fazemos muito bem: cabos e conectores.
Sabemos muito bem que o sonho de muitos guitarristas está na guitarra do Slash e nos amplificados do Eddie Van Halen. Mas da mesma forma que timbres são criados por um conjunto de variáveis, eles podem ser perdidos nos cabos e conectores. Ou seja, o que adianta termos tudo de melhor que nosso dinheiro pode comprar se não ligarmos devidamente um no outro? Por isso estudamos tanto sobre cabos e conectores.
A perfeita mistura de materiais, com ligas de Cobre e bitolas diferentes, dielétrico (aquele plástico transparente que envolve o condutor interno dos cabos) de vários diâmetros e matérias primas, além da capa de PVC de alta qualidade para durar, são variáveis importantes na hora de se definir um cabo para instrumento musical.
Também os conectores P10 (ou TS Phone Plugs, como os gringos chamam) com seus diferentes formatos, acabamentos e tipos de componentes são variáveis importantes no resultado final, quando buscamos privilegiar determinadas faixas de Frequências. Ou você acha que qualquer plug chinês vai te proporcionar o mesmo resultado? OK, você pode até saber que não, mas muitos concorrentes da SANTO ANGELO acham que sim.
Alguns dos nossos leitores poderão perguntar: mas a SANTO ANGELO também não copiou os modelos importados de cabos para guitarras?
Mas antes de responder, queria relembrar a história de um instrumento bem diferente já contada aqui no blog.
Você sabe quem são os GBistas? Sabe o que é Gbesar? E a Telequinha, conhece? Tá achando que a gente está falando grego? Calma, esse é nada mais nada menos do que o linguajar usado pelos aficionados na Guitarra Baiana! Ah, e saiba que para eles a guitarra convencional, que provavelmente você toca, é mais conhecida com ‘guitarrona’, ok? É, meus amigos, esse enorme continente chamado Brasil pode nos surpreender a qualquer momento.
Vamos entender um pouco mais desse universo.
Com linguagem, timbre e estilo próprios, a guitarra baiana tem seus contornos muito particulares, que pode até soar pouco íntimo para os adeptos da ‘guitarrona’, ops, da guitarra convencional.
A GB, como é muitas vezes mencionada, assim, simplesmente pela sigla, é um grande trunfo da Música brasileira, uma contribuinte sem a qual o Carnaval provavelmente não teria abraçado o som gerado a partir da eletricidade!
Os luthiers especializados em construir GBs desenvolvem projetos super característicos e singulares e, por isso, quem se interessa pelo instrumento pode encontrar os mais variados tipos. A guitarra baiana original tem quatro cordas, mas, há quem construa modelos com cinco. Os modelos levam nomes que os adeptos da ‘guitarrona’ rapidamente podem fazer a relação, como Mandotelle e Telleca.
Assim, a Guitarra Baiana, que lembra a guitarra elétrica convencional, pode ser considerada uma construção muito mais atual em relação ao passado seminal do instrumento. Sua criação remete a um parentesco próximo ao Bandolim e ao Cavaquinho, tanto que no início era chamada de Cavaquinho Elétrico e, mais tarde, Pau Elétrico.
Longe de ser uma imitação ou um protótipo da guitarra, o surgimento da GB remete aos anos 1940 no Brasil, onde tudo indica que evoluiu paralelamente aos esforços que também vinham sendo feitos pelos construtores de guitarras nos Estados Unidos, como Les Paul e Leo Fender. Na Física Quântica poderia dizer-se que eram ideias semelhantes coexistindo em vários lugares ao mesmo tempo.
Na década de 1990, o luthier sergipano Elifas Santana, responsável pela criação das guitarras baianas de Armandinho e de Luiz Caldas, adaptou um sistema de ponte flutuante (Floyd Rose) nestes instrumentos. Se quiser saber mais, clique aqui e continue seu estudo.
Voltando à pergunta sobre copiarmos cabos de outras empresas internacionais, qual delas você conhece que tem um cabo específico para a Guitarra Baiana?
Como somos fabricantes de cabos especiais e também de plugs P10 desde 1979, totalmente dedicados ao mercado da Musica, certamente deve concordar que temos uma baita experiência em combinar matérias primas, equipamentos modernos, processos, laboratórios e leis físicas para criar nossos próprios produtos, certo?
Como assim? Vocês têm uma “receita gourmet” para cada instrumento?
Isso mesmo. Nossa experiência possibilita-nos construir cabos especiais e dedicados, capazes de realçar ou atenuar frequências diferentes de instrumentos específicos. Assim, já que você já sabe tudo sobre a guitarra baiana, vou contar a história do cabo African GB.
Primeiro, analisemos o instrumento: a “guitarrinha” é idêntica à sua irmã maior, porém, com menos corpo (madeira), ou seja, não consegue gerar frequências tão graves. Pelo comprimento das cordas, também sabemos que seus sons são mais médio-agudos e agudos, certo? Por isso, a construção do cabo foi feita para equilibrar e favorecer com precisão essas frequências, para que o som não saísse estridente demais ou de menos.
Mas não só os testes de laboratório foram importantes na definição dos protótipos: faltava a opinião de quem toca: os músicos. Usuários de GB’s como Luciano Magno, Jonathan Raphael e o próprio Elifas Santana foram “presenteados” com amostras e aprovaram o cabo que mostrou um timbre diferente para elas, trazendo um pouco mais de identidade à esse instrumento tipicamente “brazuca”. No futuro, contaremos outras histórias de cabos que inovamos e desenvolvemos para instrumentos e músicos endorsees.
Votando ao tema do post, concluímos que são muitos os pontos a se pensar quando falamos de timbre, mas a máxima é:
Faça testes e escolha o que te agradar mais.
Às vezes, uma combinação inusitada de guitarra, cabos (já pensou um African GB em uma Les Paul?), amplificadores e captadores pode trazer um timbre que você nunca iria esperar e que combine perfeitamente com a sua identidade musical. Mas atenção, não vá perder o timbre devido aos cabos cópias da SANTO ANGELO, combinado?
Discutam conosco aqui no blog sobre seus timbres, como vocês os encontraram e como se sentiram após achá-los. Queremos saber e ouvir vocês.
Até a próxima!
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Dan Souza é CMO, Relações Artísticas, fissurado em tecnologia e música, além de baixista nas horas vagas e apaixonado por Publicidade, Propaganda, Literatura e Filosofia. Formado em Marketing pela UNINOVE/SP, faz parte, desde 2013, da equipe de Marketing SANTO ANGELO.